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O MDB luta para sobreviver

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Dada a força que ainda lhe resta, o MDB baiano controla as duas maiores cidades do Estado, ou seja, os colégios eleitorais de maior força no interior  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 09/03/2020, às 07h21   Victor Pinto*


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O MDB tenta sua sobrevida na política baiana. Aquele que foi um dos partidos que comandou em números de prefeitos e densidade eleitoral a política local, caminha para lutar por continuar dando as cartas, de alguma forma, apesar de quase sucumbir com o declínio da família Vieira Lima, leia-se Geddel, e após passagem de Michel Temer pela presidência da República e o desgaste sofrido pelo percurso que o levou a ostentar a faixa presidencial.

Dada a força que ainda lhe resta, o MDB baiano controla as duas maiores cidades do Estado, ou seja, os colégios eleitorais de maior força no interior. De um lado Colbert Martins (MDB) em Feira de Santana e, do outro, Herzem Gusmão (MDB) em Vitória da Conquista.

Colbert conseguiu chegar ao poder no ensejo de Zé Ronaldo (DEM) pleitear o governo da Bahia, em 2018, quando renunciou para concorrer naquele ano, mas não obteve sucesso. A dupla enfrenta uma dura oposição de Zé Neto (PT), hoje deputado federal, líder nas intenções de votos, amarga a dúvida do apoio reverso de Ronaldo, principal cabo eleitoral feirense.

Hérzem tenta sua sobrevivência e vai para reeleição. O ex-deputado estadual e radialista conseguiu quebrar uma hegemonia petista comandada pelo ex-prefeito Guilherme Menezes. Com desgaste que bate à porta, busca se viabilizar. Por lá, deve-se repetir a dobradinha da disputa do emedebista com o deputado estadual Zé Raimundo (PT), confirmado pré-candidato.

Em Salvador, o partido em questão busca a viabilidade para tentar emplacar a presidência da Câmara, mais uma vez, nas suas fileiras e uma eventual composição da candidatura a prefeito. Tenta filiação de Geraldo Júnior (SD), de malas prontas e com aval da Executiva nacional da legenda. GJ é cotado a vice de Bruno Reis (DEM), o pré-candidato de ACM Neto (DEM) que foi eleito seu vice, em 2016, pelo ninho emedebista quando Geddel surfava na onda das articulações no Planalto.

Em duas décadas, por exemplo, no maior colégio eleitoral baiano, O MDB emplacou dois presidentes da Câmara (Alan Sanches e Pedro Godinho) e elegeu um prefeito, João Henrique; na era dos Vieira Lima. Antes de JH, na década de 80, abrigou Mário Kertész e Fernando José em dois mandatos sucessivos, em outra configuração eleitoral, como da mesma forma chegou a emplacar no governo da Bahia, Waldir Pires (1987) e Nilo Coelho (1989).

O vácuo do MDB na oposição faz crescer o DEM do prefeito ACM Neto (DEM), que há pouco mais de 16 anos respirava na UTI em aparelhos e cogitava fusões com outras siglas para sobreviver. A legenda hoje controla Salvador e Camaçari e vai buscar manutenção das funções.

Muitos que faziam parte da legenda, sempre um pilar do centro de quem está no poder, correram para siglas mais netistas ou aderiram ao governo via PP e PSD.

O MDB, junto ao PT, nos idos de 2006, era o caminho de quem não tinha simpatia da esquerda para se filiar a agremiações mais ligadas ao petismo, e ao mesmo tempo, não queria aderir ao ainda carlismo. Após romper com Jaques Wagner, cujo primeiro vice era emedebista, muitos correram para os braços de João Leão e Otto Alencar.

Depois da crise com Geddel e sua prisão, a não eleição do deputado federal Lúcio Vieira Lima, um dos quadros mais bem articulados da política local, o MDB tenta juntar os cacos para retomar um protagonismo semelhante ao já assumido em outros tempos como a história nos mostra. O processo será lento, bem possível que seja um catalisador de manutenção de outros quadros políticos de partidos nanicos que vão sucumbir com as novas regras eleitorais.

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