Saúde

IBGE inclui pela primeira vez orientação sexual em pesquisa e conclui que 1,9% da população é homossexual ou bissexual

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Ainda conforme a pesquisa do IBGE, essa porcentagem representa pelo menos 2,9 bilhões de brasileiros  |   Bnews - Divulgação Marcelo Camargo/Agência Brasil

Publicado em 25/05/2022, às 12h02   Redação BNews


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Pela primeira vez incluindo a orientação sexual dos brasileiros em suas pesquisas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), por meio da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS): Orientação Sexual, mostrou que pelo menos 2,9 milhões de brasileiros (1,9% da população) se declaram homossexuais ou bissexuais, enquanto outros 3,6 milhões não quiseram responder ou não sabiam (3,4%). Os dados foram divulgados na manhã desta quarta-feira (25), e são compatíveis com os aferidos em outros países.

A pergunta foi introduzida na PNS de 2019 para atender à demanda por informações sobre a orientação sexual da população. Para a pergunta “qual é a sua orientação sexual?”, a pesquisa oferecia seis opções de respostas: heterossexual, homossexual, bissexual, outra orientação sexual, não sabe e recusou-se a responder. Perguntas sobre identidade de gênero não foram incluídas nessa pesquisa, mas o IBGE espera acrescentá-las em próximas edições.

Segundo o levantamento, em 2019 havia 159,2 milhões de pessoas com 18 anos ou mais no País, das quais 46,8% eram homens e 53,2% mulheres. Deste total, 94,8% se declararam heterossexuais; 1,2% homossexuais; 0,7% bissexuais; 0,1% declararam outra orientação sexual (assexual ou pansexual) e 3,4% não sabiam ou não quiseram responder.

Ao Estadão, a coordenadora do trabalho, Maria Lúcia Franca Pontes Vieira, concluiu que ainda é um tema muito sensível e delicado, tanto na abordagem quanto na resposta. Ela lembra que em pelo menos 70 países as relações homossexuais ainda são criminalizadas.

Levantamento do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+, divulgado na primeira quinzena de maio, mostrou que pelo menos cinco pessoas LGBTI+ foram vítimas de homicídio no País a cada semana em 2021. Ao todo, foram 262 assassinatos, aumento de 21,9% em relação ao ano anterior, quando o total foi de 215. Em 2020, diante da quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus, houve queda de vários tipos de crime. Os alvos mais comuns foram gays (48,9%) e mulheres transexuais e travestis (43,9%).

De um total de 1,1 milhão de pessoas que se declararam bissexuais, a maioria era formada por mulheres (65,6%). Por outro lado, entre os 1,8 milhão de homossexuais, os homens eram maioria (56,9%). Ao avaliar os resultados por cor ou raça, não foi verificada diferença significativa entre os brancos (1,8%) e pretos e pardos (1,9%).

A pesquisa mostra que o maior contingente de homossexuais ou bissexuais está entre os mais jovens (18 a 29 anos). Chega a 4,8% do total nesta faixa etária. Os porcentuais são menores conforme as faixas de idade aumentam, chegando a apenas 0,2% entre as pessoas com 60 anos ou mais.

O porcentual de pessoas que não quiseram ou não souberam informar sua orientação sexual também foi mais elevado na população de 18 a 29 anos (5,3%). Nas demais faixas, se manteve entre 2,5% (60 anos ou mais) e 3,0% (40 a 59 anos).

Em relação ao nível de instrução, o porcentual de homossexuais e bissexuais chegou a 3,2% entre aqueles com nível superior completo e foi significativamente menor entre os que tinham o fundamental incompleto (0,5%).

A proporção de pessoas que informaram não saber sua orientação sexual ou não quiseram responder foi bem maior entre as pessoas com nível de instrução menor. Segundo Maria Lúcia, pode ter havido alguma dificuldade de compreensão da pergunta por esse grupo, que ainda está sendo avaliada.

Quanto ao rendimento domiciliar per capita, os maiores porcentuais de pessoas homossexuais ou bissexuais foram observados nas duas classes sociais de rendimento mais elevado: 3,1% para aqueles com renda de 3 a 5 salários mínimos e 3,5% entre os que recebem mais de 5 salários mínimos. Os porcentuais também são maiores nas áreas urbanas (2,0%) do que nas rurais (0,8%).

A pesquisa mostra que os números sobre orientação sexual no Brasil estão um pouco abaixo do verificado nos inquéritos domiciliares de outros países, ainda que os resultados sejam considerados compatíveis. O trabalho mostra que os porcentuais são mais baixos que os brasileiros somente na Colômbia (1,2%). No Chile, o número é igual ao nosso: 1,8%. Mas são um pouco maiores no Reino Unido (2,2%), Austrália (2,7%), Estados Unidos (2,9%) e Canadá (3,3%).

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