Saúde

Casos de HIV no público idoso crescem 125% em 12 anos

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Especialistas apontam falta de comunicação como um fator que fez crescer casos de HIV no público idoso  |   Bnews - Divulgação Divulgação // Conesp

Publicado em 17/10/2022, às 17h20   Redação BNews


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Desde que passaram a ser notificados no Brasil, em 2007, os casos de HIV cresceram, em especial na população idosa.

A infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas Gisele Cristina Gosuen, responsável por um ambulatório da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que acompanha pessoas idosas que vivem com HIV, explica que quando se estuda a manifestação do vírus nesta população são consideradas as pessoas a partir de 50 anos.

Dados do Boletim Epidemiológico HIV/Aids 2021, do Ministério da Saúde, dão conta de que entre 2007 e 2009 foram notificados 2.383 casos de HIV em pessoas a partir de 50 anos. Já em 2019, quando houve um pico de casos novos, foram registradas 5.469 novas pessoas idosas com HIV, o que representa um salto de 129% em registros novos comparando os dois períodos.

Para Gisele, esta geração não tem a cultura do preservativo, já que muitos passaram anos em uma única relação monogâmica.

“Ouço muito ainda das pacientes que o preservativo é apenas para evitar a gravidez, e uma vez que elas não correm mais este risco não veem razão para utilizar. Já os homens idosos relacionam o uso do preservativo apenas com profissionais do sexo”, afirma.

Sobre os homens, o Boletim Epidemiológico indica que entre 2007 e 2021, 52,1% dos casos foram decorrentes de exposição homossexual ou bissexual. Gisele afirma que no ambulatório da Unifesp são atendidas cerca de 300 pessoas e, na sua maioria, homens que fazem sexo com outros homens - o que ainda fomenta o estigma do HIV às pessoas LGBTQIAPN+.

A profissional de saúde acrescenta que as medicações para disfunção erétil, também impactam neste aumento de infecção ao longo dos anos, além das redes sociais com os aplicativos de relacionamento , que trouxeram mais possibilidades de encontros e parceiros sexuais, mesmo que essa população não seja tão antenada com tecnologia.

Para o infectologista Vinicius Borges, especializado em saúde LGBT+, outro ponto que contribui para este aumento de casos de HIV na população idosa ao longo dos anos é o tabu sobre a sexualidade nesta faixa etária: “Além de muitas destas pessoas não terem tido a oportunidade de debater as questões de sexualidade na juventude, na vida adulta e idosa elas têm a sexualidade invisibilizada, principalmente se forem LGBT+”.

O médico afirma ainda que é responsabilidade dos profissionais de saúde, quando abordam prevenção, HIV, ISTs e desejo sexual, incluírem a população idosa nesta discussão, para que ela não fique privada de informação e acesso às tecnologias de prevenção.

“Invisibilizar a função sexual do idoso é deixar ele mais vulnerável à infecção por HIV e pelas demais ISTs”, afirma ao Ig.

Outro ponto que o profissional aborda são os mecanismos de comunicação sobre vida sexual para esta população, em especial a LGBT+, que não são os mesmos para gerações mais jovens. Ele acredita que a melhor forma é estimular a conversa nos consultórios.

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