Bahia é o estado com maior incidência de Doença Falciforme

Uma audiência pública realizada na manhã desta quinta-feira (18) discutiu políticas públicas que garantam a atenção integral para portadores de Doença Falciforme. Às vésperas do Dia Mundial de Conscientização sobre Doença Falciforme (DF) ainda não há muitos motivos para comemorar na Bahia. Apesar de ser o estado brasileiro com maior incidência da patologia, a falta de conhecimento sobre o agravo e a dificuldade de acesso à assistência ainda são realidades que acompanham o cotidiano das pessoas com doença falciforme no estado.

O encontro foi promovido pelo vereador Euvaldo Jorge (PP) junto com a Associação Baiana das Pessoas com Doença Falciforme (Abadefal) e representantes das Secretarias de Saúde do Estado e Município, além de portadores do agravo e seus familiares, no auditório do Edifício Bahia Center, anexo da Câmara Municipal.

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De acordo com Tharcia Purificação, coordenadora geral da Abadefal, o evento representa um importante passo viabilizar a implantação de uma linha de assistência resoluta no estado. "Em 13 anos de militância temos alcançado alguns avanços, mas ainda a muito a conquistar. Queremos despertar nos governantes a atenção para essa parcela da população. Temos que quebrar esse círculo de silêncio que gira em torno da anemia falciforme. A audiência serve para darmos mais visibilidade à nossa luta em prol da implantação de uma linha de cuidado mais eficaz e ampla ao portador de falciforme na Bahia", explicou.

Para Euvaldo Jorge, é preciso um empenho mais consistente das entidades públicas para criação de uma rede assistencial as pessoas com DF em todo estado. "Os órgãos públicos, tanto na esfera estadual quanto na municipal, têm que participar mais ativamente dessa luta. São 30 casos por mês somente na Bahia de pessoas convivendo com a doença, sendo 5 em Salvador, e a maioria delas tem dificuldades para o tratamento adequado", alertou o progressista.

Este ano, um Projeto de Lei proposto por Euvaldo Jorge foi aprovado na Câmara, instituindo que durante todo o mês de junho o Elevador Lacerda seja iluminado com a cor vermelha, em alusão à conscientização sobre Doença Falciforme.

Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil nascem cerca de 3,5 mil crianças por ano com a doença, sendo um bebê a cada mil nascimentos. Na Bahia estima-se que 30 crianças nascem a cada mês com o agravo. A anemia falciforme pode trazer implicações sérias e até mesmo levar o indivíduo à morte. O diagnóstico precoce, acompanhamento regular com equipe de saúde, além de suporte social podem reduzir e até evitar agravos e complicações. A doença é identificada no exame do pezinho e pode ser controlada se tratada desde cedo.

A diretora do Programa de Atenção à Pessoa com Doença Falciforme, da Secretaria Municipal de Saúde, Cândida Queiroz, destacou os avanços do município na atenção básica aos pacientes. “A rede municipal inaugurou, em dois anos, dois ambulatórios para os portadores de doença falciforme. Temos organizado a assistência e ampliado o atendimento. Em nossos postos também disponibilizamos benzetacil e penicilina oral que são os medicamentos básicos para o tratamento”, disse Cândida. Os ambulatórios ficam localizados dentro dos postos de saúde da Carlos Gomes e do Vale das Pedrinhas e contam com hematologista, psicólogo, assistente social, nutricionista e enfermeiros. A diretora destaca, contudo, que o maior esforço é para o diagnóstico precoce da doença e, por isso, desde 2001 foi intensificada a triagem neonatal.