E os negros, Shopping Barra?

Não sou, verdadeiramente, um policiador de comportamentos na linha dos tais politicamente corretos, de forma alguma. Guardo, no entanto, ou pelo menos procuro, ter bom senso nas questões associadas à cidadania aos comportamentos, de forma geral, dentro do respeito ao diverso. Foi assim que vi, com grande surpresa, quase uma página de publicidade do Shopping Barra no jornal com chamamento para “Celebre a Felicidade”, “Parada Encantada” com duas crianças brancas e suas carinhas felizes e gorro de Papai Noel. Lindas por sinal. Mas onde uma criança está negra?

A questão cinge, entendo, a sermos a cidade mais negra fora da África, tal referência não pode ser desconsiderada. Não descuido, por outro lado, de saber que se trata de uma empresa particular, que não guarda compromisso algum – em tese – de tentar, efetivamente, se inserir neste mundo tão plural do nosso país, em especial, de Salvador. Porém, precisamos avaliar a nossa posição pessoal, institucional e empresarial, em qualquer segmento, quanto ao trabalho que precisa ser incessante em gerarmos mais conforto emocional, e naturalmente social, àqueles que vivenciam, apesar de maioria, a indiferença dos seus pares humanos.

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A virtude é adquirida pelo hábito, pelo exercício da prática, do que elegemos como importantes para a nossa vida, para nosso comportamento. Disse Aristóteles. O empirista John Locke, séculos depois, afirmaria que não existem ideias inatas – tese de Decarte –  afirmava que  nascemos uma folha de papel em branco e que a experiência vai preenchendo. Dizia ainda o filósofo que o conhecimento  se produz em duas etapas: 1) a da sensação, proporcionada pelos sentidos, e 2) a da reflexão, que sistematiza o resultado das sensações. Vamos, então, refletir e gerar comportamentos sensatos, se não os temos, criemos o hábito pelo exercício.

*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal.