Funcionários afirmam terem pago instalação de ventiladores no Elevador Lacerda

O mal-estar causado pelo calor que aflinge, diariamente, os passageiros que utilizam o Elevador Lacerda, no Comércio, não se aproxima do que os funcionários do equipamento sofrem durante as horas de trabalho. E por isso, cada um desembolsou R$ 10 para, juntos, comprar quatro pequenos ventiladores para as cabines.

A denúncia foi feita ao BNews pelos próprios empregados do Elevador, administrado pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), durante visita da equipe de reportagem ao local, na tarde desta quinta-feira (2). "A gente tirou do nosso próprio bolso. Mas já tá até quebrado", revelou um funcionário que não quis se identificar.

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A reportagem entrou em contato com o titular da Semob, Fábio Motta, que negou a afirmação. Primeiramente, o secretário afirmou que todos os ventiladores foram comprados pela prefeitura. Porém, ao final da conversa, disse que desconhecia a existência dos quatro ventiladores menores, localizados dentro das cabines, para amenizar o calor dos ascensoristas.

"Instalamos dois ventiladores lá embaixo, na parte do Mercado Modelo. Instalamos em todos os planos inclinados, todas as cabines. [...] Foram compra única", afirmou o secretário, se referindo aos ventiladores maiores, localizados fora das cabines. A compra e instalação pela prefeitura desses equipamentos não foram questionados pela reportagem.

A Semob está em fase licitatória para instalação de ares-condicionados na parte de embarque e desembarque do Elevador, na região próxima ao Mercado Modelo. Motta, inclusive, afirmou que há esses mesmos equipamentos dentro das cabines. "As cabines do elevador tem ares-condicionados. Pode tá com defeito, mas tem ar-condicionado", disse.

"Calor infernal"

O produtor cultural Geraldo Badá, de 60 anos, conta que sente-se triste com a atual condição do equipamento municipal. "Eu acho um absurdo esse cartão postal. Os funcionários pegar um ventilador, amarrar de corda. É feio. Um calor infernal!", desabafou.

Jocielia Vieira, 19, compartilha da agonia de Geraldo. Ela trouxe a amiga, turista do interior do estado, para conhecer o Elevador Lacerda. "O meu medo seria que se algum deles parasse algum dia, ficaria muito sufocado. Seria legal ter algo pra amenizar mais isso". Quando soube que os funcionários do Elevador afirmam terem pago pelos ventiladores menores nas cabines, ela se assusta. "Caramba".

Em fevereiro último, o BNews produziu uma série especial de matérias intitulada "Turismo em Crise". Em uma das reportagens, os problemas relacionados ao uso do Elevador Lacerda foram expostos pela equipe.

Na entrada do equipamento, por exemplo, é possível ver placas do  teto de vidro estilhaçados. Questionada se havia perigo para os soteropolitanos e turistas que passam pelo local, a Semob negou e afirmou que o vidro é laminado e temperado e não existe risco de cair estilhaços.

Em relação ao calor e falta de ventilação, a secretaria explicou à época que está sendo elaborado o projeto para o sistema de climatização das cabines e também para futura licitação de climatização das áreas de circulação.

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