Salvador

Volta às aulas: Diretor da APLB e médico pediátrico sinalizam necessidade de vistoriar escolas

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Dupla debateu a retomada na visão clínica e de educação   |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Youtube

Publicado em 27/04/2021, às 10h27   Redação BNews



O anúncio sobre a retomada das aulas presenciais em Salvador na próxima segunda-feira (03) acendeu um debate com divergências entre pais de alunos, categoria dos trabalhadores da educação e comunidade médica. Em entrevista ao apresentador José Eduardo na Rádio Metrópole, nesta terça-feira (27), o diretor da Sindicato dos Professores (APLB) e o médico pediatra José Antônio Faria sinalizaram a necessidade de fiscalizar a aptidão em relação aos protocolos sanitários a serem seguidos pelas escolas antes do retorno das aulas presenciais. 

Confira o posicionamento de cada: 

Rui Oliveira 

O sindicalista afirma que a categoria não é a favor do retorno, o índice de reprovação chega a 97% dos 13 mil profissionais entrevistados na Bahia e que, em um ano de pandemia ,138 educadores vieram à óbito na capital em virtude do coronavírus. “Aconselho a visitarem as escolas municipais e estaduais, tem alguns locais que são 'tragédia anunciada' pelo índice de profissionais infectados”. 

Rui ressalta uma pesquisa realizada na manhã desta terça (27) por uma emissora local aponta que 81% do público participante votou pela não retomada. “Não sou médico, sou educador e a maioria das escolas públicas não tem nenhum protocolo de nível de segurança”. 

O professor alega ainda que as instituições federais, à exemplo da UFBA, 90% das atividades funcionam de forma remota e questiona porque não há a mesma oferta de infraestrutura por parte dos poderes públicos para que aconteça nas redes municipais e estaduais. Sobre isso o gestor, reforçou que as comparações feitas sobre a abertura de bares com escolas é um disparate muito grande, já que a qualidade para promover o retorno das atividades não existe. 

Oliveira cravou que não são os educadores os inimigos do desenvolvimento e medicina e sim, o presidente Jair Bolsonaro que desenvolve esse papel ao não seguir as diretrizes de distanciamento social e utilização de máscaras orientados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Questionado sobre a possibilidade de perder mais um ano letivo, ele disse que não pode se confundir com o ano civil. “Você vai recuperar a vida do professor que morreu? As vidas perdidas no geral? Pode sim ser pensado com ações por pessoas qualificadas que entendam de educação para reduzir os anos da área e remodelar o ano letivo futuramente”. 

José Antônio Farias 

O médico pediatra revelou sob a ótica da medicina, número comprobatórios sobre a infecção do vírus em crianças, no máximo 2% dos menores são contaminados e a chance de evoluir para um quadro agravado chega até 3%, índices bem menores comparados aos adultos. Farias salienta que não dá para ficar eternamente remoto, especialmente com a educação infantil que, pedagogicamente, não funciona com esse modelo à distância. 

Em consonância, com o diretor da APLB, Rui Oliveira, Farias afirma que as condições das escolas influenciam e sinaliza que deve ser fiscalizado quais as escolas estão aptas para o retorno com a disposição de espaço para lavagem das mãos, disposição de álcool gel, distanciamento e escalonamento entre as turmas. “A gente deve preparar o retorno e o papel da criança no panorama da doença é menor, com todas as readequações para minorar ao máximo o impacto do ano letivo, para isso é função do governo ditar as regras e ser o mais salutar possível”. 

O profissional da saúde revelou que pesquisas apontam uma perda de 8% na renda desses jovens quando entrarem no mercado de trabalho no futuro em detrimento do atraso a frequência presencial nas escolas. 

Em relação a saúde mental, é notório nos consultórios das equipes médicas a repercussão no desenvolvimento emocional da criança, à exemplo da falta de estímulo e que pode ser associada a falta da rotina escolar. Um trabalho norte-americano reforça a importância da convivência entre educadores e educandos na coibição de violência doméstica, já que as equipes escolares podem identificar esses abusos. 

Sobre a perspectiva de só voltar com todos vacinados com a estimativa para setembro, Farias enfatiza a prioridade da educação acima de bares abertos. “Modelo puramente online não funciona com todas as crianças, deve se implantar as regras sanitárias nesse momento inicial e retornar as aulas, é preciso ter um modelo, especialmente o de ensino híbrido para ser adotado”. 

O médico lamenta não ter vacina suficiente, porém ressalta inúmeras categorias da sociedade que atuam em suas atividades laborais até mesmo antes da perspectiva de chegada do imunizante. “Acho que a educação tem que dar sua força para melhorar a condição de nossas crianças e adolescentes”. 

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