Saúde

Site brasileiro permite que cidadão ajude em pesquisa científica

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No ar há um ano, o site é fruto da tese de doutorado em Sistemas da Informação, pela UFRJ   |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 08/02/2018, às 07h25   Folhapress


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Bianca Bento, 39, aproveitou o sábado para coletar dados sobre resíduos plásticos na praia do Recreio, na zona oeste do Rio. Seria um dia normal para um pesquisador da área, mas o detalhe é que Bianca é dentista.

As informações que ela ajudou a coletar gratuitamente foram depois cadastradas no site Fast Science e usadas pelo Programa de Dinâmica dos Oceanos e da Terra, da UFF (Universidade Federal Fluminense).

A plataforma on-line permite que qualquer pessoa participe de uma pesquisa científica e já reúne 282 usuários atuando em 13 projetos.

No ar há um ano, o site é fruto da tese de doutorado em Sistemas da Informação, pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), da bióloga Gilda Esteves.

O pesquisador cadastra as tarefas e recompensas pela colaboração, se houver. Os brindes ficam a critério do pesquisador e podem ser desconto em cursos e equipamentos, por exemplo.

Alguns artigos já foram publicados também com agradecimentos aos voluntários.

Do outro lado, o voluntário escolhe o projeto, realiza as atividades e envia os dados. Assim, é criada uma comunidade em prol da ciência.

"São tarefas muitas vezes semelhantes às que os pesquisadores realizam, e os resultados serão utilizados para resolver problemas científicos reais. Os voluntários podem realizar tarefas on-line, classificando ou rotulando imagens, por exemplo, ou fazendo observações do mundo real", diz a pesquisadora.

Para ela, entre os benefícios da iniciativa estão ampliar a equipe de trabalho, coletar dados por longos períodos de tempo e em grandes áreas geográficas e processar grandes volumes de informação, além de promover a educação e a disseminação da ciência.

COM QUALIDADE

Membro do Comitê de Assessoramento de Oceanografia do CNPq, o professor Pedro Walfir Martins e Souza Filho, da Universidade Federal do Pará (UFPA), diz que é importante que pesquisas neste modelo deixem claro sua metodologia.

"Qualquer pesquisa rigorosa tem que descrever muito bem o método de coleta dos dados. Caso contrário, a informação produzida perde credibilidade, porque não se sabe sua natureza."

Para garantir a qualidade dos dados, Esteves diz que é possível usar a captura automática de informações nos celulares, como geolocalização, e coletas feitas por diferentes voluntários em áreas semelhantes para que, desta forma, o grande volume valide o resultado.

"O pesquisador tem que avaliar o que quer responder e dividir esta tarefa em outras mais fáceis", conta Esteves.

Depois de colocar o Fast Science no ar, ela decidiu criar a Blue Change, uma iniciativa voltada para ambientes marinhos e costeiros ao lado de outra pesquisadora, Simone Milach.

A ideia é fazer a ponte entre ONGs que já mobilizam pessoas em ações de educação ambiental e as pesquisas científicas que participam do Fast Science. A dentista Bianca Bento participou de uma ação assim.

Os dados que Bianca recolheu estão agora sendo avaliados pelo professor José Antonio Batista, da UFF. Ele conta que a iniciativa está funcionando como um laboratório para depois aplicar em grande escala e publicar as informações:

"Estamos pesquisando microplástico e toda vez que vamos a campo o trabalho demanda muito tempo. O Rio tem muitas praias e o cidadão comum treinado pode auxiliar esta pesquisa", conta ele, que não vê barreiras ou perfil específico para ser voluntário. "A possibilidade de integrar a sociedade em um projeto de pesquisa foi o que me chamou atenção."

Classificação Indicativa: Livre

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