Economia & Mercado

Consumidores e especialistas financeiros avaliam impactos da proposta do BC de limitação de compras no cartão de crédito

Proposta do BC gera polêmica entre população e especialistas  |  Divulgação / Freepik

Publicado em 20/10/2023, às 05h20 - Atualizado às 08h20   Divulgação / Freepik   Cadastrado por Verônica Macêdo

Com a divulgação da notícia de que o Banco Central (BC) estuda um projeto que propõe limitação de compras no cartão de crédito a 12 vezes sem juros, o BNews preparou uma matéria especial com especialistas  do setor que avaliam os impactos, pós e contras da proposta para os consumidores brasileiros.

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A matéria se justifica pelo fato de a população nacional ser formada em mais de 90% de assalariados, pessoas que têm incrustadas no cotidiano a cultura de comprar bens principalmente, os eletroeletrônicos, através do cartão de crédito, com parcelamentos superiores a 12 vezes.

Acontece que, se essa proposta for aprovada, a realidade vai mudar pra muita gente vai ficar impossibilitada de adquirir sonhos de consumo, como a geladeira e o aparelho de celular.

“Mesmo com altos juros embutidos, prefiro parcelar em mais de 12 vezes, pois é a única forma de equipar minha casa, viajar, comprar minhas roupas e presentes para meus filhos”, explica a consultora de RH, Francesca Dias, de 56 anos.

E, assim como ela, o enfermeiro Paulo Vieira não gostou de saber ad notícia. “Não poderei mais comprar, no cartão, materiais mais caros. Parcelo tudo no máximo de vezes possível. Mês retrasado consertei meu carro e comprei um computador parcelando em mais de 12 vezes cada item. É o único jeito de a gente ter as coisas, hoje em dia. Ou pago juros absurdos e tenho o que desejo ou fico sem conquistar os bens que desejo”, explica categórico o rapaz de 32 anos de idade.

Para a consultora de negócios e especialista em planejamento e estruturação do desenvolvimento empresarial, Carine Oliveira, nas áreas comercial e financeira, o pronunciamento do presidente do Banco Central, Roberto Campos, sobre a medida de extinguir o Crédito Rotativo e diminuir o parcelamento das compras no crédito, movimentou o mercado financeiro.

Segundo o presidente do Bacen, essa medida é para conter a inadimplência no país, devido aos juros, que giram em torno de 437% ao ano (a.a) no rotativo, e desestimular o consumo pelo parcelamento a longo prazo.

“A carga tributária no nosso país é altíssima, impactando em todos os setores da economia. A medida para conter a inadimplência e a forma de consumo é um longo caminho a percorrer, pois o nosso país não investe em educação financeira e planejamento”, esclarece Carine.

A especialista pontua que 40 % do consumo no Brasil é no cartão de crédito e muitos consumidores não sabem o que é um crédito rotativo e nem planejam a forma das compras parceladas, levando ao alto índice de endividamento.

“O parcelamento é uma prática estratégica do mercado de varejo – Comércio / Serviços. Ainda que esses setores assumam os juros do parcelamento, eles estimulam o aumento das vendas, dando ao consumidor a opção de parcelar, e o empresário  tem a segurança do recebimento”, salienta.

Entretanto, “se o consumidor não tiver acesso à modalidade de compra parcelada para conquistar e adquirir bens de consumo, a economia vai estagnar, pois muitos dependem desse crédito para realizar seus objetivos”, alerta.

O que a profissional evidencia e reforça é que essa medida precisa ser analisada com precisão e responsabilidade, mensurando os impactos que serão gerados para quem estar comprando e para quem estar vendendo, pois  o parcelamento sem juros é culturalmente representativo em nossa economia e a falta dele traria o desaquecimento no varejo e no consumo.

Segundo Elisandro Lima, economista e professor do UniRuy Wyden, um dos pontos positivos fundamentais está no quesito ‘menos dívidas caras’. Com a possibilidade de parcelamento sem juros, as pessoas podem optar por essa forma de pagamento em vez de recorrer a linhas de crédito mais onerosas, a exemplo do crédito rotativo do cartão de crédito.

De acordo com Débora Guimarães, economista e professora de Economia da Unijorge, podemos estabelecer, de forma resumida, os seguintes aspectos positivos e negativos dessa proposta, caso vigore:

Pontos positivos da proposta

* Pode impactar na redução da tarifa do rotativo e do intercâmbio de cartões.

*Não iria reduzir muito a receita dos lojistas, pois a maioria não parcela mais do que 12 vezes. Alguns segmentos de negócios podem sofrer alguma redução em suas receitas, como a construção civil.

* É uma tentativa de conter o endividamento via redução das taxas do rotativo e dos longos parcelamentos

Pontos negativos da proposta:

*Irá prejudicar o consumidor que recorre a parcelamentos acima de 12 meses

*Abre precedentes para novas reduções de parcelamentos sem juros e, se for abaixo de 12 meses, já compromete alguns setores da economia e também a capacidade de compra do consumidor final.

* Existem poucos estudos que mostrem de forma efetiva a relação entre parcelamento sem juros e aumento da inadimplência.

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