Salvador
Divulgação
Entrevistada pela equipe do BNews durante o 'Simplesmente Mulher', a secretária de Política para Mulheres, Infância e Juventude de Salvador, Fernanda Lordelo, esclareceu, nesta terça-feira (7), diversos pontos importantes sobre a atuação da secretaria pelo público feminino e expôs sua opinião sobre diversos assuntos pautados durante o bate-papo.
O BNews traz, com o 'Simplesmente Mulher', entrevistas ao vivo com diversas personalidades femininas, em nosso canal do YouTube, além de contar com matérias no site explorando o universo feminino. Dessa vez, a entrevistada foi a secretária Fernanda Lordelo, que contou um pouco sobre a atuação da secretaria que comanda.
Comentando, por exemplo, sobre o aumento de 58% no número de feminicídios na Bahia no ano de 2022, em comparação a 2021, Lordelo esclareceu que vem trabalhando "de forma cada vez mais articulada" para tratar o assunto.
"A gente já tinha identificado de alguma forma esse aumento, amanhã vamos divulgar dados do observatório de violência contra a mulher municipal, onde vamos identificar bairros e outros dados que estamos finalizando, relacionado a essa questão de violência em Salvador. A gente precisava desse recorte em Salvador até para sabermos onde podemos interferir de forma mais direta", contou a secretária.
Além disso, a também advogada alertou para um fator importante para o aumento de casos de feminicídio no ano passado. "A gente sabe que a pandemia fez uma reserva muito grande porque essas mulheres estavam confinadas com seus agressores e não sabiam a quem buscar ajuda. A maioria dos órgãos públicos, inclusive, estavam em teleatendimento", apontou.
De qualquer forma, com o alto número de casos de feminicídio, diversas ações estão sendo realizadas para as mulheres e, muito além, para os homens também.
Uma das ações realizadas é a criação do Alerta Salvador, trabalho feito de forma preventiva, com a diretoria da Política para Mulheres, com o apoio de instituições públicas e privadas.
"A gente faz as formações, capacitações nos espaços para também permitir que sejam identificadas mulheres em situação de violência, para que elas sejam retiradas do risco", explica.
Ações em escolas também estão sendo visadas. Segundo Lordelo, o ensinamento para os pequenos sobre o assunto deverá ser intensificado.
"A gente já tem dialogado há um tempo, vamos retomar pra intensificar as ações (...) vamos dialogando para conversar não apenas com as meninas", declarou.
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Muito além do bate-papo consciente sobre a violência, a secretaria procura também cuidar das vítimas de outras maneiras, como, por exemplo, levando serviços públicos municipais por meio de uma caravana que, inclusive, ocorrerá no dia 25 de março, no bairro de Canabrava.
Ela ainda conta que outras ações são realizadas para que o público feminino tenha autonomia financeira, um dos maiores empecilhos de mulheres que não conseguem se livrar de um relacionamento abusivo, além da criação de grupos reflexivos para que homens tenham consciência de suas atitudes.
Lordelo ainda comentou sobre o episódio em que diversos participantes do bloco As Muquiranas assediaram e importunaram uma mulher no Carnaval de Salvador.
Para a secretária, o assédio jamais diminuirá se a impunidade permanecer. "O primeiro passo é a penalização, as pessoas precisam sofrer pelos atos cometidos quando eles são criminosos (...) a partir do momento em que conseguimos penalizar os agressores, nós começamos a tirar a noção da impunidade e, efetivamente, vamos começar a ter redução [do assédio]".
A secretária também soltou o verbo sobre medidas protetivas, opinando sobre o assunto e alertando para o 'formulário de risco', que pode ajudar mulheres que, mesmo com medida protetiva, permanecem sendo ameaçadas pelo agressor.
"É preciso levar a medida protetiva a serio (...) se ele [agressor] vai invadindo a medida e ninguém toma atitude sobre isso, ele vai se aproximar cada vez mais da vitima", opinou.
Mercado
Falando sobre o mercado de trabalho, Lordelo 'pôs na mesa' dados que mostram que, apesar da grande quantidade de mulheres pesquisadoras e universitárias, o número de homens em cargos altos é muito maior, o que evidencia a falta de oportunidades ao público feminino.
"Quando se bota uma mulher no poder, o questionamento da capacidade dessa mulher é sempre muito maior do que do homem", alfineta.
Apesar de comemorar a presença maior de mulheres em cargo de liderança na gestão do atual Prefeito de Salvador, Bruno Reis (DEM), ela diz que "ainda é pouco".
"Quando olhamos a câmara de vereadores, a gente ainda tem um número muito reduzido de mulheres, não somos estimuladas a ir para frente, somos estimuladas ao trabalho, ao cuidado (...) a gente precisa cuidar, sim, mas eu também preciso enfrentar", declara.
Programação para o Dia da Mulher
A secretaria de Política para Mulheres Infância e Juventude da Prefeitura de Salvador elaborou um gama de atividades para mulheres ao longo da semana.
Entre as ações realizadas pela gestão, estão a Expo-Mulher com feiras de empreendedorismo; o Dia D Março Mulher, com 100 postos de saúde de Salvador voltados à atenção do público feminino; o Março Mulher Trans, com ações de saúde para o grupo; atendimento para mulheres em situação de rua; webnar sobre saúde de mulheres indígenas; Empreender com Elas, um trabalho feito com mulheres PCDs (Pessoa com Deficiência) ou que possuam filho PCD; além de levar mulheres quilombolas para o cinema.
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