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O chabu de Rui e os pepinos de Caetano

Imagem O chabu de Rui e os pepinos de Caetano
Bnews - Divulgação

Publicado em 24/05/2021, às 05h00   Victor Pinto


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Antes de prolongar os escritos: chabu é gíria conhecida quando os fogos de artifício não são detonados. Você risca o fósforo, acende o pavio, espera o pipoco e daí ele falha. No máximo sai uma fumaça. Foi assim a minirreforma do secretariado do governador Rui Costa (PT), que tanto ironizou a imprensa ao alertar: os nomes já especulados seriam diferentes e surpresas aconteceriam. 

Essa especulação é antiga, reiterada e que acabou se concretizando. Antes disso o petista promoveu uma tortura daquelas ao segurar por diversas vezes o anúncio. Quem estava dentro não sabia se saía e quem estava para entrar não sabia se o movimento iria se concretizar. No fim, zero surpresa. Deu chabu. 

Luiz Caetano era pedra esperada desde novembro do ano passado. Com a liberação dos direitos políticos o caminho ficou livre: tudo aquilo que o senador Jaques Wagner (PT) queria para tentar reascender o movimento da Secretaria das Relações Institucionais. A pasta virou um puxadinho do Gabinete do Governador, não por culpa de Jonival Lucas, mas pelo próprio Rui com característica de ser centralizador. Entocou diversos nomes do seu gabinete lá dentro com um claro aviso: quem vai resolver tudo, 100%, sou eu e o meu povo... quase uma costela. 

A base, nos bastidores, tem seríssimas restrições à forma como Rui conduz a articulação política. É sabido que boa parte dos incêndios apagados nos 45 do segundo tempo se deve a Wagner, que não quer ver uma antropofagia de um grupo que lutou para consolidar e ainda quer usufruir a partir de 2022. Caetano não terá missão fácil com o apego de Rui pela pasta, pois a Serin foi justamente criada por JW para acomodar o então candidato a deputado federal derrotado em 2006 e ex-vereador de Salvador. O pepino para descascar será grande e se tiver caminho livre, Caetano tende a se destacar, isso se o chefe do Palácio de Ondina não podar as asas. 

Para tanto, o ex-prefeito de Camaçari e ex-presidente da UPB já sinalizou conversa com antigos colegas de prefeitura e os novos gestores, já tem participado das reuniões do Executivo sobre a pandemia do novo coronavírus e deve se encontrar com líderes partidários e com o presidente da Assembleia Legislativa para começar a aparar as arestas existentes.

Ainda sobre a reforma do secretariado: o nome de Maurício Bacelar, apesar da resistência inicial, era pedra cantada desde a eleição, quando o Podemos foi para praça pedir votos para João Carlos Bacelar, candidato de eleição perdida ao Palácio Thomé de Souza. Mas fez questão de mostrar ao governo que está do lado de Rui. Pediu o aumento do espaço. Assim o teve em meio a suposições de que, nacionalmente, DEM e Podemos podem se alinhar. Bacelar nega até à alma. Fausto Franco é um dos últimos remanescentes do PL que vai embora. 

Na Seagri, cujo espaço fora dado ao PSB, que antes tinha o Meio Ambiente (Sema), nada de novo: o bota fora do PDT sacramenta a saída dos Mendonça da gestão. Em compensação, os deputados estaduais conseguem manter intactos seus indicados. 

Falta saber para onde vai Walter Pinheiro, que abriu caminho no Planejamento para o vice João Leão (PP), cuja cadeira na SDE ficou para Nelson Leal (PP). Há quem diga que pode assumir o Meio Ambiente, há quem diga que essa mesma Sema vai ficar para algum novo partido, cuja entrada no arco de apoio ao projeto de JW pode surgir até o fim do ano. 

Certo é: as mudanças começam a acontecer no tabuleiro de 2022. No penúltimo ano de Rui no governo, ainda marcado pelo combate a pandemia, os movimentos, mesmo arrastados, acontecem para beneficiar o criador. Resta saber onde a criatura estará ano que vem…

* Victor Pinto é editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia. 

Twitter: @victordojornal

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