Saúde

Infectologista alerta para "casos acumulados" de tuberculose durante pandemia da Covid-19

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Evento realizado pela Fundação José Silveira debate a doença, que teve "casos acumulados" durante a pandemia  |   Bnews - Divulgação BNews

Publicado em 05/12/2022, às 10h16   Tiago Conceição


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Esta segunda-feira, 5 de dezembro, é o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, doença que foi diagnosticada em 69 mil pessoas e levou outras 4,5 mil a óbito no Brasil somente em 2020. Com a chegada da pandemia do novo coronavírus, os desafios foram se acentuando. O assunto foi tratado na palestra "O Panorama da Tuberculose no Brasil", que acontece na Fundação José Silveira, em Salvador.

Eduardo Martins Neto, infectologista coordenador do centro de pesquisa aprendizagem e inovação da Fundação, concedeu entrevista ao BNews e falou mais sobre o assunto. O especialista explicou que houve uma falsa diminuição de casos da doença durante a fase mais aguda da pandemia.

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"Esse momento tem muito a ver com a pandemia da Covid-19, pois a tuberculose se confunde muito. Ela vem com tosse, vem com febre, vem com mal-estar, e a tuberculose também. É uma doença que você tem tosse, febre, por três semanas, aquele mal-estar geral, e os dois se confundem, e realmente tivemos um impacto muito negativo durante o primeiro ano da pandemia com a diminuição significante com o número de casos, mas não porque não existem. Existiram e agora estamos sofrendo com o aumento no número de casos da tuberculose. Então, é importante buscar esses casos. Nós estamos com a Feira da Saúde, buscando casos de sintomáticos respiratórios", disse.

O especialista trouxe dados preocupantes sobre a tuberculose na Bahia: "Temos em torno de 1% a 1,7% de casos por ano. Mas, durante a pandemia, sofremos uma diminuição de quase 17% no número de casos captados. No ano seguinte, em 2021, cresceu muito o número de casos, porque esses casos foram acumulados. Tivemos em torno de 1.900 casos diagnosticados em Salvador e na Bahia em torno de 5.300 casos de tuberculose"

A facilidade com que o medicamento de tratamento da tuberculose é encontrado no serviço público favorece o tratamento e a diminuição real de casos, conforme Eduardo Martins: "A tuberculose depende dos recursos do serviço público. A droga é de graça, é fornecida de graça. Isso eleva a captação e diminui a taxa de abandono do paciente. O posto de saúde é sustentado por essa máquina toda de saúde pública, que nós precisamos. Então, realmente a diminuição do número de casos está associado ao investimento".

Para o infectologista, o marco temporal do dia 05/12 é importante para alertar a população sobre a gravidade da doença e da importância de realizar o tratamento de forma precoce. "A data é um reforço do significado de busca do sintomático respiratório. Aquela pessoa que tem três semanas tossindo, apresentando tosse com escarro, é muito importante buscarmos esses casos. A tuberculose é uma doença aguda. Em 85% dos casos é de tuberculose respiratória. Então, estamos buscando esses casos, que se transmite pela tosse. Se buscarmos precocemente, diminui o número de casos", afirmou ao BNews.

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