Salvador
Publicado em 22/03/2024, às 22h16 Redação BNews
O estudante Arthur Cordeiro, de 19 anos, teve seu sonho de cursar gastronomia na Universidade Federal da Bahia (Ufba) interrompido. Isso porque, após se candidatar, fazer o processo seletivo e ser aprovado, teve sua autodeclaração para cotas raciais negadas. As informações são do jornal Correio.
"É uma profunda mistura de tristeza e indignação. Sou um jovem de pele parda, conforme a escala de tons de pele de Fitzpatrick, tenho cabelo encaracolado, nariz de base alargada e ponta arredondada. Encaro este processo como uma negação da minha identidade e existência", disse o jorvem.
Morador de Riachão do Jacuípe, o estudante saiu de sua cidade em 28 de fevereiro, até Salvador, para passar por uma avaliação presencial. Ele relatou ao site que a banca analisou se concordava com a declaração feita no momento da inscrição. Ele também tirou fotos de frente e lado, mas diz que não recebeu muitos comentários, além das instruções para o procedimento. No entanto, acabou tendo o pedido de cota indeferido duas vezes.
Ao Correio, a Ufba disse que não iria se manifestar sobre o caso, e afirmou que a análise dos candidatos é feita pelas características fenotípicas - que analisa formato dos olhos, a tonalidade da pele, cor e textura do cabelo.
Conforme o último edital de convocação publicado pela Superintendência de Administração Acadêmica (Supac), consta que "serão consideradas as características fenotípicas do/a candidato/a ao tempo da análise do procedimento de heteroidentificação". Além disso, afirma-se que a "alegação de ancestralidade, mazelas sociais ou quaisquer outros elementos sociais e históricos, não é cabível no procedimento de Heteroidentificação Presencial Complementar à Autodeclaração como Pessoa Negra (Preta ou Parda), uma vez que a comissão avaliadora pautará a sua análise por critérios exclusivamente fenotípicos". O documento, contudo, também não detalha quais seriam tais características.
Após receber o resultado negativo, Arthur criticou a falta de inclusão para pardos. "Ao ser confrontado com a notícia de que minha autodeclaração foi rejeitada, eu me remeto às palavras da especialista Alessandra Devulsky, que acertadamente descreveu a experiência de ser pardo no Brasil como 'ser suficientemente negro para discriminação, mas não para políticas públicas'", desabafa.
O jovem ainda relembrou episódios de preconceito que passou durante o colégio. "Fui submetido a comentários sobre as características do meu nariz, do tipo 'vai roubar o ar da sala' [...] e, foi com esses tipos de ofensas, que tive a percepção de que as pessoas brancas não me viam como branco e as pessoas negras não me viam como negro".
Segundo Arthur, ele não teve apenas a autodeclaração parda negada, como também a oportunidade de acesso à educação. Agora, diante da negativa, busca se candidatar pelas cotas sociais.
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