Denúncia

Exclusivo: com R$ 50 milhões em dívidas, Governo perde o Centro de Convenções

Publicado em 09/02/2017, às 12h17   Bocão News   Caroline Gois

 
 
Enfim, a caixa-preta do Centro de Convenções da Bahia começa a ser aberta. Desde o anúncio da demolição, em setembro do ano passado, as especulações em torno do futuro da estrutura mais importante do trade turístico baiano cresceram, no entanto, engana-se quem pensa que é o governo que apresentará a solução. Acontece que a Justiça tirou do Estado a administração do equipamento. Um processo trabalhista fez com que o Centro de Convenções fosse penhorado e será leiloado em breve.
 
Os problemas que culminaram no fim do Centro de Convenções parecem ter tido início em 2009. Naquele ano, foi aberto o processo pelo Sindicato dos Empregados em Empresas de Turismo do Município do Salvador (SETS) contra a Empresa de Turimo da Bahia S.A. - Bahiatursa. O Bocão News obteve, com exclusividade, os documentos da ação que envolve mais de 160 funcionários e que comprovam a decisão da Justiça pela penhora do imóvel para pagamento de uma dívida trabalhista que já ultrapassa os R$ 50 milhões.
 
Na decisão fora registrado que "por fim, diante das notícias quanto a planejada demolição do imóvel, determino o imediato sobretestamento de qualquer obra no Centro de Convenções que possam implicar demolição de áreas. Desta decisão deverá ficar ciente a Bahiatursa e o Estado da Bahia, inclusive que o não cumprimento desse comando poderá gerar apuraçãode crime de desobediência à ordem judicial, além de cominação de multa aos gestores e órgãos. A obra, por ora, está interditada. Determino à secretaria: Expedir imediatamente mandado para arresto cautelar do imóvel onde funciona o Centro de Convenções, devendo constar do mandado cópia da certidão atualizada do imóvel juntada aos autos pelos exquentes, informar ao oficial de justiça que o cumprimento desse arresto é urgente e deverá ser realizado no prazo de cinco dias. Expedir imediamente mandado para o cartório a fim de que este realize a averbação premonitória do imóvel para garantir os créditos trabalhistas deste processo, cujo valor estimativo é de cinquenta milhões".
 
A decisão interlocutória do processo de número 0017900-16.2009.5.05.0034 foi assinada pela juíza titular Ana Paola Santos Machado Diniz. 
 
 
O destino do Centro de Convenções resumia-se, até então, ao simples fato de se construir uma nova estrutura, que poderia abrigar um novo equipamento para o trade turístico, mas não havia decisão tomada. Entretanto, em seus discursos, o governador Rui Costa (PT) sinalizou para a possiblidade de mudar o Centro de Convenções de lugar, assemelhando-se ao pensamento do secretário de Turismo da Bahia, José Alvés. Entre os locais sugeridos estão Comércio, a Base Naval e até mesmo o Parque de Exposições. Este último, forte candidato a abrigar o novo espaço para o trade turístico.
 
Em conversa com a reportagem, o secretário José Alves confirma a decisão judicial citada acima e explica que trata-se de uma questão envolvendo plano de cargos e salários dos empregados que eram da Bahiatursa. "Há dois meses a Justiça decidiu isso e precisa dar uma garantia para os empregados. É um procedimento natural da Justiça", resumiu, fazendo questão de ressaltar que nada tem a ver com a decisão da saída do empreendimento do local. "Não tem a ver com a decisão de tirar de lá. Desde o início, a ideia era não fazer mais ali. E não por causa disso. A decisão do Governo é colocar ou no Comércio ou Parque de Exposições", afirmou.
 
 
Questionado sobre um possível descaso por parte do Governo do Estado, José Alves respondeu: "Foi feita uma reforma na gestão de (Domingos) Leonelli. Mas, ali é um local vulnerável e o salitre prejudica. É um imóvel muito antigo de mais de 40 anos e já estava muito deteriorado. Não quero atribuir que o Governo foi omisso", salientou.
 
O Centro de Convenções estava interditado pela Secretaria Municipal de Urbanismo (Sucom) e passava por obras de recuperação desde 2015. Com custo previsto de R$ 5,3 milhões, a empresa Metro Engenharia e Consultoria Limitada executava as obras. Antes do desabamento, a previsão era de que as obras ficassem prontas para a realização do Congresso Internacional de Odontologia da Bahia (Cioba), em novembro do ano passado. 
 
O equipamento foi inaugurado em 1979 e ocupa uma área de 153 mil metros quadrados, dos quais são 57 mil metros quadrados de área construída.
 
Matérias relacionadas:
 
Rui Costa diz que Centro de Convenções esgotou vida útil
 
Neto quer se reunir com Rui Costa para decidir futuro do Centro de Convenções
 
Bellintani revela preferência por Centro de Convenções próximo ao Pelourinho
 
Nova mudança no Centro de Convenções é vontade intransigente de Rui, diz Tinoco
 
Centro de Convenções sai este ano e não será no Stiep, afirma secretário José Alves
 
Após apontar falhas, Crea pede estudo antes de demolição do Centro de Convenções
 
Centro de Convenções será demolido após desabamento parcial
 
Galeria de fotos - Desabamento no Centro de Convenções
 
Parte do teto da entrada do Centro de Convenções desaba
 
Na região do Comércio, novo Centro de Convenções deve custar R$ 400 milhões
 
Publicada originalmente em 08/02 às 18h08
 

Classificação Indicativa: Livre


Tags Centro de Convenções governo dívida penhora