Saúde

Movimento paralisa 95% dos hospitais filantrópicos na Bahia

Imagem Movimento paralisa 95% dos hospitais filantrópicos na Bahia
O movimento atingiu a abrangência de 2.100 instituições no Brasil  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 08/04/2013, às 17h27   Redação Bocão News (@bocaonews)



Como forma de chamar a atenção para a crise generalizada que atinge o setor filantrópico da saúde em todo o país, uma paralisação nacional foi organizada para esta segunda-feira (8), um dia após o Dia Mundial da Saúde.

Planejado pela Frente Parlamentar em Defesa das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, em parceria com as federações estaduais, o movimento atingiu a abrangência de 2.100 instituições no Brasil. Na Bahia, a paralisação ocorre em 46 unidades de 28 cidades do interior e capital, o que equivale a 95% dos hospitais. Serviços de urgência e de emergência não serão interrompidos.

Em Salvador, uma coletiva de imprensa foi realizada pela manhã, no auditório do hospital Martagão Gesteira, um dos mais atingidos pela crise. Outras coletivas foram feitas em Feira de Santana, Vitória da Conquista e Itabuna, assim como nas maiores cidades do país. Durante o encontro, o presidente da Confederação Internacional das Misericórdias e coordenador da frente que defende o setor na Câmara Federal, Antonio Brito (PTB-BA), ressaltou que a situação na capital baiana possui mais um agravante.

“Assim como o Martagão [Gesteira], os hospitais locais estão sendo heroicos. Além da crise do reajuste que atinge todo o Brasil, existe o atraso no repasse de milhões em Salvador. O passivo está muito grande”, alertou.



Endividamento na Bahia é maior

O presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos da Bahia (Fesfba), Maurício Dias, concordou com o deputado e deixou claro que o caso local exige ainda mais atenção.

“A dívida é nacional, o subfinanciamento é nacional, mas o nosso perfil é de mais endividamento do que o Sudeste. Nós estamos respondendo por isso, mas é importante lembrar que essa dívida é do SUS. Este subfinanciamento da saúde, pagando metade do que realmente deveria, foi o que gerou essa dívida”, informou.

Dias lembrou que o setor filantrópico é o principal responsável por tratamentos de oncologia no estado (83%), cirurgias do aparelho da visão (78%), cirurgias de mama (46%) e cirurgias do aparelho circulatório (45%), além de liderar mais oito especialidades.

Ele também apresentou a relação de municípios com serviços paralisados. Na Bahia, a paralisação atinge Antas, Cachoeira, Campo Formoso, Castro Alves, Conceição do Almeida, Conceição do Coité, Esplanada, Feira de Santana, Iguaí, Ilhéus, Itabuna, Itambé, Itanhém, Itapetinga, Jacobina, Jaguaquara, Juazeiro, Miguel Calmon, Mutuípe, Nazaré, Poções, Ruy Barbosa, Serrinha, Santo Amaro, Ubaíra, Valença e Vitória da Conquista, além da capital.

Caso Martagão Gesteira

Durante a coletiva, o superintendente do Hospital Martagão Gesteira, Carlos Emanuel Melo, trouxe um panorama da instituição e do seu endividamento crônico por conta da carência do repasse do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Somos um exemplo científico do impacto negativo do SUS. Alongamos a dívida e surfamos na onda da redução de juros. Vamos encostar no teto de nosso endividamento ao final de 2013”, alertou.

Melo informou que uma saída para o hospital seria deixar de ser 100% vinculado ao SUS e começar a operar com convênios médicos, mas o financiamento estimado para começar a operação foi subtraído após a decisão da ex-secretária municipal da Saúde, Tatiana Paraíso, de não repassar os recursos emergenciais em dezembro de 2012.

“A situação do Martagão é uma crise dentro dessa crise. É o modelo vivo de um hospital 100% SUS de média complexidade no país”, afirmou. Além de Melo, Rosina Carvalho, presidente da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil, também relatou a dificuldade por que passa a instituição. “Estamos sendo penalizados por atender esta população carente. Ano passado renovamos um empréstimo de R$ 10 milhões, que é nossa capacidade de financiamento, e mesmo assim estamos devendo fornecedor e perdendo funcionários por conta dos baixos salários.”


Matéria originalmente postada às 12h27 do dia 08/04

Classificação Indicativa: Livre

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