Justiça

Juíza que induziu criança a não abortar faz revelação surpreendente sobre o caso; saiba mais

Juíza Joana Ribeiro Zimmer comentou caso em entrevista  |  Foto: Reprodução

Publicado em 22/06/2022, às 06h50 - Atualizado às 06h53   Foto: Reprodução   Redação BNews

A juíza Joana Ribeiro Zimmer fez sua primeira aparição pública após o caso revelado por matéria do site The Intercept Brasil, em que negou e induziu uma criança de 10 anos, vítima de estupro, a não realizar o aborto legal.

Em entrevista ao Diário Catarinense publicada nesta terça-feira (21), Zimmer defendeu a decisão de impedir o aborto da criança e também o encaminhamento a um abrigo, longe da mãe.

Segundo Joana Zimmer, o envio para o abrigo tinha como objetivo protegê-la do procedimento e de possíveis novas agressões. Ela atua na área de Infância e Juventude em Santa Catarina desde 2004.

Ainda de acordo com a juíza, ela não é contra o aborto da criança. "Não quer dizer que eu sou contra o aborto, só que o aborto passou do prazo. Eu não quero dar detalhes por conta da segurança dessa criança. É muito grave. Então, por coerência, eu prefiro que me acusem de tudo quanto é coisa, mas a menina esteja preservada”, explicou a juíza.

Juíza impede que menina de 11 anos grávida após estupro faça aborto legal e compara procedimento a homicídio pic.twitter.com/k2xzhyPKZo

— BNews (@bnews_oficial) June 20, 2022

A justiça autorizou a saída da criança do abrigo ao qual ela foi encaminhada. Questionada sobre a decisão, Joana Zimmer alegou não ter consultado o processo e reiterou durante a entrevista ter tomado decisões técnicas, visando proteger a criança.

"Eu tenho completa tranquilidade do que eu fiz. Eu sei que vocês estão cumprindo a missão de vocês, mas eu também estou cumprindo a minha. Ainda que isso gere impacto em mim e na minha vida. Eu estou preparada", disse a juíza, que foi promovida e deixou o caso.

A juíza é investigada pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC). Segundo a Corregedoria-Geral do órgão, um pedido de análise de conduta foi instaurado para apurar o caso.

"Eu estou bem tranquila quanto ao processo, a Corregedoria vai instaurar o procedimento, eu vou fazer a defesa. Mas, se eu ficar dando muitas entrevistas, vou acabar expondo a menina e eu que sou a adulta do caso, então o adulto aguenta as consequências. E quando eu escolhi essa profissão, eu sabia que era um sacerdócio. Não é uma profissão que você possa sair se expondo. Então estou preparada. Preparada para não gerar gastos para o Tribunal e não gerar risco de vida", afirmou.

O caso

A menina, acompanhada de sua mãe, procurou o serviço médico do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, ligado à UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), para realizar o aborto com 22 semanas e dois dias. 

As normas do hospital permitiriam o procedimento até a 20ª semana de gestação e exigiram uma autorização judicial — ambas as normas não estão contempladas na lei.

Na audiência, Zimmer afirma que o aborto após esse prazo "seria uma autorização para homicídio". Perguntou, ainda, se a garota poderia "esperar um pouquinho" antes de abortar. O estupro ocorreu quando a vítima tinha dez anos.

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