Diretor do Tivoli Ecoresort diz que “Brasil não entendeu a força do turismo” e exalta a Bahia: “não há estado melhor”

O Tivoli Ecoresort Praia do Forte completou 38 anos recentemente e fez uma celebração para convidados. Mas, o presente maior estava por vir: a unidade foi vencedora do World Travel Awards na categoria “Melhor Resort de Praia da América do Sul”. Em entrevista à editoria BNews Turismo, João Eça Pinheiro, Diretor Geral do Tivoli Ecoresort Praia do Forte, falou sobre a nova conquista, sobre a importância de oferecer serviço de excelência e, também, de apostar na gastronomia como grande atrativo.

Eça também abriu o jogo em relação aos momentos vividos durante a pandemia da Covid-19 e falou sobre o turismo na Bahia e no Brasil. Segundo o diretor, o País “não entendeu a força do turismo”.

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Confira a entrevista na íntegra abaixo:

BNews Turismo: Foram 38 anos de celebração do Tivoli Ecoresort Praia do Forte. Diante desse retrospecto, o que você tem a falar sobre a permanência do grupo aqui na Bahia por tanto tempo?

João Eça: Como você deve imaginar, quatro décadas em hotelaria de luxo não são quatro dias e não são pra qualquer um. São quase quatro décadas na linha de frente, se você não tiver qualidade, se você não fizer uma boa entrega, não tem como. Isso é que temos feito no Tivoli Ecoresort e esse mérito vai para as pessoas, que são o primeiro argumento de venda forte que temos. Independentemente da localização fantástica, independentemente do entorno do Praia do Forte, da natureza exuberante, da Mata Atlântica as pessoas são o pilar de toda nossa operação e de todo o nosso sucesso.

BNews Turismo: o serviço é outro destaque no Tivoli. Como vocês conseguiram alcançar esse nível de excelência, com um time tão comprometido, o que reflete no tratamento no dia-a-dia com o hóspede?

João Eça: mais uma vez esse mérito vem do gerente, da equipe do hotel. Cada gerente tem plena consciência de quais são nossas metas, de qual é o grau de exigência dos nossos hóspedes, que nos obrigam a ir cada vez mais longe. E cada um faz dentro do seu grupo um plano e um treinamento aos seus colaboradores de forma a conjuntamente entregar esse serviço de excelência, que reconheço que é um diferencial grande no hotel. É algo que os nossos colaboradores entenderam há muito, que era necessário termos um diferencial, e não apenas a publicidade. Então, temos esse trabalho de formação constante, de melhoria, de aprimoramento, de procedimentos, de introdução de tecnologia dentro de nossa realidade para que ela nos torne mais eficiente, mas que a gente não perca o calor humano.

BNews Turismo: o Tivoli Ecoresort Praia do Forte foi o vencedor da categoria “Melhor Resort de Praia da América do Sul” na premiação World Travel Awards. É uma cereja no bolo desse aniversário de 38 anos?

João Eça: Para celebrar esses 38 anos, fomos agraciados no World Travel Awards, que é como o Oscar do turismo internacional, como o melhor resort de praia da América do Sul. Nós já ganhamos anteriormente esse prêmio como melhor resort de praia do Brasil e, também, como melhor resort família. O nosso SPA já ganha há vários anos como melhor SPA de resort. Mas o prêmio de melhor resort de praia da América do Sul foi a primeira vez que a gente conseguiu atingir e isso veio a premiar tudo o que eu falei dos gerentes e da equipe do hotel, que conjuntamente nos levaram a esse grau de excelência, e que vai nos abrigar a ir mais longe, a fazer melhor. Essa responsabilidade agora aumentou, temos que ir mais longe, que conseguir encantar. É um desafio que recebemos de braços abertos e com muita satisfação, porque é isso que nos motiva, que nos renova. Esse foi um magnífico presente de aniversário de 38 anos do Tivoli, que não representa só Praia do Forte, mas sim todo o turismo baiano e, em termos internacionais, o turismo brasileiro.

BNews Turismo: além de buscar um bom serviço, descanso ou diversão, hoje os hóspedes também buscam cada vez mais uma boa gastronomia. E o Tivoli também tem essa cultura de investir nesse ramo. É um atrativo a mais de vocês?

