Publicado em 17/09/2014, às 10h47 Dr. Marcelo Reis*
Certa feita me perguntaram sobre o parto humanizado. Respondi que todo bom obstetra consegue criar um clima se segurança, carinho e atenção com a gestante fazendo com que ela tenha o melhor momento da vida do casal de maneira maravilhosa e inesquecível.
A pessoa então me pediu para fazer duas perguntas:
1. Qual a sua opinião sobre a humanização do parto e sobre a prática em ambiente domiciliar?
2. Numa matéria, foi relatado um caso de uma mulher que estava com tudo programado para fazer o parto normal, mas devido a pré-eclâmpsia teve que se submeter à cesariana (embora seu desejo fosse o de fazer o parto normal)? O que é pré-eclâmpsia? E até que ponto a mulher pode optar pela forma como dará à luz?
Vamos às respostas
Resposta para a primeira pergunta
No acompanhamento do trabalho de parto, as complicações obstétricas são imprevisíveis e, via de regra, carecem de uma atuação médica obstétrica urgente, como realização de manobras para retirada fetal e da placenta extremamente complicadas e de difícil realização em ambiente impróprio para aplicação de fórceps, cirurgias geral e obstétricas, atonias uterinas, descolamento prematuro de placenta, rotura uterinas e do assoalho pélvico, bexiga, períneo e reto materno, comumente acompanhadas de hemorragias maternas intensas, alem do sofrimento fetal agudo, pela presença de circulares do cordão umbilical no pescoço fetal, que carecem de material hospitalar apropriado para o diagnostico e a resolução das complicações, sem que haja sequelas fetais, principalmente as neurológicas e ou sequelas maternas!
Muitos partos que, no inicio do século passado foram realizados em domicílios, foram de resultados catastróficos para mãe e seu filho! A assistência medica obstétrica evoluiu, passou a ser hospitalar o que com isso, reduziu a mortalidade materna e fetal segundo dados estatísticos da época comparados com os de agora.
Além do mais, hoje a UTI neo-natal é de grande ajuda e indispensável na recuperação de bebes acometidos dos vários traumas, por vezes ocorrido durante o parto.
De forma que respeito a opção das pessoas em escolher realizar o parto domiciliar porem, eu particularmente e por motivos descritos acima, não aconselho nem pacientes nem médicos a concordarem em participar desse tipo de assistência médica.
Resposta para a segunda pergunta:
A Doença Hipertensiva Específica da Gravidez (DHEG), assim hoje a pré-eclâmcia é chamada , é uma doença grave, incurável para aquela gravidez em curso, dificilmente se repetirá nas próximas gravidezes , exceto se a paciente já for anteriormente hipertensa, cardiopata ou diabética. A eclampsia, que é a ocorrência de convulsões maternas, é complicação final da DHEG, que poderá ocorrer antes durante ou depois do parto, terá o risco de morte fetal e ou materna pelas prováveis lesões neurológicas e ate mesmo levar a uma discrasia sanguínea que é uma coagulopatia que pode causar hemorragia em todos os órgão maternos !
A depender da gravidade da DHEG, a interrupção da gravidez é a única solução eficaz para o tratamento! Repouso absoluto em decúbito lateral esquerdo, dieta hipossódica e hiper proteica e medicações anti-hipertensivas, podem ser usadas porem atenuam mas não impedem a evolução da doença.
A paciente pode sim optar pelo parto natural porem, é preciso que ela e o seu esposo estejam devidamente cientes das complicações prováveis e se responsabilizem por escrito, isentando de culpa a equipe medica e hospitalar das complicações, por ventura, que venham acontecer.
Conclusão
O parto humanizado é o parto realizado por um obstetra competente, num ambiente hospitalar propício e que tenha todos os recursos necessários disponíveis para atender a qualquer intercorrência normal ou patológica da gestação, que respeite a família da paciente, seu esposo e seu filho, proporcionando toda a segurança que a modernidade possui para um atendimento ao parto, de forma que o resultado seja um parto tranquilo e feliz onde mãe e o seu filho sejam sadios e sem traumas causados por imperícia, imprudência e ou incompetência.
Espero que eu tenha contribuído para esclarecer o que se deve fazer com uma formação saudável de uma família.
*Doutor Marcelo Reis é obstetra e ginecologista.
Classificação Indicativa: Livre
