Salvador

Simplesmente Mulher: Head global da Suzano fala sobre relação entre mulheres e grandes empresas

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Mariana Lisbôa comenta questões a serem mudadas entre as empresas e o público feminino  |   Bnews - Divulgação Divulgação
Sanny Santana

por Sanny Santana

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Publicado em 08/03/2023, às 06h00


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Ocupando uma posição regional, Mariana Lisbôa entrou na Suzano em 2015, sendo elevada para um cargo muito maior ao longo do tempo: o de head global da empresa, ou seja, se tornando responsável pelo regulatório e políticas públicas na Europa, Oriente Médio e África.

É claro que Mariana não conseguiu o feito da noite para o dia. Foi preciso encarar diferentes desafios e cargos ao longo dos anos, como é de se esperar. Mariana, no entanto, é uma das mulheres que tiveram a chance de exercer um cargo à altura da sua capacidade, coisa que muitas não conseguem, mesmo mostrando esforço e competência, assim como Lisbôa mostrou. Se trata da dificuldade de grandes empresas em considerar as mulheres em cargos mais altos.

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Para Mariana, apesar de as mulheres serem maioria em universidades e, em muitos setores, maioria no mercado de trabalho, as grandes empresas, de modo geral, não parecem reconhecer isso.

“Essa representatividade não aparece nos cargos de alta gestão das empresas, ou, como gosto de dizer, posições de poder, o que inclui também o poder público. As posições de poder passam por um grande funil, é natural que sejam posições difíceis de alcançar independente de gênero, mas, infelizmente, é flagrantemente mais difícil para as mulheres do que para os homens”, opinou.

Apesar da dificuldade em chegar a cargos mais altos e a desigualdade em relação ao salário de homens e mulheres, Mariana admite que a formação e capacitação cada vez maior de mulheres permitiu que elas pudessem ocupar empregos melhores que antes.

“Em boa parte do mundo, as últimas décadas foram de relativo avanço para as mulheres e a posição que ocupam na sociedade. Um fator importante para explicar esse processo foi a educação. Hoje na média dos países da OCDE, o grupo que reúne os países mais desenvolvidos, cerca de 50% das mulheres receberam educação superior, enquanto para os homens esse dado não chega a 40%”, explica.

Ainda para Mariana, faltam muitas questões a serem mudadas na relação entre as empresas e as mulheres. Entre elas, está a criação de políticas que fomentem a igualdade salarial, além daquelas que “reduzem fatores comportamentais destrutivos contra as mulheres e contra a própria organização”, como, por exemplo, o assédio.

“Para o caso das posições de poder, é preciso, contudo, algo mais profundo. Devemos estimular o aprimoramento de cultura sob vários aspectos. Quais são as réguas de avaliação das mulheres e dos homens? Onde estão os vieses inconscientes na hora de se promover mulheres e homens? Quais são as caraterísticas e atividades valorizadas pelas empresas que são muito próprias de homens e menos de mulheres? Essas perguntas são importantes para permitir que mulheres consigam ultrapassar o ‘teto’ que muitas vezes lhes é imposto”, declara.

A head global da Suzano ainda esclarece que mulheres são mais de 50% da população brasileira, mas ainda assim, são minoria nas “esferas de decisão”. 

“Com relação ao setor privado, um levantamento do IBGE em 2021 apontou que apenas 37% dos cargos gerenciais são ocupados por mulheres, sendo os outros 63% ocupados por homens. Porém, ele relata um problema maior: em 2019, 39% dos cargos gerenciais eram ocupados por mulheres”, alerta, informando que com o passar do tempo, houve uma queda da representatividade das mulheres em cargos de liderança.

“No que diz respeito ao setor público, a taxa de representação feminina no Congresso brasileiro não corresponde nem a metade da média dos outros países da América Latina e do Caribe. Por aqui, elas são apenas 15% dos parlamentares, enquanto outros países da região conseguem atingir a taxa de 30%”, esclarece.

Mariana e a Suzano

Mariana conquistou seu espaço degrau por degrau. Após uma posição regional, ela passou a se responsabilizar pelo escopo nacional. Ela foi a responsável, por um tempo, por cuidar de Relações Corporativas da Suzano, incluindo a área de Licenciamento Ambiental. Foi em 2021, que ela passou a ser head global, ‘tomando conta’ das estratégias da Suzano pelo mundo.

Apesar do grande esforço, ela declara, contudo, que não trabalha sozinha. “Conto com uma equipe maravilhosa espalhada pelos quatro cantos do país e também no nosso escritório da Áustria. São mais de 40 profissionais com expertises diversas, extremamente qualificados e comprometidos em trazer resultados para a Companhia”, elogia.

Mariana afirmou que, durante sua carreira, também enfrentou desafios ligados à sua condição de mulher. “Mas faço dessas barreiras molas propulsoras para alavancar minha carreira e ajudar também a impulsionar outras mulheres em suas jornadas. Se eu conseguir inspirar uma mulher, meu esforço já terá valido a pena”, afirma.

Sua conquista também ocorreu graças ao apoio da Suzano, que possui políticas que ajudam a trazer equidade. Existe, por exemplo, uma meta de longo prazo que visa alcançar pelo menos 30% de mulheres em cargos de liderança até 2025.

“O baseline dessa meta é de 2019, em que o número de mulheres à frente de posições de liderança na Suzano era de aproximadamente 16%. Em 2020, passamos para 19% e em 2021 conseguimos atingir 22%”, ela comemora.

Segundo Lisbôa, a princípio, essa meta estava estabelecida para 2030, mas considerando a urgência dos debates e da necessidade de ações práticas, foi antecipado para 2025.

Ela também comenta que ações desse tipo, voltado para mulheres, são de extrema importância para combater a desigualdade de gênero. “É dever da sociedade e empresas reconhecer que são fundamentais ações que proporcionem maior equidade entre os gêneros”, opina.

Mariana também se vê diante do dever de expandir o espaço para outras mulheres que devem ocupar altos cargos na Suzano. “Como mulher e nordestina, tenho o dever de abrir caminhos para as mulheres que virão depois de mim, e que também desejam ocupar espaços de poder, em ambientes infelizmente ainda predominantemente masculinos e paulistanos”, finalizou.

Classificação Indicativa: Livre

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