João Eça: É e sempre foi. Ao longo desses 38 anos, o resort teve duas grandes bandeiras: a primeira é a bandeira da gastronomia. Nós temos várias opções para os nossos hóspedes. Temos 9 pontos de venda de comidas e bebidas dentro do resort. Procuramos estar sempre a evoluir para que haja uma oferta que seja eclética, que possa agradar a todos não só a nível de sabor, mas também de apresentação. Esse trabalho tem feito pela nossa equipe da A&B, são 280 funcionários que trabalham na parte de alimentos e bebidas. Todos são importantes. Quando se fala em alimentos e bebidas, se pensa em gerente e no chef de cozinha. Mas temos que lembra que são 280 pessoas que entregam esse serviço de uma forma de excelência e com uma vontade enorme de querer fazer cada vez melhor. Nós oferecemos todas essas opções, inclusive para as crianças, com o restaurante que temos dentro do nosso clubinho Careta Careta, que é nossa segunda bandeira. Não somos um hotel só para a família, mas somos um hotel que levamos muito a sério o acompanhamento de crianças, e por isso temos uma infraestrutura de excelência que nos ajudou a conquistar essa bandeira.

BNews Turismo: Como o Tivoli sentiu o impacto da pandemia da Covid-19 e qual estratégia foi traçada para esse período posterior de recuperação?

João Eça: Em primeiro lugar, foi um aprendizado enorme no sentido de que ninguém estava preparado, ninguém sabia o que era um acontecimento com a dimensão e com a duração que teve. Achávamos que seria rápido, mas num segundo momento entendemos que seria algo longo. E o que nós fizemos foi nos preparar ao longo do tempo, mas infelizmente tivemos que encerrar por cinco meses, de 1º abril a 1º de setembro de 2020. Olhávamos o que passava a nossa volta não só no hotel, mas em outras cidades, em outros estados, em outros países. E tentamos, como toda essa informação que íamos recolhendo, nos preparar da melhor forma possível para quando houvesse condições de abrir, o que aconteceu em setembro. E nós achávamos, a essa altura, que íamos abrir para um mercado muito pequeno, situado essencialmente à nossa volta, em Salvador, Sergipe no máximo. Então, preparamos apenas uma parte do hotel para abrir e para atender a essa demanda que nós achamos que ia ser local. Mas desde o primeiro dia que abrimos a demanda foi total, foi nacional, veio gente de todo lado que estava cansada de tudo estar fechado nas grandes cidades, nos apartamentos, para poder fazer turismo dentro do país. Isso nos trouxe um desafio muito grande que foi atender com toda a segurança que era necessário ter do ponto de vista de higiene, dos procedimentos para não gerar o aumento da pandemia. Foi um ensinamento muito grande. Com muita resiliência de toda equipe do hotel, com muita colaboração, foi possível fazer uma abertura com muito sucesso. Apesar do enorme prejuízo que a pandemia trouxe à economia mundial e brasileira, e obviamente ao setor do turismo, nós tivemos uma abertura de muito sucesso e os dois anos seguintes, 2021 e 2022, foram muito bons. Após a pandemia, o cliente quer muito mais experiências individuais, fechadas em volta da sua família, e, portanto, isso nos obrigou a ter criatividade e imaginação para criar novos produtos e serviços para atender a essa demanda. Hoje, 2023, voltamos ao normal, como antes da pandemia em 2019, com um sucesso que advém do fato de o turismo estar crescendo a nível mundial.

BNews Turismo: O que mudou no turismo desde a pandemia?

João Eça: A nível nacional, o brasileiro entendeu que o Brasil é um país continental e que em vez de viajar para fora para encontrar o paraíso, é melhor procurar no Brasil, que existem vários tipos de turismo. Aqui você pode encontrar turismo de lazer, de natureza, de aventura, gastronômico, religioso, enfim, tem um produto tão eclético dentro do país que os brasileiros não precisam viajar para fora para encontrar qualidade. O turismo é a indústria que vai crescer mais nos próximos 20 anos, e isso é sabido por todo mundo. Temos que acreditar cada vez mais na capacidade que temos de entregar serviço de qualidade. Temos que entender que o cliente hoje é bem mais exigente por causa do conhecimento que tem, já que a informação circula tão rápido pelo mundo.

