Saúde

Caos na Saúde em Santo Amaro: médicos sem salários e equipamentos sucateados

Publicado em 10/01/2015, às 14h06   Juliana Nobre (Twitter: @julianafrnobre)



Um novo capítulo na novela que envolve a saúde pública em Santo Amaro foi escrito nesta sexta-feira (9). O município está sem médicos em plena festa popular do Senhor do Bonfim que ocorre hoje. Em contato com a reportagem, funcionários da Santa Casa de Misericórdia e o hospital Octávio Pedreira relataram as péssimas condições das unidades, que abrigam cerca de 120 funcionários, entre médicos, enfermeiros e assistentes sociais.

As unidades hospitalares são administradas pela Associação de Proteção à Maternidade e à Infância (APMI), bancadas por recursos da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab). Segundo a funcionária do Octávio Pedreira, Maristela de Brito, falta, além dos últimos quatro salários, material, medicamentos e até alimentação para pacientes e funcionários. Os aparelhos de raio-x estão sucateados e o laboratório não funciona.

“Às vezes tem médico para emergência, mas não existe especialidades, ultrassom, ortopedista. Médicos deixaram os hospitais por falta de pagamento. O município está um caos. Não há informação da APMI, nem da diretoria das unidades. Hoje tem apenas dois pacientes no Octávio Pedreira porque os outros deram alta, pois não tem como continuar o internamento”, explica a enfermeira.

Na Santa Casa a situação é a mesma. De acordo com a enfermeira Marli Andrade, os 60 funcionários não conseguem trabalhar devido a falta de materiais. “Tivemos reunião com o secretário da saúde e ele nos mostrou que querem a saída da APMI, solicitada desde o mês de julho do ano passado, mas até agora nada”, disse.

Jogo de empurra

A Sesab afirmou, por meio de nota ao Bocão News, que o repasse de recursos é feito normalmente todos os meses. A falta de pagamento de salários e a estrutura dos hospitais é de responsabilidade apenas da associação. Diante da situação, a secretaria garantiu que vai rever o contrato com a APMI.

“A Secretaria da Saúde (Sesab) informa que hoje (9) foi realizado o pagamento no valor de R$ 140,8 mil para a APMI, entidade que administra o Hospital Octavio Pedreira, em Santo Amaro, cuja estrutura pertence a Santa Casa de Misericórdia. Este montante refere-se a aproximadamente 72% do total contratualizado, que é de R$ 194 mil. A redução deveu-se ao não cumprimento de metas definidas. Ainda é válido ressaltar que não há repasses em débito por parte do Fundo Estadual de Saúde e a APMI é responsável pelos suprimentos e recursos humanos. A Sesab destaca também que todos os contratos serão revisados.”

A reportagem tentou contato com o presidente e os diretores da APMI, mas não teve as ligações telefônicas atendidas. Conforme apuração, pessoas ligadas à associação afirmaram que a APMI não vem recebendo o repasse como garantiu a secretaria. Segundo as informações, o recurso da Sesab é para pagar apenas os funcionários terceirizados. A APMI então utiliza os recursos que deveriam ser direcionados aos fornecedores para pagar todos os funcionários. O pagamento do mês de dezembro, portanto, ainda não foi realizado.

Os trabalhadores continuam em greve desde o dia 29 de dezembro, por tempo indeterminado.

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