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Suplência de Senador é ouro da mina para predestinados

A suplência de Senador é amparada pela CF/88 e, caso venha a substituir o titular, a depender da forma, pode projetar nomes na política  |  

Publicado em 31/01/2022, às 06h30      Victor Pinto

Diferente do cargo de vice no Executivo, quando eleito assume função remunerada e a probabilidade de se tornar titular é mais palpável, mesmo momentaneamente, a composição da suplência de Senador muitas vezes é minimizada na articulação e no alinhamento de forças eleitorais. Pelo menos para fora, pois internamente pode representar muito se a conjuntura favorecer o “reserva”.

Popularmente o suplente é um cargo conhecido como o político sem voto, mas é lastreado pela Constituição Federal no artigo 46, § 3º com uma redação clara: “Cada Senador será eleito com dois suplentes”. Essa figura passa batida na campanha majoritária, muitos esquecem que votaram no senador e mais dois da suplência, cujos nomes ficam bem miudinhos no santinho.

Historicamente, desde que passou a vigorar a CF de 88, tivemos cinco suplentes que assumiram o cargo de senador, seja por pouco tempo, seja para completar mandato. Fiz um levantamento e identifiquei os seguintes quadros da Bahia: o ex-deputado federal Francisco Benjamim que substituiu Josaphat Marinho entre junho e setembro de 1998. O ex-ministro Rodolpho Tourinho assumiu o lugar de Paulo Souto (DEM) de 2003 a 2007. O ex-deputado Djalma Bessa assumiu a vaga de Waldeck Ornelas, que foi ministro de FHC, entre 1998 a 2001.

ACM Júnior, pai de ACM Neto (DEM), por exemplo, assumiu cargo de senador por duas vezes em razão da vacância: de 2001 a 2003 quando ACM renunciou ao cargo após o escândalo da violação do painel do Senado e de 2007 a 2011 após a morte de ACM.

Roberto Muniz (PP), hoje cotado a vice, numa eventual indicação de João Leão (PP) na chapa de Jaques Wagner (PT), já foi senador pela Bahia. Assumiu o posto quando Walter Pinheiro (sem partido) foi secretário de Estado. Esteve sentado na cadeira entre junho de 2016 a outubro de 2018. Um tempo considerável.

O atual suplente de Otto Alencar (PSD) é Abel Rebouças, ex-reitor da UESC, que não teve o gostinho de ser senador nenhum dia do atual mandato do pessedista. Alencar é pré-candidato à reeleição e até então nenhum nome é mencionado para a futura chapa.

Vejamos: se Jaques Wagner (PT) for eleito governador da Bahia, em outubro, o ex-deputado federal e atual vice-prefeito de Ilhéus, Bebeto, do PSB, será senador do Estado pelos próximos quatro anos. Isso pode realinhar a posição do PSB no teodolito da base e iria recompor a cadeira do partido, antes assumida por Lídice da Mata e retirada por Angelo Coronel (PSD) em 2018, cujo suplente é Davidson Magalhães (PCdoB).

Durante uma entrevista comigo, na Piatã FM, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, citou expressamente a articulação da função de suplente na composição da chapa junto aos partidos aliados. Acordos podem passar por esse crivo de organização que permitam escolhidos do banco de reserva a entrarem em campo, quem sabe, em um certo tempo.

Suplente de Senador e nada, para muitos, podem ser a mesma coisa, mas, se pensarmos bem, dependendo da sorte, da conjuntura política ou do destino, pode ser sim alguém no tabuleiro.

 

Victor Pinto é editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia. 

Twitter: @victordojornal

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