Salvador

Artesã com vitiligo denuncia preconceito em shopping de Salvador: 'Disse que eu tava contaminando as pessoas'; veja vídeo

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Artesã fez longo desabafo denunciando situação que aconteceu nesta terça (5)  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Instagram @negralu21

Publicado em 05/12/2023, às 18h22   Cadastrado por Victória Valentina


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A artesã Luciana Costa, conhecida como Negralu, de 50 anos, expôs nesta terça-feira (5) uma situação de racismo e preconceito que viveu em uma lanchonete no Salvador Shopping, na capital baiana, por ter vitiligo - doença caracterizada pela perda da coloração da pele. Segundo o relato, uma mulher questionou o motivo pelo qual ela "estava na rua, sem estar num tratamento".

Negralu conta, em vídeo, que estava tomando café no estabelecimento quando foi abordada por uma mulher "branca e muito bem vestida". "Ela chegou do meu lado e perguntou o que era que eu estava fazendo na rua, sem estar em um tratamento. Eu disse a ela que não entendi porque ela estava me perguntando isso, e ela disse 'contaminando as pessoas com essa doença, você não vai fazer um tratamento?'", desabafou.

"Eu disse a ela que eu não via o porquê eu precisava fazer um tratamento, porque eu estava feliz com quem eu sou, né? Porque eu não quis fazer tratamento nenhum, sou bem resolvida com meu vitiligo, mas eu também não estou aqui pra estar explicando a ninguém o porquê eu tenho ou o que é vitiligo", disse em vídeo.

Ao BNews, Negralu contou que ninguém a defendeu, somente o garçom do estabelecimento, que disse que a suspeita era "doente".

"Me senti envergonhada pela primeira vez. Tenho vitiligo desde 2006 e, obviamente, por ser uma doença autoimune, eu estou cada dia mais perdendo a minha pigmentação. Eu não posso mais lutar contra isso, só contra o preconceito das pessoas. Estou sofrendo muito, a dor é dilacerante. Não desejo isso pra ninguém. A vontade é de sumir, de evaporar", contou ao site.

O vitiligo é uma manifestação não contagiosa, autoimune e que pode ser causada por diversos fatores. Apesar de ainda não ter uma causa totalmente esclarecida, o surgimento pode estar associado a uma predisposição genética.

Embora não ofereça limitações físicas ou cognitivas, e nem seja transmitida de uma pessoa para outra, a desinformação e o preconceito contribuem para o estigma associado à condição.

Apesar do acontecido, Negralu afirmou que deseja entrar com uma ação contra a mulher, mas que não tem recursos para tal. 

"Eu não tenho problema nenhum em ter vitiligo. Mas quando vocês verem as pessoas na rua não olhem, não julguem, normalizem, por favor. É muito desagradável você entrar no ônibus e todo mundo te olhar. Eu não tenho nada a ver com com sua incapacidade de se instruir e eu não vou ficar ensinando e nem falando a todo mundo. Por favor, eduquem seus filhos a não ter medo das pessoas que têm vitiligo, a não destratar as pessoas que tem vitiligo. Eu não preciso de pena, eu preciso apenas que me olhe com normalização, sabe? Eu sou normal A minha condição é normal. Pode acontecer com qualquer pessoa", relatou.

Classificação Indicativa: Livre

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