Saúde

Saiba como realizar vasectomia pelo SUS em Salvador

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O BNews te explica o que fazer para recorrer à vasectomia de forma gratuita na capital baiana  |   Bnews - Divulgação Reprodução/Clínica Urodinâmica

Publicado em 18/02/2022, às 06h36   Beatriz Araújo


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Não cabe somente à mulher o uso de métodos para evitar uma gravidez. Para o homem, uma opção estratégica, além dos preservativos, é a vasectomia, procedimento cirúrgico que interrompe a circulação dos espermatozoides produzidos pelos testículos, impedindo assim a gestação. Em Salvador, é possível recorrer à cirurgia de forma gratuita, através da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O BNews te explica o que fazer para realizar vasectomia pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na capital baiana.

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Como ter acesso ao serviço

De acordo com a SMS, os homens interessados em fazer o procedimento por meio do SUS devem procurar uma unidade básica de saúde munido de documento de identificação com foto e cartão SUS de Salvador. Após passar por uma triagem, ele será encaminhado para fazer a vasectomia no Centro de Pesquisas e Assistência em Reprodução Humana (CEPARH), localizado no bairro da Federação, em Salvador. Ao BNews, a secretaria informou, ainda, que realiza 130 procedimentos por mês.

Paciente relata experiência

Em 2019, o autônomo Eduardo Clímaco, de 45 anos, decidiu que não queria mais ter filhos. À reportagem, ele contou como foi o processo em busca da vasectomia pela rede pública municipal de Saúde. “Eu passei por um posto de saúde do município, de lá eu peguei uma requisição e fui pro CEPARH fazer a vasectomia”, iniciou.

“Eles me encaminharam para a assistente social do CEPARH, cheguei lá e ela fez uma entrevista, procurou saber sobre mim, se eu estava trabalhando, se eu tinha filho, se estava decidido mesmo a fazer a vasectomia, isso tudo na presença da companheira”, explicou.

Para realizar o procedimento, Eduardo conta que precisou aguardar um prazo de cerca de dois meses, tempo indicado pela assistente social para que o paciente possa decidir se realmente pretende fazer a cirurgia. “Depois desse período, eu voltei de novo lá no CEPARH e a cirurgia foi super simples. Não tem bicho de sete cabeças. Passei um dia lá porque tem todo um preparatório, mas eu fui de manhã e saí de tardezinha. Precisei ficar de 15 a 20 dias de abstinência sexual e depois disso, voltou tudo ao normal”, completou.

O autônomo considerou “rápido” o processo para a realização da vasectomia por meio da SMS. “O que demora é justamente esse período que eles dão para você pensar, e que mesmo assim, é importante para que a pessoa tome a decisão certa”, avaliou.

Eduardo relatou, ainda, que sem a opção de fazer a vasectomia pelo SUS, não teria como realizar a cirurgia. “Eu tenho três filhos e foram todos, de certa forma, acidentais, não foi nada planejado. Fui namorando e foi acontecendo, e pronto, aconteceu três filhos. Aí sem emprego, como é que eu vou ter mais filho?”, pontou. “Sem essa possibilidade não teria condições de arcar com o custo por estar desempregado”, finalizou.

Critérios para realização da cirurgia

O urologista e doutor em urologia pela Universidade de Essen, na Alemanha, Roberto Rossi, informou ao BNews quais são os critérios estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a realização da vasectomia.

“Se for levar em consideração aquilo que a OMS preconiza, tem que ser maior de idade, a princípio, acima de 21 anos de idade, e ter, pelo menos, um filho. Não precisa estar em união estável, nem faz diferença se é solteiro. A única coisa que acontece, é que a partir do momento que se tem um casamento, normalmente, deve existir um consentimento do parceiro, ou da parceira, para poder se submeter ao procedimento. Então, a partir do momento que a pessoa está casada, ela deve ter o consentimento de com quem ela está casada”, elencou.

“Se a pessoa estiver solteira, ela não precisa desse consentimento, basta seguir os pré-requisitos da idade, e do número de filhos, mas caso esteja casada, tem que ter o consentimento do parceiro, ou parceira”, emendou o médico.

Já segundo a Secretaria Municipal de Saúde, entre os pré-requisitos para realização do procedimento cirúrgico por meio da rede pública municipal de Saúde da capital baiana, estão: ter no mínimo 25 anos de idade; ter no mínimo 2 filhos vivos; ter estabilidade conjugal (se estiver casado); haver comum acordo do casal; existir indicação psicológica e/ou social.

Vida sexual após o procedimento

De acordo com o cirurgião, a vasectomia não interfere na vida sexual do paciente. “Existem as complicações cirúrgicas, que são raras, mas que podem acontecer. Mas do ponto de vista funcional, não há nenhuma alteração na libido do paciente, na ereção”, garantiu. A única coisa que a gente sabe que existe é uma pequena redução do volume da ejaculação, porque ocorre a ausência da produção de espermatozoide, e com isso você fluidifica mais o esperma, porém, a quantidade é a mesma de antes, só a qualidade do ejaculado que é um pouco menos espesso, digamos assim”, acrescentou.

Cirurgia pode ser revertida

O médico explica que a vasectomia é uma cirurgia reversível. “As taxas de reversibilidade são muito boas em pacientes que realizaram o procedimento de vasectomia. Até cinco anos, que ele deseje fazer a reversão, ele chega próximo aos 75% de sucesso de reversão. Entre cinco, a 10 anos, ele chega em torno de 50 a 60%, e a partir de 10 anos que a vasectomia foi feita, isso fica em torno de 40 a 50%”, contextualizou.

Procura por vasectomia aumentou durante a pandemia

Segundo Roberto Rossi, a procura pela cirurgia de vasectomia aumentou durante o período de pandemia da Covid-19. Em 2021, o médico conta que chegou a realizar cerca de 100 procedimentos. “Eu atribuo isso à dificuldade econômica que as famílias se encontram depois de tudo isso. Todo mundo sabe que hoje em dia não é fácil sustentar um filho e as pessoas estão realmente, digamos assim, finalizando o seu planejamento familiar de forma mais precoce, por conta de tudo isso que aconteceu”, considerou.

Orientações médicas

Rossi afirma que a cirurgia de vasectomia é simples, mas como toda cirurgia, é necessário tomar os cuidados devidos, como, por exemplo, seguir as orientações médicas. ‘Ouvir o médico, seguir aquilo que ele solicita depois do procedimento, porque dessa forma, na grande maioria das vezes, você não tem nenhuma complicação nisso. Além do mais, o homem tem a possibilidade de reversão, coisa que para a mulher, ainda não está disponível”, aconselhou.

“A mensagem, talvez mais importante de todas, é que o paciente tem que saber que, após a vasectomia, ele só pode manter relações desprotegido, se ele tiver a certeza, através do espermograma, de que não existe mais nenhum espermatozoide acumulado no esperma. Então, depois da vasectomia, ele não está liberado, ele precisa esvaziar algumas vezes a vesícula seminal dele, para nós realizarmos o espermograma, e só aí, o médico autorizar ele a ter uma relação desprotegida”, alertou.

O doutor chama ainda atenção para a importância do uso de preservativos, mesmo após a realização da cirurgia, como forma prevenção contra Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). “As doenças sexualmente transmissíveis continuam assolando as pessoas pelo mundo, então é importante manter o uso do preservativo”, finalizou.

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