BNews Turismo: atualmente, o Tivoli recebe mais pessoas de quais estados do Brasil?

João Eça: Nosso mercado nacional, vem gente de todo o Brasil. Vem num percentual mais elevado turistas da Grande São Paulo, e é fácil de entender: é um estado muito grande que tem um litoral muito pequeno. As pessoas procuram aqui não só a praia, mas também a natureza. Aliás, me desculpem os outros estados do Brasil, mas não há estado melhor do que a Bahia para entregar natureza, tradição, história, boa disposição, bom atendimento e com um clima sensacional durante todo o ano. Minas Gerais também é um mercado muito importante, assim como o Paraná. Tem um pouco de gente de todo lado, inclusive do Rio de Janeiro, apesar da costa do Rio e da tradição que tem a praia para o carioca.

BNews Turismo: o turismo depende muito do produto, mas a atuação do poder público na atração turística é fundamental. Como você avalia a atuação da gestão de Mata de São João e do governo da Bahia nesse sentido?

João Eça: olha, em termos de Mata de São João, eu sou suspeito. Sou testemunha do trabalho que há longo dos anos a prefeitura vem fazendo em tudo aquilo que está no município, que é obviamente uma atividade essencialmente de turismo. Envolve tudo que se passa no turismo ou para criar condições para aqueles que trabalham no turismo poderem entregar qualidade. O que a prefeitura fez ao longo dos anos está à vista de toda gente. Basta vir à Praia do Forte, que é um dos destinos de maior segurança do Brasil. Hoje temos um destino turístico consolidado em Praia do Forte, temos a vila, restaurantes, serviços de qualidade, tem o suporte do Aeroporto de Salvador. Em termos de prefeitura seria difícil ter feito mais além de tudo que tem sido feito tendo em conta os meios à disposição, que não são aqueles que gostaríamos. Em relação à promoção no país, o que eu posso dizer enquanto profissional da hotelaria é que o Brasil não entendeu a força que o turismo tem e o peso que o turismo pode ter para a economia nacional. O Brasil é um país continental, com imensas áreas de indústria que são prioritárias, mas ao turismo não foi dada a atenção que eu acho que merece. Acho que o turismo pode ter um peso grande no desenvolvimento do País se o estado investir mais. Às vezes parece um investimento ingrato porque tem que investir durante muito tempo para você poder tirar os benefícios. É preciso fazer investimentos na divulgação, na promoção, para que você possa trazer um benefício posterior, trazer consumidores de todas as partes para usarem mais os serviços do turismo, que tem potencial de gerar empregos, pois independentemente da tecnologia, nada é capaz de substituir o atendimento pessoal, o calor humano que é necessário entregar na hotelaria. Portanto, é um polo de geração de emprego e de desenvolvimento muito grande. Eu acho que o Brasil pode ir mais longe do que o que vem sendo feito há alguns anos. Alguns estados do Nordeste têm feito, mas acho que tem que haver uma coordenação mais forte entre os estados e entre o poder central para tornar o turismo uma indústria de referência para o País.

BNews Turismo: estamos há dois anos de o Tivoli Ecoresort Praia do Forte completar quatro décadas. Imagino que os próximos anos serão de muitas novidades.

João Eça: em primeiro lugar eu tive a sorte de estar presente nos 25 anos, nos 30, nos 35, e se Deus quiser estarei nos 40 anos. Como eu disse, o tempo passa e nós aprendemos duas vezes mais do que no ano anterior. E cada ano que passa, como temos a sorte de termos muitos clientes que retornam, temos que procurar melhorar cada vez mais para surpreender. A quem eu surpreender hoje, amanhã eu já não consigo surpreender, então é um trabalho constante. Todos os anos fazemos a reforma de um dos espaços do hotel, sejam os quartos, os restaurantes, as instalações das crianças. Temos um cuidado grande com a manutenção. Estamos sempre à procura de estar à altura dos grandes eventos e das datas comemorativas, de trazer novos atrativos que possam se juntar àqueles que já temos e surpreender nossos hóspedes. O que posso garantir é que vamos continuar a trabalhar com a mesma seriedade, a mesma vontade para termos sempre um produto atrativo e conseguirmos encantar nossos hóspedes da mesma forma que fizemos nesses 38 anos.