Saúde

Mulher com câncer tira a mama, raspa cabeça em live e cria rede de apoio para conseguir vencer a doença; conheça essa história

A descoberta foi em janeiro e o tratamento com a retirada da mama, seguida de 16 sessões de quimioterapia e 15 de radioterapia iniciado rapidamente  |  Divulgação/@greicecfcampos

Publicado em 18/10/2022, às 05h50 - Atualizado às 05h50   Divulgação/@greicecfcampos   Camila Vieira

Os nódulos na mama da engenheira Greice Caroline Campos, 32 anos, chegaram junto com a adolescência. Aos 13 anos, época em que sua mãe, a aposentada Luzinete Ferreira, hoje com 62 anos, tratava o câncer de mama, ela identificou as primeiras anomalias no seio. Desde então, o acompanhamento com mastologista virou rotina, e a cada seis meses eram certas as consultas para checar a evolução do quadro.

Além das idas ao médico, exames e punção de um dos nódulos, ela sempre levou uma vida normal. No entanto, no início deste ano, uma biópsia confirmou o diagnóstico do câncer de mama em sua forma mais agressiva: o tipo triplo negativo que, geralmente, acomete mulheres jovens e tem disseminação muito rápida. A história de Greice Caroline se soma a série de matérias realizadas pelo BNews em alusão ao Outubro Rosa, mês de combate ao câncer de mama.

O tratamento precisou ser iniciado de forma urgente com a realização da mastectomia (retirada total da mama direita), seguida de 16 sessões de quimioterapia e 15 de radioterapia. “Assim que recebi a notícia, contei para todo mundo o que estava passando e pedi apoio de todos, amigos e familiares. Também fui para internet e procurei mulheres com histórias parecidas para me apoiar e isso foi um verdadeiro bálsamo. Pedi que não se assustassem, que eu não iria morrer, não era uma sentença de morte e disse que iria lutar com todas as minhas forças para me tratar”, lembra ela emocionada.

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Os enjoos, o cansaço por causa das drogas da quimioterapia, apetite alterado, oscilação do sono e tantos outros sintomas provenientes do tratamento não fizeram com que Greice fraquejasse. A queda do cabelo e das sobrancelhas também não foi motivo de desânimo. Ela conta que quando percebeu que não conseguiria lidar com a falta capilar, resolveu raspar a cabeça.

Juntamente com o marido, o professor de história, Maurício Quadros, 35 anos, reuniram-se amigos em sua casa e numa live cheia de interação todos passaram a máquina zero na cabeça. A partir disso, o uso de lenços coloridos e cheios de estampas também faziam parte do look das idas às sessões de quimioterapias e radioterapia. As sobrancelhas também ganhavam novo formato com a tinta da henna.

A rede de apoio composta do marido, familiares, amigos, pessoas das redes sociais, profissionais de saúde e até os cães labradores, Thor e Angus, que conheceu na Clínica Assistência Multidisciplinar em Oncologia (AMO), onde se submeteu as sessões de quimioterapia, fizeram toda a diferença no tratamento.

“Muitas pessoas ofereceram ajuda. Foi quando pedi aos amigos o acompanhamento nas sessões de quimioterapia, disse que estava à disposição para quem quisesse me levar para passear, cozinhar para mim, contar histórias e falar de alegrias. E assim foram se passando os dias. Usei todas as ferramentas que tinha ao meu alcance para minimizar as dores da alma e também as do corpo. Mas sei que essa rede de amor me salvou”, desabafa.

 

Segundo a mulher, a descoberta precoce foi um ponto extremamente positivo. “Não chegou nem a atingir os linfonodos. Fiz todo tratamento e estou em remissão por ter descoberto muito cedo e não ter evoluído para metátese. Não é fácil, é triste, maltrata, dá medo, não existe o romantismo das novelas. Mas descobri que com amor e fé a gente vence qualquer coisa. Sou muita grata por tudo e a todos que seguem comigo nessa luta. Se puder dizer algo para as mulheres que vivem o que estou vivendo é que não desistam, lutem com toda a força que tiverem”, diz a jovem.

Apoio psicológico - A psicóloga clínica, terapeuta cognitiva comportamental e que atua com a psico-oncologia e cuidados paliativos, Kelly Leal, afirma que receber o diagnóstico de uma doença como o câncer mexe com a vida de qualquer pessoa e de todos que estão à sua volta. “As reações são as mais diversas, afinal, cada pessoa reage de forma diferente”, explica.

A especialista ressalta que o suporte psicológico faz toda a diferença durante a jornada oncológica. “Quando um paciente é diagnosticado com câncer, é natural surgir um misto de sentimentos, como medo, tristeza, ansiedade e insegurança. Portanto, é muito importante que seja oferecido a ele um acompanhamento psicológico, realizado por um profissional capacitado para acolher a sua dor, ouvi-lo e entendê-lo como um ser único, que tem sofrimentos específicos, dentro de todo um contexto individual da doença e do tratamento”, destaca, lembrando que o psicólogo saberá utilizar as ferramentas para que o paciente se sinta mais fortalecido para enfrentar a doença e os tratamentos propostos.

A participação da família e adoção cuidados psicológicos para os parentes também é fundamental no processo. “Alguns familiares e/ou cuidadores muitas vezes passam por preocupações e ansiedades. O acompanhamento psicológico para a rede de apoio favorece o olhar individualizado durante o acompanhamento do tratamento”, revela. Para a psicóloga, a Internet tem sido uma das principais fontes de informação utilizadas pelos pacientes e seus familiares.

Uso das redes - A psicóloga afirma que nas redes sociais, os pacientes e familiares se relacionam com pessoas que já passaram ou estão passando pela mesma situação, criando assim um espaço virtual de ajuda mútua. “Essa interação e troca de informações faz com que o paciente se sinta amparado, acolhido e, acima de tudo, compreendido. Só não podemos esquecer de que cada caso é um caso, e que deve-se também manter uma comunicação clara e efetiva com os profissionais que o acompanham para esclarecimento de possíveis dúvidas”, afirma a especialista.

A psicóloga faz questão de endossar que a forma como o paciente enxerga o câncer pode influenciar em seus comportamentos e nas suas emoções, alterando a forma como ele se sente, e podendo resultar em transtornos psicológicos. “Os mitos, crenças e estigmas relacionados à doença podem trazer sentimentos como tristeza, medo e solidão, e influenciar também na autoestima do paciente, e quando não trabalhadas, podem dificultar o ajustamento do paciente à situação de adoecimento e tratamento, por isso, se faz tão importante o suporte psicológico”, reforça a especialista.

Assista ao vídeo em que Greice raspa a cabeça e conheça os cães Thor e Angus que a ajudaram no tratamento contra o câncer:

Mulher com câncer tira a mama, raspa cabeça em live e cria rede de apoio para conseguir vencer a doença; conheça essa história pic.twitter.com/NrZdd4NJj0

— BNews (@bnews_oficial) October 17, 2022

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