Entrevista

Outubro Rosa: Especialista detalha importância da oncogenética para a prevenção do câncer de mama

Elizabeth Santana é oncologista e oncogeneticista, referência na área, com mais de uma década dedicada à estudos e especializações  |  Freepik

Publicado em 28/10/2022, às 05h50   Freepik   Maiara Lopes

A Oncogenética é uma área da Medicina que une os campos da Genética e da Oncologia, e se dedica a estudar o impacto de mutações hereditárias na incidência dos tumores. Para falar um pouco mais sobre o tema, a equipe do BNews conversou com a oncologista e oncogeneticista Dra. Elizabeth Santana, referência na área, com mais de uma década dedicada à estudos e especializações em território nacional e internacional. 

Confira a entrevista:

O que é a oncogenética?
Oncogenética é uma sub especialidade (sub área) da genética e da oncologia se dedica a estudar o impacto de mutações hereditárias na incidência e biologia dos tumores. O seu principal objetivo é auxiliar pessoas que apresentam risco aumentado para desenvolver câncer devido às suas características genéticas/familiares a reduzirem este risco, tendo portanto o foco na prevenção.


2. Como o médico oncogeneticista atua?

O oncogeneticista realiza o aconselhamento genético, um atendimento busca entender se o paciente tem um risco maior do que aquele da populaçao geral para desenvolver câncer (com base no histórico familiar) e que tenta explicar o mecanismo de predisposição. Desta forma o paciente poderá ter acesso ao rastreamento individualizado para o seu risco o que permite o diagnóstico precoce e/ou a adoção de medidas que podem evitar a ocorrência de determinadas neoplasias, assim como o manejo dos riscos associados ao desenvolvimento da doença.

Na primeira etapa do aconselhamento genético o oncogeneticista estuda o histórico familiar do paciente e, caso entenda que existe indicação, ele solicita o teste genético, que consiste no sequenciamento de regiões do DNA que contém genes relacionados à predisposição hereditária ao câncer.Caso uma mutação seja detectada nos genes estudados, é iniciada então uma orientação específica para o paciente e seus familiares. Isso permite que o indivíduo inicie um acompanhamento preventivo e individualizado para prevenir a ocorrência dos tumores e/ou possibilitar seu diagnóstico em fase precoce, quando existe mais chance de cura.


3. Qual a importância do diagnóstico precoce para o tratamento do câncer de mama?

Quando diagnosticado em estágio muito precoce, o câncer é curável em 95% dos casos, na maioria das vezes (e a depender do subtipo) sem a necessidade do paciente ser submetido à quimioterapia. Então o diagnóstico precoce permite na maioria das vezes poupar o paciente de ser submetido à quimioterapia e aumenta suas chances de cura.


4. Quais são algumas das ferramentas da oncogenética?

Uma boa anamnese ( histórica clínica) sobre o histórico de saúde do paciente e seus familiares, que permite a  identificação de características de determinadas síndromes hereditárias
O heredograma-Durante a consulta de aconselhamento genético, o histórico familiar e pessoal do indivíduo é avaliado por meio da construção do heredograma (ou árvore genealógica).


5. Existem testes que identificam chances de desenvolver câncer?

Sim, O teste genético-um teste que analisa a sequência do DNA do paciente, extraído a partir de uma amostra de sangue ou saliva. Trata-se de um exame que identifica a presença de mutações patogênicas relacionadas à uma síndrome de câncer hereditário


6. Qual a melhor forma de prevenir o câncer de mama?

Realizar exames de imagem de rastreamento (mamografia e US)conforme a orientação médica.


7. Quem deve procurar um oncogeneticista?

Os sinal mais comum que levam à suspeita de câncer hereditário é a ocorrência de tumores malignos em várias gerações da família, geralmente em idade precoce. Além disso, outras pistas que levam à suspeita de predisposição hereditária  são:

Os pacientes que preencherem critérios clínicos para uma síndrome de câncer hereditário devem permanecer em acompanhamento do oncogeneticista, ainda que uma mutação patogênica não seja identificada. Desta forma, com o avançar das tecnologias do sequenciamento, ele poderá finalmente ter o mecanismo de predisposição elucidado. 


8. Como o paciente deve proceder caso receba o diagnóstico de síndrome de predisposição hereditária?

O diagnóstico de uma síndrome de predisposição hereditária possibilita a adoção de medidas preventivas para segundas neoplasias e diagnóstico dos tumores em fase precoce. O intuito é possibilitar a identificação de cânceres quando eles apresentam maiores chances de tratamento curativo, podendo inclusive poupar o paciente do tratamento com quimioterapia. A adoção de um acompanhamento individualizado, com exames complementares baseados no risco de desenvolvimento de determinadas neoplasias, o acesso a cirurgias profiláticas (quando indicada) e o aconselhamento pré-sintomático dos familiares constituem medidas redutoras de risco.

Classificação Indicativa: Livre


Tags Outubro Rosa câncer de mama genética Especialista oncogenética Elizabeth Santana

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