Salvador

Prefeitura vai incorporar estrutura encontrada ao projeto de pavimentação da praça Castro Alves

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Secretário Cláudio Tinoco diz que não há possibilidade de manter projeto original que cobriria resquício arqueológico, que pode pertencer ao antigo Teatro São João   |   Bnews - Divulgação Roberto Viana/ BNews

Publicado em 26/12/2019, às 16h38   Luiz Felipe Fernandez


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O secretário de Cultura e Turismo, Cláudio Tinoco, afirmou que a Prefeitura de Salvador vai incorporar a estrutura encontrada debaixo do solo da Praça Castro Alves, apontada por historiadores como parte do antigo Teatro São João.  

Segundo o secretário, não existe mais a possibilidade de manter o projeto original de pavimentação da praça, que cobriria a área onde foram identificados resquícios arquológicos bastante preservados.

"Não tem mais essa possibilidade [de pavimentação]. A decisão do prefeito é de nós incorporarmos essa estrutura no projeto de requalificação. E mais do que incorporar fisicamente, é incorporar do ponto de vista ocupacional", defendeu Tinoco. "Seja vinculado ou não ao Teatro São João, a gente precisa trazer essa estrutura para o presente, para o espaço do poeta", completou.

Há pouco mais de dois meses do Carnaval de 2020, este trecho da Praça Castro Alves será isolado durante a folia. A pesquisa técnica deste e de outros artefatos encontrados deve ser divulgada entre 15 e 30 dias, de acordo com secretário.

O prazo inicialmente estabelecido pela Prefeitura para a conclusão da pavimentação da praça, portanto, será adiado. Mais cedo, o prefeito ACM Neto garantiu a continuidade da obra de requalificação na praça do poeta.

"A gente vai revisar o planejamento de obra. Mas com essa decisão a gente deve ter esse trecho aqui isolado para o período do carnaval. Como é um espaço relativamente pequeno, uns 200 metros quadrados, acho que não haverá prejuízo. Isso vai ser detalhado em um planejamento a partir da conclusão do levantamento técnico, que será concluído até a próxima semana", explicou.

Superintendente do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Bruno Tavares explica que o caso não é tratado como uma "descoberta", já que houve um planejamento feito "anos atrás" com um georadar, que identificou a existência dessas estruturas, evidenciadas pela abertura do espaço por arqueólogos. 

"Todas intervenções ocorridas dentro área do Centro Histórico, elas já contam e já contaram com o acompanhamento arquilógico devido, ele é iniciado antes mesmo da execução de qualquer obra no lugar, isso faz parte do contrato das empresas que estão fazendo serviço com a prefeitura", disse Bruno.

O procedimento padrão, segundo o superintendente, é identificar a estrutura, catalogá-la, e, por fim, decidir pela incorporação ou não ao projeto.

"Então o que é feito é identificar, catalogar e por vezes acontece de existir um potencial para incorporar esses elementos ao projeto, que é o que me parece que será feito", explica.

Contratado pela prefeitura, o arqueólogo Cláudio César Silva esclarece que por meio do georadar, foi identificada uma "concentração" maior de "estruturas" naquela área da Praça Castro Alves. A partir daí foi delimitado o espaço para a análise. Além do que parece ser a parte do Teatro São João, destruído por um incêndio em 1923, no local também foram achados materiais de cerâmica e vidro.

"A estrutura a gente detectou já tem um mês. Nessas fundações, a gente localizou uma concentração de estruturas, uma área com maior potencial. A partir disso a gente veio fazer a delimitação e identificação dessa área, estamos estudando, nao dá pra afirmar, mas encontramos fragmentos também de cerâmica e vidro. Vamos estudar as camadas, para gente saber a data disso", reforça.

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