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Saiba os riscos das trilhas sem guia na Chapada Diamantina

Cleide Isabel/Wikimedia Commons
O Corpo de Bombeiro Militar atendeu 22 ocorrências de pessoas nas trilhas da região, de janeiro a agosto deste ano  |   Bnews - Divulgação Cleide Isabel/Wikimedia Commons
Lindaura Berlink

por Lindaura Berlink

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Publicado em 30/09/2023, às 07h00 - Atualizado às 10h50


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As balezas naturais do Parque Nacional da Chapada Diamantina atraem milhares de pessoas o ano todo, mas antes de ir para trilha, é preciso estar atento às questões de segurança. De janeiro a agosto de 2023, o Corpo de Bombeiro Militar de Itaberaba (11° BBM-BA) atendeu 22 ocorrências de pessoas nas trilhas da região.

Entre as registradas, existem aquelas que as pessoas sofrem lesões e traumas e precisam ser extraídas do local - a depender do caso, necessitando inclusive, do apoio do Grupamento Aéreo da Polícia Militar da Bahia (GRAER/PMBA) - e outras em que as pessoas se perdem e precisam ser localizados na própria trilha, como foi o caso da turista e advogada Ana Paula Simões, de 27 anos.

A mulher se aventurou, com mais três amigas, a trilha da Serra do Sincorá, na cidade de Mucugê, e só depois de quase três horas perceberam que estavam perdidas. "Eu só percebi que ninguém conhecia o lugar depois de rodar e parar na mesma bifurcação várias vezes. É muito fácil se perder porque tem vários caminhos que se cruzam", explicou a turista.

Em entrevista ao BNews, Ana contou que não conhecia o lugar, mas acreditava que as amigas, por já terem idos diversas vezes para a Chapada Diamantina, saberiam percorrer a trilha sem guia. "Como todos os outros passeios tinham dado certo, eu não me preocupei e achei que elas sabiam onde estavam indo. Só depois de muito andar,  percebemos que não sabíamos onde estávamos e muito menos como sair dali", contou. 

O guia turísitico Caio Almeida, de 25 anos, explica que a natureza está em constante movimento e por isso é ainda mais necessário a presença de um condutor especializado nos trajetos.

"O turista chega aqui achando que conhece o local porque já veio algumas vezes, mas a trilha muda o tempo todo. Pode surgir uma colmeia que não existia antes ou o local que era de fácil acesso, criar limo e ficar escorregadio, por exemplo. Por isso, conhecer a região não significa saber guiar a trilha. A natureza está em constante mudança e nós [os guias] conhecemos todos os caminhos, sabemos como nos locomover e o que fazer numa situação de emergência, mesmo com pouco recursos, porque somos treinados para isso", afirmou o guia da Associação dos Condutores e Guias de Lençóis (ACVL).

Por sorte, o passeio do grupo de Ana Paula não terminou em uma tragédia. A advogada contou que os celulares estavam carregados e havia sinal de internet e operadora. As mulheres foram resgatadas no final da tarde, por volta das 17h.

"Conseguimos entrar em contato com o guia que tínhamos fechado o passeio do dia seguinte e ele foi a ponte para que outros dois guias fossem nos regastar, já aquele que tínhamos entrado em contato estava em passeio com outro grupo. O único receio que tivemos foi de escurecer antes do resgate chegar", disse a turista.

Apesar do grupo de mulheres não terem necessitado de atendimento médico, os condutores estão preparados para agir, caso haja necessidade, com os primeiros socorros. Além disso, eles são treinados buscar ajuda sem o uso do celular e conhecer os acessos selvagens.

"O guia conhece toda região da chapada, nasceu e foi criado aqui. Então se acontecer algum incidente nos passeios, o condutor está preparado. Nós [os guias] conhecemos a região como o quintal de nossa casa e vamos saber conduzir com segurança", finalizou Caio Almeida.
Ana Paula (de casaco jeans), as amigas e os guias após o resgate

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