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De almoços curtos a taxa para fotos: veja 12 medidas contra o excesso de turistas na Europa

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Medidas incluem a proibição de almoçar sozinho em alguns horários, campanha contra turistas 'bagunceiros', veto a cruzeiros e limites a acomodações de curto prazo  |   Bnews - Divulgação Divulgação / Pixabay

Publicado em 28/08/2023, às 14h17   Téo Mazzoni


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Após anos de pandemia, o turismo global explodiu, com 235 milhões de pessoas viajando internacionalmente no primeiro semestre, de acordo com a Organização Mundial do Turismo (OMT). Esse aumento trouxe benefícios econômicos para empresas aéreas, hotéis, restaurantes e governos, mas também revelou um lado problemático: o impacto muitas vezes prejudicial que os turistas podem ter em cidades e regiões, prejudicando a convivência com os moradores locais.

Um exemplo recente ocorreu em Maui, uma ilha no Havaí, onde devastadores incêndios resultaram em 115 mortes, quase 400 pessoas desaparecidas e uma destruição raramente vista nos EUA. Apesar dos danos e das dificuldades enfrentadas pelos moradores, os hotéis e resorts da ilha permanecem cheios. Alguns sinais direcionados aos visitantes começaram a aparecer: "Pedimos aos turistas que respeitem nossa tragédia e fiquem afastados".

No entanto, além das situações de desastre, cidades com grande apelo turístico, como Paris, Barcelona e Atenas, estão testemunhando um aumento do descontentamento dos moradores, um fenômeno conhecido como "overtourism" (excesso de turistas). A crescente demanda por propriedades tem elevado os custos de aluguel e imóveis, forçando os moradores a se mudarem para áreas mais distantes e acessíveis em termos financeiros. Pelo menos por enquanto.

Há também os impactos do "overtourism" nas próprias cidades. Veneza, na Itália, e Bruges, na Bélgica, temem ser adicionadas à lista de cidades em perigo devido à falta de cuidado dos turistas com as estruturas locais. Em julho, um turista búlgaro ganhou notoriedade global ao escrever em uma das paredes do Coliseu, em Roma. Essa notoriedade não se limitou à mídia, mas também resultou em um processo judicial na Itália.

A questão é: como mitigar ou pelo menos reduzir os impactos do excesso de turismo? Várias medidas foram adotadas por destinos populares entre os turistas.

Barcelona (Espanha)
Na cidade, uma medida controversa extraoficial está em vigor, impedindo que indivíduos se sentem sozinhos em alguns restaurantes durante certos períodos, como o horário de almoço. Além disso, está sendo implementado um controle sobre a duração do tempo passado nas mesas. Recentemente, no mês de julho, uma conhecida loja especializada em embutidos anunciou a intenção de cobrar uma taxa de € 5 (equivalente a R$ 26) dos turistas que adentrarem a loja apenas com o propósito de tirar fotografias.

Santiago de Compostela (Espanha)
O município está em meio a discussões sobre a implementação de uma possível "taxa de turismo" que seria aplicada nas estadias, e também passou a adotar o "Código de Etiqueta", que consiste em 12 diretrizes recomendadas aos visitantes.


Madri (Espanha)
Estabelecimentos gastronômicos na cidade principal da Espanha vêm adotando de maneira não oficial uma prática que contrasta com a tradição local: solicitar reservas e estabelecer restrições de tempo para a ocupação das mesas. Isso implica no fim das refeições prolongadas e sem pressa que são característicos dos habitantes de Madri.


Palma (Espanha)
Na ilha de Maiorca, a localidade começou a restringir a quantidade de navios de cruzeiro que atracam, permitindo apenas três por dia. Essa medida tem como objetivo gerenciar a quantidade de visitantes que desembarcam na região.

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Reino Unido
Uma legislação foi sancionada pelo governo do Reino Unido, exigindo o cadastro de habitações de aluguel a curto prazo, permitindo a avaliação de seu impacto nas comunidades. Na capital, Londres, a norma estabelece um limite máximo de 90 noites por ano em que uma residência pode ser disponibilizada no Airbnb ou plataformas similares.

A administração municipal proibiu a abertura de novos apartamentos para aluguel em áreas de elevado influxo turístico, visando salvaguardar os residentes originais. Em 2021, a plataforma Airbnb enfrentou uma multa de € 8 milhões (equivalente a R$ 42 milhões) por divulgar anúncios de aluguel de curta duração sem a devida regulamentação. A nível nacional, o governo também está implementando campanhas para incentivar a exploração de destinos menos frequentados e aliviar o fluxo turístico na Cidade das Luzes.

Berlim (Alemanha)
A cidade está empenhada em mitigar o aumento dos valores de aluguel através da implementação de normas e restrições para acomodações de curta temporada.


Munique (Alemanha)
Em Munique, foi sancionada a medida de retirar ônibus de áreas históricas, juntamente com a implementação de incentivos para estadias em bairros menos populares e a promoção de atrações na cidade durante os períodos de menor movimento turístico.


Atenas (Grécia)
No município, a administração planeja lançar um projeto experimental a partir do início de setembro, com o intuito de controlar o fluxo de visitantes à Acrópole, o principal atrativo turístico da região. Esse projeto determinará um limite diário de 20 mil visitantes. Além disso, foram estabelecidas diretrizes mais rigorosas quanto ao período de permanência dos visitantes no local.

Amsterdã (Holanda)
No mês de março, foi iniciada uma campanha direcionada a um grupo específico: homens jovens, predominantemente ingleses, que escolhem a cidade como destino para fins de semana de excessos com álcool e substâncias ilícitas, como parte de despedidas de solteiro. A mensagem é clara: se a intenção é visitar a capital holandesa com o propósito de se envolver em comportamentos perturbadores, essa não é uma atitude desejada pelas autoridades locais.

Além disso, as autoridades estabeleceram restrições no horário de funcionamento de bares e proibiram o consumo de maconha em algumas vias do centro da cidade. Também houve a imposição de limites ao número de navios de cruzeiro autorizados a atracar na região.


Dubrovnik (Croácia)
Após ganhar notoriedade ao ser usada como cenário nas séries da HBO "Game of Thrones" e "House of the Dragon", a cidade implementou uma proibição de transporte de bagagens em áreas específicas de destaque em seu centro histórico. Além disso, está considerando a adoção de outras medidas similares.


 Veneza (Itália)
A administração municipal de Veneza está analisando a viabilidade de implementar uma taxa de acesso à Cidade Antiga e às ilhas menores. Originalmente planejada para entrar em vigor em 2023, a "contribuição de acesso" teve sua implementação adiada. Embora Veneza tenha proibido cruzeiros em 2021, a aplicação dessa medida ainda enfrenta desafios logísticos.

Curiosamente, o conflito entre parte dos habitantes locais e os visitantes turísticos serviu como pano de fundo para o filme de terror "Encurralados em Veneza" (EUA, 2021) — embora a trama não seja passível de elogios, destaca-se o fato de que o sentimento anti-turismo está subjacente às mortes violentas retratadas na história.

Classificação Indicativa: Livre

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