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Após versão de queda na morte de homossexual, família evita falar sobre o caso

Publicado em 16/07/2016, às 11h48   Divulgação / Polícia Civil // Reprodução   Tiago Di Araujo

Na última segunda-feira (11), a morte do estudante Leonardo Moura, de 29 anos, chamou atenção para os crimes homofóbicos na Bahia. O jovem foi encontrado por socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) por volta das 5h30 de domingo (10), caído na areia da praia da Paciência, no bairro do Rio Vermelho, após ter deixado uma boate gay na região. 
 
Em entrevista ao Bocão News, a irmã da vítima, Caroline Moura, levantou a suspeita de crime homofóbico pelo fato de Leonardo não ter tido nada roubado. "Leonardo era um rapaz que não tinha inimigos, era bastante relacionado, não tinha ninguém que tinha motivos para fazer isso com ele. Por isso, acreditamos mesmo que possa ter sido um crime homofóbico".
 
Porém, na tarde desta sexta-feira (15), a divulgação de informações sobre uma perícia realizada pela 1ª Delegacia de Homicídios (DH) / Atlântico, juntamente com o Departamento de Polícia Técnica (DPT) e um dos socorristas do Samu, poderá provocar uma reviravolta no caso e rebater que morte tenha sido causada por espancamento.  Segundo nota da Polícia Civil, moradores do bairro afirmam ter visto Leonardo caindo da balaustrada. “Uma das testemunhas contou que viu Leonardo andando na calçada, cambaleando, sozinho, e, instantes depois, já estava caído de bruços na areia da praia, bem onde fica uma vala de esgoto”, disse a delegada Mariana Ouais, titular da 1ª DH/ Atlântico. 
 
De acordo com a polícia, o socorrista Márcio Santiago, que foi o primeiro a chegar ao local, afirmou que a vítima estava lúcida e afirmou que não lembrava ter sofrido agressão, apenas que estava caminhada na calçada. Ainda de acordo com o técnico, não foi identificado nenhum hematoma no corpo da vítima que pudesse ser relacionado a uma agressão. “Se ele tinha escoriações, eram tão discretas, que não vimos". 
 
Após divulgação preliminar da perícia, a reportagem do Bocão News voltou a entrar em contato com a família de Leonardo, na manhã deste sábado (16), e foi informada que os familiares não irão se pronunciar sobre a versão de queda apontada por moradores do Rio Vermelho, nem sobre a falta de hematomas no corpo da vítima. "Não vamos falar nada agora. Não podemos falar nada. No momento certo vamos procurar vocês (imprensa)".
 
Logo após cirurgia no Hospital Geral do Estado (HGE), a irmã da vítima chegou a revelar que Leonardo havia perdido um dos rins por causa da suposta agressão e faleceu após hemorragia. "Ele ficou internado ontem (domingo), passou por cirurgia e vinha se recuperando bem, mas aí teve uma hemorragia hoje de manhã e acabou não resistindo".
 
Em meio às duas versões, de espancamento e queda, o DHPP aguarda imagens do local que possam ajudar nas investigações, prontuários do Samu e do HGE, além dos laudos finais do DPT para conclusão do caso. 
 
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