Saúde

Dia do Homem: “eles abriram a cabeça”, diz dermaticista sobre procura por procedimentos estéticos

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Segundo Maria Hartmann, entre os serviços mais procurados estão a depilação a laser pra foliculite, remoção de tatuagem, mancha, ruga e harmonização facial   |   Bnews - Divulgação Divulgação

Publicado em 15/07/2021, às 19h16   Redação BNews



Não é novidade pra ninguém que os homens vão ao médico em uma proporção bem menor que as mulheres. Segundo o Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) do SUS, de 2016 a 2020 houve um aumento da procura do homem pelo médico de 49,96% – de 425 milhões de atendimentos para 637 milhões. Nesta quinta-feira (15), data em que é celebrado o Dia do Homem, especialistas aproveitam para incentivar os rapazes a terem mais atenção com a saúde.

Ainda de acordo com dados do SIA/SUS, na Bahia, enquanto 507.884 mulheres entre 40 e 44 anos procuraram atendimento médico no ano passado, apenas 176.343, menos da metade dos homens da mesma faixa etária fez o mesmo. Na faixa etária dos 50 a 54 anos a diferença proporcional se repete, 463.322 de mulheres para 189.113. 

Mas quando o assunto está relacionado a estética o panorama pode ser um pouco diferente. É o que explica a dermaticista Maria Hartmann, da Clínica Hartmann. Segundo ela, 60% do público atendido em sua clínica são homens, e que isso tem relação com alguns fatores, como por exemplo, a discrição do ambiente.

“Eu atribuo isso também a praticidade, os homens são mais pragmáticos, objetivos, ele não gosta de queixo fino, ele que chegar na consulta e sair de lá resolvido, ele não gosta de ir pra uma consulta, pensar pra voltar depois, ele busca algo mais objetivo”, ressalta.

Hartmann conta que entre os serviços mais procurados em sua clínica estão a depilação a laser pra foliculite, remoção de tatuagem, mancha, ruga e harmonização facial pra melhorar a mandíbula. “Os homens não gostam muito de cirurgia plástica, eles não gostam de ter que preparar todos os exames pra se submeter a um centro cirúrgico, eles gostam, por exemplo, da lipo enzimática porque chega, aplica ali a injeçãozinha e pronto, eles gostam da criomodelagem que aplica as placas de crio no abdômen e a gente reduz a gordura em 30%, então são procedimentos efetivos”, conta.

Com relação ao preconceito que os homens têm com relação a procedimentos estéticos, a dermaticista explica que isso já vem sendo descontruído. “Isso mudou muito, tanto em relação ao público LGBTQIA+, que antigamente era um preconceito absurdo e hoje é tranquilo, como mudou em relação aos héterosexuais, os homens não tem mais esse preconceito, eles abriram a cabeça, depois da internet, dos nudes, depois desses tiktoks, essa abertura da mídia pra o mundo o homem me procura, por exemplo, pra clarear a área íntima, que hoje é tida como uma área prioritária de estética, a gente chama de embelezamento íntimo e não é só por causa da relação sexual, é o cuidado com o corpo, a beleza, o bem estar, você ver que seu corpo está todo limpinho, todo cheirosinho. Hoje a estética faz parte da saúde integrativa, porque ele integra tanto do ponto de vista emocional, psicológico, físico e social”.

Questionada se há um padrão de homem perfeito, Maria diz que há tendências de mercado que vão mudando conforme o tempo. “Recentemente a gente teve a tendência do chip, o homem que faz academia ele coloca o chip da testosterona pra aumentar a musculatura e aí ele fica com a libido muito alta, então ele paquera mais, ele se cuida mais, como ele está sempre com o poder de sedução aguçado, o corpo muda a musculatura, a pele, ele procura a clínica de estética pra tirar as consequências que são as acnes, as costas ficam manchadas, a pele. Agora tem a tendência de consertar a mandíbula, a ficar com o rosto mais quadrado, quando tem aquele queixo proeminente eles estão tentando fazer uma harmonização pra ficar com um padrão de beleza adequado que é a tendência do momento. Não existe uma beleza ideal, mas existe a necessidade individual de cada um, o ideal pra um”.

Mais saúde do que estética

O professor de idiomas Thiago Mariano é daqueles que volta e meia compartilha nas redes sociais algumas fotos e vídeos fazendo atividades físicas. Ele conta que já fez muito exercício pensando na estética, mas que hoje o principal objetivo é cuidar da saúde.

“Já fiz muita atividade por estética, hoje não mais. Percebo que se eu paro de fazer exercício eu começo a ficar mais pessimista, mais triste, ansioso, fico com dor de cabeça, bem diferente de quando corro  e faço crossfit”.
Mariano explica que pegou Covid-19 e apresentou sintomas leves, e que na época a médica chegou a associar isso a vida ativa que ele tem. “É muito raro ficar doente, pegar uma gripe, ficar com a garganta inflamada”.

O professor de idiomas explica que costuma fazer exames uma ou duas vezes por ano. “Estou fazendo um ‘check up’ e deu tudo normal, vou fazer também um exame no joelho pra saber como está a cartilagem”. 

Quando o assunto é estética ele brinca. “Nunca fiz procedimentos mas quero começar a fazer limpeza de pele, mas tem que tirar a barba e ela é meu charme [risos]. Ah, tô indo ao podólogo, pé com rachadura não dá né? [risos novamente]”.

