Morte de adolescente levanta discussão sobre inalação de desodorante; entenda

A britânica Giorgia Green, de 14 anos, morreu de parada cardíaca após borrifar um desodorante em seu quarto em 2022. Apesar de parecer inusitado, a situação não é tão incomum assim. Outros jovens já morreram acidentalmente da mesma forma e, por isso, a Associação Britânica de Fabricantes de Aerossóis (Bama, na sigla em inglês) segue defendendo que os desodorantes têm "advertências muito claras".

No Reino Unido, é obrigatório que os aerossóis tenham impresso na embalagem o aviso "manter fora do alcance das crianças". Já no Brasil, desde 1976, é proibido que esses produtos sejam vendidos em forma de aerossol para crianças. Em 2017, uma nova lei acrescentou um parágrafo afirmando que os produtos destinados ao uso infantil "deverão ter características de rotulagem e de embalagem que possibilitem a sua imediata e precisa distinção daqueles destinados ao uso adulto".

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Os pais da Giorgina lamentaram o fato e analisaram que os avisos, no Reino Unido, são com letras muito pequenas e que os filhos não devem nem perceber. "As pessoas não sabem o quão perigoso pode ser o conteúdo dessas latas", disse o pai de Giorgia, Paul ao BBC News. "Gostaria que ninguém mais no país — ou no mundo — passe pelo que passamos", afirmou.

Ele ainda disse: "Não queremos que a morte de nossa filha seja em vão". Para os pais da menina, os desodorantes devem ter o seguinte aviso: "pode matar instantaneamente". Giorgina era autista e gostava de borrifar o produto nos cobertores, pois achava o cheiro reconfortante.

"O cheiro dava a ela uma certa sensação de relaxamento", contou Paul Green. "Se ela estivesse se sentindo um pouco ansiosa, ela borrifava o desodorante e isso fava uma sensação de conforto, porque era o desodorante que minha esposa usava", relembrou.

Giorgina foi encontrada, já inconsciente, pelo irmão mais velho. "A porta dela estava aberta, então não era um ambiente fechado", disse Paul. "A quantidade exata [de desodorante inalada] não está clara, mas seria mais do que uma pessoa normalmente usaria", acrescentou.

As investigações concluíram que se tratou de um acidente a morte da adolescente. A causa do óbito foi registrada como "não determinada, mas consistente com a inalação de aerossol".

A consultora de saúde pública da RoSPA, Ashley Martin, alertou: "A inalação de grandes quantidades de aerossóis, não apenas de desodorantes, pode levar a uma série de cenários que colocam a vida em risco — de desmaios e dificuldades respiratórias a alterações do ritmo cardíaco e, infelizmente, à morte".