Saúde

Sem repasse de R$ 50 milhões da Desenbahia, Hospital Espanhol está ameaçado

Imagem Sem repasse de R$ 50 milhões da Desenbahia, Hospital Espanhol está ameaçado
Bocão News conversou com Carlos Dumet e Álvaro Nonato, gestores da unidade   |   Bnews - Divulgação

Publicado em 20/08/2013, às 06h42   Adelia Felix (Twitter: @adelia_felix)


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Nesta segunda-feira (19) foi lançado novos serviços, de oncologia clínica, para tratamento de pacientes com câncer, e de transplante de fígado e medula no Hospital Espanhol, em Salvador. O superintendente de Gestão da unidade, Carlos Dumet, e o diretor médico da unidade, Álvaro Nonato, conversaram com o Bocão News e adiantaram detalhes do balanço das transformações nesses 100 dias e as perspectivas atuais.

Em conversa, o superintendente Carlos Dumet comentou sobre o período de crise da unidade que estava fechando as portas pelo alto volume de endividamento e uma crise sem precedentes. Segundo Dumet, o Hospital Espanhol estava fechado em maio, quando eles foram convidados pelo presidente da real sociedade, Demétrio Moreira Garcia, para fazer parte da gestão. “Quando nós entramos, no hospital existiam só oito pacientes internados. Imagine a situação: 40 leitos da UTI fechados e uma carência enorme que temos na Bahia, sem nenhum cirurgia, que foi o foco da denúncia do presidente do Sindicato dos Médicos da Bahia (Sindimed-BA), Francisco Jorge Silva Magalhães. Além disso, ainda tinha salários atrasados e sem poder contar repasses", conta. Ainda de acordo com Dumet, desde maio quando foi liberada uma parcela pela Caixa Econômica Federal o serviço na unidade apresentou melhorias. "Hoje temos 115 pacientes internados. Esse projeto vai ser continuado dentro do que foi desenhado. Nós estamos cumprindoo o que foi feito e dentro do que foi aturorizado pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA). A Fundação José Silveira (FJS) só atua em consonância com as orientações  do MP”, conta Dument.

Para reverter esse cenário foi formado um consórcio, integrado pelo Governo do Estado, tendo à frente as Secretaria de Saúde, a Secretaria de Administração, a 
Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia), o Banco do Nordeste (BNB) e a Caixa Econômica Federal e a FJS. Convidada pela Real Sociedade de Benefícência Espanhola para dar apoio à superação da crise, a FJS assumiu o desafio, após consulta ao Ministério Público Estadual (MPE).

Nonato acrescenta que apesar da crise financeira que a unidade atravessou, graças ao investimentos que serão feitos, o hospital terá condições de oferecer os novos serviços. “As condições estão reunidas exatamente nesse sentido para retornarmos para população os 230 leitos do Hospital Espanhol costumava oferecer, que estavam fechados.  Com a reabertua desses leitos, também foram novamente postas as unidades que os serviços do hospital alimenta esses leitos. Podemos citar para ilutrar os serviços de emergência. Salvador não pode ficar sem emergência, que foi reaberta no dia 20 de junho".

E detalha. "Em maio tínhamos zero atendimentos, e em julho nós alcançamos 1.728 atendimentos. Também em julho foram feitos 320 procedimentos cirúrgicos, que estavam interrompidos. Cinco internações aconteceram em maio, e em julho 443 internações. Isso mostra que os serviços assistenciais de saúde estão sendo ofertados novamente a sociedade, embora alguns ainda não tenham alcançado 100% a sua capacidade instalada. Isto porque dependemos dos recursos que estão sendo portados ao hospital, principalmente na área médica e de fornecedores. Assim que tivermos esse aporte financeiro do Desenbahia feito ao hospital, e os médicos estiverem com as dívidas saldadas, e fornecedores pagos, a ideia é que essa produção chegue próxima do 100% da capacidade de instalar”, acredita Nonato.

Na oportunidade, Nonato ressaltou que a população pode contar com os novos serviços em breve. “O primeiro é de oncologia. Esse serviço será lançado em parceria com uma grande clinica de oncologia de Salvador, assim que a parte contratual for finalizada. Logo depois o serviço se estende a radioterapia, a mastalogia e também para cirurgia oncológica. O início desse serviço será gradual. O outro serviço é o de Transplante de fígado. Em 2012, a Bahia fez 56 transplantes de fígado. É um número bom, mas precisa avançar muito. Com a equipe do Espanhol teremos praticamente o dobro,  dependendo do número de doações. A expectativa do transplante de fígado é em 90 dias para começar os serviços”.

Ainda em conversa, Nonato lembra que transplantes também estão sendo retomados, assim como a neurocirurgia, ambos por via central de regulação. “Já fizemos dezenas de neurocirurgias, assim como procedimentos obstétricos, que há uma grande carência de leitos na região. Tínhamos zero parto em maio, já em junho 24, e julho 60 procedimentos. Hemodinâmica, também ofertado ao SUS, tínhamos zero em maio e fomos para 52 em junho. Em julho quase triplicamos, demos um salto para 134, e em agosto 49, uma parcela significativa ligada ao SUS. A gente tem um mês e 10 dias com reabertura de emergência e cumprindo as etapas. A tendência é que seja ampliado com a implantação com mais serviços cumprindo o papel social e filantrópico”.



Complementando a colocação de Nonato, Dumet também salienta as maiores complexidade do hospital hoje estão sendo ofertadas ao SUS. "A população carente tem tido acesso aos serviços do Hospital Espanhol que tem auxiliado bastante na resolutividade das principais demandas dessa parte da sociedade que às vezes fica nos hospitais públicos aguardando atendimento. Nós temos hoje 10 leitos de UTI reservados e um volume grande de cirurgias contratadas e executadas cumprindo o que determina a lei de filantropia”.
Ao final da conversa, outro assunto tratado foi a espera do empréstimo R$ 50 milhões da Desenbahia. "Eu sei que o governo tem se desempenhado bastante, presidente da Desenbahia, Aristóteles Menezes Jr., tem dados declarações que o trato será cumprido. Nós temos certeza que as outras etapas serão cumpridas. Caso isso não ocorra, o hospital retorna a um quadro financeiro complicado. Mas ainda nessa semana, por questões burocráticas tem que sair essa semana", conclui Dumet.


Em maio deste ano, a Caixa Econômica Federal aprovou um empréstimo de R$ 57,6 milhões para a Real Sociedade Espanhola de Beneficiência, responsável pelo Hospital Espanhol, de acordo com informações da Secretaria do Estado da Bahia (Sesab). Por meio de nota, a Sesab informa que o empréstimo é para "sanear financeiramente" a instituição e diz que a operação teve apoio do Governo do Estado e "empenho pessoal do governador Jaques Wagner". O repasse foi liberado em duas parcelas - a primeira já nos primeiros dias, no valor de R$ 32,6 milhões, e a segunda no valor de R$ 25 milhões em data não divulgada. A Sesab já afirmou por meio de nota que está curso a liberação de um empréstimo de cerca de R$ 50 milhões pela Desenbahia, o que totalizaria R$ 107,6 milhões para auxiliar a instituição. O Governo informou também que pretende ampliar a oferta de serviços na unidade médica através do Sistema Único de Saúde (SUS) e ampliar a participação do Planserv, plano de saúde dos servidores estaduais.

Publicada no dia 19 de agosto de 2013, às 14h01

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