Enfermidades ocultas

De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), o menor acesso à saúde pode ocultar doenças silenciosas, e a menor ida ao especialista tem contornos culturais, uma vez que desde cedo as meninas são levadas pelas mães ao ginecologista e os meninos, por sua vez, não têm um especialista que os acompanha, ficando com essa ausência até os 50 anos, idade recomendada para se fazer os exames de toque retal e PSA para o diagnóstico precoce do câncer de próstata.  

Segundo o presidente da SBU – Seccional Bahia, Lucas Batista, a ida ao médico tem o objetivo não só de diagnosticar doenças, mas também orientar com qualidade sobre prevenção, como por exemplo das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), e incluir o homem no planejamento familiar. Hábitos simples devem ser internalizados e podem fazer muita diferença.  

“Ensinar uma higiene genital adequada, por exemplo, é uma atitude simples, mas muito importante, pois não apenas melhora a qualidade de vida, autoestima e os relacionamentos interpessoais, como também ajuda a prevenir uma série de problemas futuros, inclusive o câncer de pênis”, alerta.  

O câncer de pênis, doença que apresenta inúmeros sinais, ainda faz muitas vítimas. Entre 2019 e 2020, houve 6.174 diagnósticos da doença e 1.092 desses pacientes tiveram o órgão amputado por buscarem tratamento somente em estágio avançado. No Brasil, esse tipo de tumor representa 2% de todos os tipos de câncer que atingem o homem, sendo mais frequente nas regiões Norte e Nordeste. 

Dados apresentados pela SBU mostram que o câncer de pênis possui maior incidência em homens a partir dos 50 anos, e que a doença está associada às baixas condições socioeconômicas e de instrução, à má higiene íntima e a homens que não se submeteram à circuncisão (remoção do prepúcio, pele que reveste a glande – a “cabeça” do pênis). O tumor também pode atingir os mais jovens, tendo como principais fatores o fumo e as consequências de doenças sexualmente transmissíveis maltratadas. 

Infertilidade Masculina  

Pesquisas feitas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 15% da população sofre com a dificuldade para engravidar. As causas da infertilidade são distribuídas de forma semelhante para o casal, sendo em 40% dos casos responsabilidade da mulher e 40% do homem. Os outros 20% não possuem causas definidas. 

Metade dos casos de infertilidade masculina está associada à Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), que muitas vezes são silenciosas, podendo durar meses e até anos sem apresentar sintomas e sinais. Entretanto, se não forem diagnosticadas e tratadas a tempo, podem gerar complicações para o homem como a infertilidade, câncer e até mesmo a morte. 

A infertilidade masculina também pode estar ligada à alterações hormonais, varicocele, obstruções no sistema reprodutor, alterações genéticas e a fatores comportamentais, como o consumo de cigarro, excesso de bebida alcoólica, obesidade, sedentarismo e uso de anabolizantes. 

Câncer de próstata

A cada dia, 42 homens morrem em decorrência do câncer de próstata e aproximadamente 3 milhões vivem com a doença, sendo essa a segunda maior causa de morte por câncer em homens no Brasil. São estimados para este ano 65.840 novos casos, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Na Bahia, a estimativa é de 6.130 novos casos. No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma).  

A recomendação é que os homens iniciem a avaliação do risco de câncer da próstata aos 50 anos. Entretanto, homens da raça negra, obesos mórbidos ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar aos 45 anos. O PSA é o marcador mais utilizado no auxílio ao diagnóstico de câncer de próstata.

Isoladamente, o PSA elevado não significa necessariamente que o indivíduo tem câncer de próstata, por isso é fundamental o exame de toque retal.  

Câncer de testículo

O tumor de testículo corresponde a 5% do total de casos de câncer entre os homens, e entre 2019 e 2020 foram 446 óbitos no Brasil. A doença que é mais incidente em homens na faixa etária sexualmente ativa e reprodutiva, entre 15 e 50 anos e pode ser bastante agressiva.   

O câncer de testículo e seu tratamento podem afetar os níveis hormonais e causar infertilidade. O homem pode desenvolver azoospermia, que é ausência de espermatozoides no sêmen. Além disso, cerca de 50% dos pacientes que apresentam câncer de testículo têm algum grau de comprometimento dos espermatozoides.   

Disfunção erétil

Ainda de acordo com dados apresentados pela SBU, estima-se que 100 milhões de homens no mundo apresentem disfunção erétil, sendo esta a mais comum disfunção sexual encontrada nessa população após os 40 anos. No Brasil, a prevalência se aproxima de 50% após os 40 anos, algo em torno de 16 milhões de homens. As causas são variadas, podendo estar relacionadas a problemas circulatórios, neurológicas, anatômicas, distúrbios hormonais, causas psicológicas ou induzida por drogas. 

A impotência sexual pode ser manifestada de várias maneiras, não somente pelo fato de não conseguir manter o pênis ereto, mas por problemas na ejaculação ou orgasmo. Em certos pacientes ocorre uma demora para manter uma ereção duradoura ou mesmo a ereção é obtida, porém, não apresenta rigidez suficiente. Outras vezes, mesmo apresentando uma ereção adequada, ocorre ejaculação precoce (ejaculação que acontece antes, durante ou pouco depois da penetração com mínima estimulação sexual). 

Classificação Indicativa: Livre

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