Política

Amigo de Lira vira delator peça-chave em acusações contra líder do governo Bolsonaro no Senado

Fernando Bezerra e o filho foram alvos da operação da PF por suspeita de caixa dois, corrupção e lavagem de dinheiro   |  Marcelo Camargo/Agência Brasil

Publicado em 02/08/2021, às 08h45   Marcelo Camargo/Agência Brasil   Redação BNews

Um operador financeiro pernambucano é uma das peças-chave para o indiciamento do líder do governo Jair Bolsonaro no Senado, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE). De acordo com a Folha de S. Paulo, Eduardo Freire Bezerra Leite, 56 anos, conhecido como "Ventola", é amigo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e já foi investigado na Lava Jato, onde virou delator.

Ainda de acordo com o jornal, no último dia 31 de maio, um relatório da investigação policial da Operação Desintegração apontou que Bezerra e seu filho, o deputado federal Fernando Coelho Filho (DEM-PE), estavam envolvidos em casos de corrupção, lavagem de dinheiro e caixa dois.

O texto do relatório afirma que pai e filho receberam vantagens indevidas de R$ 10,4 milhões (em valores não atualizados) no período de 2012 a 2014, do operador financeiro que atuava por meio de uma empresa que prestava serviços de terraplanagem e aluguel de máquinas em obras.A PF diz, no entanto, que na prática o negócio servia sobretudo de entreposto para movimentações financeiras de empreiteiras.

Delação

O inquérito aponta ainda que o amigo de Lira emprestou em 2012 R$ 1,5 milhão à campanha de Fernando Filho à Prefeitura de Petrolina. Parte desse dinheiro foi destinada para uma concessionária de veículos dirigida por um primo de Bezerra no interior pernambucano. 

Eduardo Freire disse durante delação que emprestou outros R$ 1,7 milhão para a campanha do político ao Senado, também sem registro na Justiça Eleitoral. "Apenas aceitou realizar o empréstimo nesse montante milionário por se tratar de um ministro de Estado, que estava se candidatando ao cargo de senador da República, e que gozava de amplo prestigio no meio político pernambucano e nacional", confirmou a investigadores.

Procurada pela Folha, a defesa de Fernando Bezerra Coelho e de Fernando Coelho Filho disse que o relatório da Polícia Federal no inquérito "não passa de opinião isolada da delegada responsável”.  A defesa de Eduardo Freire também foi procurada, mas informou apenas que não pode se manifestar devido ao compromisso de sigilo do acordo de colaboração.

O compromisso de colaborar com as investigações foi firmado pelo empresário pernambucano em 2017, na safra de delações do período do então procurador-geral Rodrigo Janot. O acordo foi negociado em conjunto com outros integrantes de seu grupo, como o sócio João Carlos Lyra. 

Matérias relacionadas:

Alvo da PF, líder de Bolsonaro no Senado foi ministro de Dilma e passou por 5 partidos

CPI da Covid quer mudar foco de aquisição de vacinas para abrir novas investigações

Em atos pelo voto impresso no país, Bolsonaro novamente coloca eleição de 2022 em dúvida

Classificação Indicativa: Livre


Tags presidente Senado corrupção governo Eduardo lira jato bolsonaro bezerra delator bnews lava