Salvador

Patrimônio histórico: 59 casarões desabaram em Salvador nos últimos oito anos

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Deste número, 16 caíram totalmente e outros 43 de forma parcial - entre eles, o que interditou a Ladeira da Montanha na semana passada  |   Bnews - Divulgação Dinaldo Silva/Bnews

Publicado em 24/08/2020, às 10h16   Redação BNews



Nos últimos oito anos, 59 casarões desabaram em Salvador, segundo dados da Codesal. Deste número, 16 caíram totalmente e outros 43 de forma parcial - entre eles, o que interditou a Ladeira da Montanha na semana passada. Outros dez desmoronaram só este ano.

 A pasta registrou, de 2013 para cá, 2.555 desabamentos de imóveis, entre os quais 1.353 foram totais e 1.202 parciais. Os números representam 319 desabamentos totais ou parciais por ano.

Segundo a Codesal, na maioria dos casos de desabamento dessas estruturas, a prefeitura arca com os custos da demolição, visto que os proprietários alegam hipossuficiência ou não são identificados.

“As principais causas de desabamento desses casarões no Centro Antigo são a condição de abandono do imóvel, a falta de manutenção e a ação do tempo. Muitos sofrem com o vandalismo e são ocupados de maneira irregular e têm elementos decorativos furtados, como madeiras e telhas. Essas ações potencializam a ocorrência de incêndios e a degradação”, afirma Sosthenes Macêdo, diretor da Codesal.

O órgão alega dificuldades para identificar os proprietários. A busca é feita por informações de donos de edificações vizinhas, pela base de dados da Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz) e por informações do Iphan. Cabe ao Instituto a autuação, aplicação de multas e demais medidas administrativas e judiciais contra os proprietários que não realizarem a correta manutenção e preservação do imóvel.

Sosthenes afirma que a prefeitura tem feito vistorias diárias nos casarões de Salvador, observando o risco de desabamento desses imóveis e orientando os moradores daqueles que oferecem risco de desabamento a deixar o local. Dos 1.295 imóveis vistoriados e cadastrados pela Codesal por meio do Projeto Casarões, 131 possuem risco muito alto de desabamento ou incêndio e outros 273 têm risco alto.

A maioria dos casarões com risco de desabamento é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), portanto o município depende da autorização desses órgãos para fazer a demolição.

Nos casos em que é constatado o risco iminente, além de orientar o morador a deixar o imóvel, a prefeitura tenta localizar o proprietário. Quando o proprietário não é identificado ou afirma não ter condições de fazer a manutenção, a Codesal pede autorização dos órgãos tombadores (Iphan e Ipac) para a demolição. Se a demolição for feita pelo município, 30% das custas são cobrados ao proprietário quando identificado.

Um projeto desenvolvido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) - o Revitalizar -, segundo a pasta, busca promover o desenvolvimento, revitalização e ocupação da região do Centro Histórico.

De acordo com a gestão municipal, outro projeto está sendo desenvolvido pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF) para que alguns prédios do Comércio sejam recuperados e sirvam de moradias para servidores públicos municipais.

Ao todo, 117 imóveis ociosos ou subutilizados já foram catalogados na região. Os estudos apontam que, recuperados, esses imóveis poderão abrigar 822 apartamentos que serão vendidos aos servidores com parte do valor subsidiado.

Há também imóveis antigos que passam por reforma, a exemplo do Casarão dos Azulejos Azuis, que estava prestes a cair e agora vai abrigar o Museu da Música, na Praça Cairu. Além disso, 80% das secretarias e órgãos do município já foram transferidos para o Comércio e intervenções artísticas e urbanísticas foram planejadas para as ruas do bairro, outra ação que ajuda a preservar os casarões.

Classificação Indicativa: Livre

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