Saúde

Médico Gabriel Almeida critica proibição para prescrição de anabolizantes: "uma forma de censura ao médico"

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Decisão proíbe a prescrição de anabolizantes por parte de médicos  |   Bnews - Divulgação Divulgação
Marcelo Ramos

por Marcelo Ramos

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Publicado em 11/04/2023, às 12h35 - Atualizado às 12h40


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O médico, escritor e palestrante Gabriel Almeida fez duras críticas à decisão do Conselho de Medicina, de proibir a prescrição de anabolizantes para fins estéticos, seja para ganho de massa muscular ou melhora do desempenho esportivo. A medida entrou em vigor nesta terça-feira (11). Em entrevista ao BNews, Gabriel afirmou que “lamenta profundamente” a decisão, mas que todos os médicos devem seguir as determinações. Segundo ele, a medida pode banalizar ainda mais a área de saúde.

“Como todos os profissionais, vou seguir as determinações do Conselho de Medicina. Mas, lamento profundamente essa decisão, que claramente é uma forma de censura ao médico. Temos evidências da importância da massa muscular na saúde. Tanto temos evidência que exista uma doença chamada sarcopenia, que é caracterizada pela perda de massa muscular, de força muscular e diminuição do desempenho físico. A sarcopenia era uma doença que se dava mais em idosos, mas hoje está cada vez mais precoce. Existem evidências científicas de que os indivíduos obesos também podem sofrer com a sarcopenia, e a perda de massa muscular nesses indivíduos é responsável pelo “efeito sanfona”, pelo reganho de peso, afirmou.

Ainda de acordo com o profissional, a medida pode banalizar ainda mais a atividade, permitindo que não-médicos possam prescrever hormônios. “Os médicos vão parar de falar de hipertrofia, desempenho esportivo, e isso vai ser mais uma oportunidade para que profissionais de outras áreas de saúde assumam esse posto. E o que vamos começar a evidenciar são profissionais não-médicos prescrevendo hormônios e uma enxurrada de pessoas nas academias orientando sobre o uso de esteroides anabolizantes ou outras substâncias que não são nem liberadas pela Anvisa”, disse.

Questionado se acredita que o Conselho de Medicina pode voltar atrás na determinação, Gabriel se mostrou esperançoso. “Acredito sim na reversão da decisão porque muitas pessoas vão sofrer sem o cuidado médico para esse controle de perda da massa muscular. Torço, em nome da ciência, que o músculo seja encarado não apenas como estética, mas sim como um grande órgão endócrino produtor de substâncias que estão associados à diminuição do surgimento de doenças”, concluiu.

O uso não será extinto
Apesar da decisão, uso de terapias hormonais não foi extinto e sim restringido aos casos de deficiência comprovada, assim como cruzada em transgêneros e, a curto prazo, em mulheres com diagnóstico de Desejo Sexual Hipoativo.

Entre as indicações de tratamento, estão casos de doenças como hipogonadismo, condição médica causada pelo mau funcionamento das gônadas de pacientes de ambos os sexos, afetando ovários e testículos, resultando em uma dificuldade de produção de determinados hormônios e, consequentemente, problemas de fertilidade; puberdade tardia, micropênis neonatal e caquexia, quando há perda de tecido adiposo e músculo ósseo, presente em alguns canceres sem controle, principalmente, pancreático e gástrico.

Procedimentos impedidos

  • utilização de qualquer formulação de testosterona em pacientes sem o diagnóstico de deficiência do hormônio, exceto em situações previstas por outras normas;
  • utilização de formulações de esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos com a finalidade estética;
  • utilização de formulações de esteroides anabolizantes ou hormônios androgênicos com a finalidade de melhora do desempenho esportivo, para atletas amadores e profissionais;
  • prescrição de hormônios divulgados como "bioidênticos", em formulação "nano" ou nomenclaturas de cunho comercial e sem a devida comprovação científica de superioridade clínica;
  • prescrição de Moduladores Seletivos do Receptor Androgênico (SARMS), para qualquer indicação, por serem produtos com a comercialização e divulgação suspensa no Brasil;
  • realização de cursos, eventos e publicidade com o objetivo de estimular e fazer apologia a possíveis benefícios de terapias androgênicas com finalidades estéticas, de ganho de massa muscular ou de melhora de performance esportiva.

Classificação Indicativa: Livre

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