Salvador

Em meio à pandemia, professores tentam se adaptar ao novo método de ensino

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No dia dos professores, vale lembrar o quanto esses educadores são de extrema importância   |   Bnews - Divulgação Reprodução / Redes Sociais

Publicado em 15/10/2020, às 13h00   Brenda Viana


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Do presencial, ao virtual. Das salas de aula, para as salas de videochamada. Assim estão os dias dos professores no mundo inteiro há sete meses devido a pandemia do novo coronavírus, uma das maiores crises de saúde. Em várias cidades, prefeitos e governadores suspenderam as aulas presenciais no meado de março e assim permanecem. Com isso, professores tiveram de se adaptar ao novo normal da tecnologia, as aulas online. Ao contrário do que muitos pensam, as aulas online não são iguais à EaD, visto que o ensino à distância já estão previamente gravadas, enquanto as online são ao vivo. 

Há 18 anos Vinicius das Neves, de 39 anos, leciona Química para alunos do ensino médio. O método lousa, pincel e olho no olho, teve de se transformar em câmeras desligadas e conversas por áudio pelo aplicativo do Google Meet. Ele conta que, no início, foi bastante dificultoso ter que aprender a usar ferramentas que não estava habituado. “De forma bem direta, você se adequa a usar essas ferramentas, o ser humano tem que se adaptar muito rápido” comenta. Ele nega que aula online seja prejudicial. “O método em si não é ruim. Presencialmente, claro que é melhor. Você não tem o controle de olhar no olho do aluno e saber a dúvida, isso faz falta.”

O educador, entretanto, diz que se sente privilegiado em ter todo suporte para trabalhar em casa durante a pandemia e explica que consegue arrancar a atenção dos alunos durante as aulas. “São aulas prazerosas, continuei lecionando do mesmo jeito que dava [presencialmente]. Mas, tenho artifícios eletrônicos, procurei criar métodos, também, nas aulas digitais. Tenho lousa, quadro digital. Meu objetivo foi prender a atenção do aluno virtualmente”. 

Em meio à pandemia, existem alunos que não tem acesso à internet em casa. Muitos deles dependiam do computador e a conexão que as escolas / universidades disponibilizavam, outros tem que dividir o aparelho com familiares. A professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda, Amanda Aouad, diz que as aulas gravadas nas universidades dão a possibilidade do aluno acompanhar a disciplina, mesmo quem não consiga assistir ao vivo. Já Vinícius fala que, apesar de dar aula em escolas particulares, ele se preocupa com isso. “Eu sei que não é a realidade do país. Somos minorias e são nessas horas que a gente fica triste como educador. Esse país é muito desigual” comenta indignado.

Em contrapartida, Amanda explica que não gostou desse novo normal, mas que se acostumou com a falta de interação dos alunos. “A adaptação até que não foi tão difícil quanto eu pensava. Fiquei com receio no início, mas fui lidando com uma coisa por vez. A falta de interação é mais complicado, pergunto se estão entendendo, faço enquete, puxo alguém pra falar”, comenta. Mas, a professora é enfática ao dizer que esse novo normal é fácil para transmitir os assuntos.  “Acho válido, sim. é possível passar o conhecimento e proporcionar algumas práticas. Lidar com o ambiente online exige outras funções. A sensação é estar trabalhando o triplo”, brinca. Ambos os professores seguem otimistas e esperam que a vacina chegue logo para que em breve tudo se normalize.   

De acordo com o Ministério da Educação, professores na Bahia ganham, em média, R$ 2.612. Um dos maiores salários no Brasil é o do estado do Maranhão, onde um educador ganha o equivalente a R$ 6.358,96. Em 2019, a ex-presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a pesquisadora Maria Inês Fini, especialista em educação, disse, em entrevista ao site UOL, que o salário do professor brasileiro da rede pública é “horrível” e que, além disso, as condições de trabalho são péssimas. Ainda segundo o MEC, o piso salarial dos profissionais da rede pública foi reajustado em 12,84% em 2020, saindo de R$ R$ 2.557,74 para R$ 2.886,24.  É de extrema importância lembrar que, sem os professores, não existe educação. O dia dos professores é essencial para refletir o quanto boa parte deles não ganham o suficiente e não são valorizados.

Classificação Indicativa: Livre

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