Salvador

'Grinchs soteropolitanos' comemoram cancelamento do Natal: 'Me livrei da uva passa e parente chato'

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Tia do 'namoradinho' e tio do 'pavê' não deixaram saudades  |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 24/12/2020, às 18h44   Gabriel Moura


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São João, 2 de Julho, shows em geral, jogos de futebol com torcida, entre outras aglomerações, deixaram de fazer parte de nossa rotina em 2020 por conta da pandemia, resultando num quadro de abstinência profunda de contato humano. Mas outra reunião que também terá de ser alterada foi uma boa notícia para parte dos baianos: o Natal.

Essa galera anti-natalina, tem a chamada Síndrome de Grinch, inspirada no personagem do cinema símbolo da rejeição ao Papai Noel e outros elementos do feriado. Na ficção, o ódio da criatura verde começou por causa do bullying que sofria dos amigos, no caso do estudante J.C, 21, quem pirraçava eram os parentes.

"Como tenho uma família grande, com bastante primos da minha idade, sempre tinha uma comparação entre nós - nas quais eu saia pior sempre. Criança eu ganhava os piores presentes, pois meus pais têm menos dinheiro que o resto da família. Agora, adulto, tinha que ouvir meus tios comentando que tal primo passou em medicina enquanto eu estou fazendo um curso que eles não sabiam o nome - que no caso é Bacharelado Interdisciplinar", lembra.

Com a pandemia, o Natal da família do jovem foi cancelado. Para ele isso significa tanto uma fuga da festa em si, quanto dos comentários maldosos. "Finalmente vou ter um final de ano livre de parente chato e de comida com uva passa, que também é algo horrível desta época. Até que 2020 não está sendo tão ruim assim", brincou ele.

Reunião familiar também era um problema para Liz Almeida, 22. Quando criança ela ficava super ansiosa para o dia 24 de dezembro, mas no momento da celebração ela acabava se deparando com brigas, o que fez ela perder o espírito natalino.

"Depois de tanta frustação acabei deixando de gostar da festa. Sempre vendem o Natal como essa hora de reunir a família, de felicidade, onde todo mundo se ama. Mas a realidade passa longe disso. Sempre terminava os natais triste e insatisfeita pois aquela era uma data para supostamente celebrar o amor, e não brigar", analisa.

Em 2020 a celebração na casa de Liz será reduzida, com a participação somente das pessoas que ali moram, o que a deixou bem feliz. "Não lembro a última vez que estive tão ansiosa para um Natal quanto agora. A gente aqui de casa fez tudo voltado para gente, a ceia... Acabou juntando ainda mais a nossas família, eu, minha mãe, meu padrasto, meu irmão e minha prima", comemora.

Já para Marcela Mota, 23, o principal problema do Natal são os símbolos, como Papai Noel, a árvore e a comida. "A única parte boa era reunir a família mesmo", pondera. "Ainda assim nas ceias eu geralmente ficava como babá de meus primos para as pessoas mais velhas beberem em paz", lembra.

"Mas a pior coisa do Natal mesmo é aquela tia inconveniente, que some o ano inteiro e quando chega o dia 24 fica perguntando do 'namoradinho'. A pessoa não participa em nada de sua vida e chega no fim do ano e quer tirar o atraso em uma só noite. Um saco", critica.

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