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Otto Alencar faz balanço positivo do mandato de Alcolumbre e diz que boa relação com Executivo ajudou país na pandemia

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Além do histórico de Alcolumbre e das suas perspectivas para a Casa, o senador falou ainda sobre o aumento do coro que pede impeachment do presidente Jair Bolsonaro  |   Bnews - Divulgação

Publicado em 01/02/2021, às 15h59   Eliezer Santos* e Luiz Felipe Fernandez


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Prestes a ver a mudança no comando do Senado, o ex-governador da Bahia e senador do PSD, Otto Alencar, vê como positivo o mandato de Davi Alcolumbre (DEM-AP).

Segundo o parlamentar baiano, em nenhum momento o presidente se colocou como aliado do Palácio do Planalto, mas teve sobriedade para manter o diálogo com o governo Bolsonaro e promover avanços e ajudas para o país, impactado pela pandemia de Covid-19.

Esta atuação, destaca, é o que espera do mandato de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que tem o seu voto e é considerado o favorito para suceder Alcolumbre.

Nesta segunda-feira (1°), dia da eleição à presidência do Senado e também da Câmara dos Deputados, o BNews foi recebido por Otto Alencar em seu gabinete, em Brasília, no Distrito Federal.

Além do histórico de Alcolumbre e das suas perspectivas para a Casa, o senador falou ainda sobre o aumento do coro que pede impeachment do presidente Jair Bolsonaro.

Ainda que reconheça os "crimes de responsabilidade" cometidos pelo ex-capitão do Exército, Otto Alencar diz que agora não é momento de ter o tema como prioridade, mas sim focar em amenizar as consequências do novo coronavírus.

Leia na íntegra:

BNews - O presidente Davi Alcolumbre foi eleito dois anos atrás com a promessa de renovação da Casa, era um senador relativamente novo. Ao final desses dois anos, o senhor acha que teve essa renovação?

Otto Alencar - Tem que analisar em dois tempos. Primeiro tempo, presencial, o senado avançou em várias matérias, sobretudo reformas que foram apreciadas. No sistema remoto, na minha visão ele correspondeu à expectativa, não esperávamos que no sistema remoto ele tivesse capacidade de negociar com o Poder Executivo e ter aprovado tantas matérias. Primeiro, salvou estados e municípios com R$ 60 bilhões, aprovamos renda mínima de R$ 600, aprovou  o chamado 'Orçamento para vida', disponibilizou R$ 500 bi do Banco Central [...] Nesse momento de pandemia, talvez nenhum de nós pudéssemos superar Davi, porque ele fez uma relação com o Poder Executivo e tirou tudo que queria para o estado, municípios e pessoas, e trabalhou bem. Agora, o que exigiram dele e o que eu também não faria, seria a CPI da Lava Toga, em uma crise sanitária, sem presencial, fazer o impeachment de Gilmar Mendes? Para que fazer? Iria tumultuar a situação. E tenho certeza qeue o Rodrigo vai na mesma linha.

BNews - Muitos o chamavam de 'auxiliar de luxo' do Palácio do Planalto, o sr. concorda?

Otto Alencar - Não, foi um presidente que talvez tenha sido o que mais ajudou estados e municípios. O meu estado recebeu quatro parcelas R$ 450 milhões, que deu R$ 2 bi lhões à Bahia. Se ele se estabelecesse um estado de beligerância do Senado Federal ia fazer exatamente o que o povo brasileiro não precisava. Só que com o presidente que temos aí, que estimula confronto, que toma atitudes antidemocráticas, contra constituição, contra as instituições, de querer calar a imprensa com palavra de baixo calão...não acho que é correto que o presidente do Congresso chegue com balde de gasolina para resolver isso, para 'apagar' o incêndio.

BNews -Recentemente o senhor deu uma declaração parecida em referência a Simone Tebet...

Otto Alencar - Não, não, não era sobre ela. Tinha o Kajuru como candidato, tem Major Olímpio, os caras estavam com balde de gasolina nessa situação.

BNews- E o senhor vai deixar a liderança do PSD...

Otto Alencar-  Isso, aqui muda de dois em dois anos.Eu conduzi meu partido muito bem, fui ontem na reunião aplaudido por unanimidade, todos eles. Inclusive teve o seu nome colocado como eventual candidato a presidente Não tinha condição de correr o brasil e me expor na pandemia, falei francamente inclusive, tenho que preservar minha vida, tenho 73 anos. O Rodrigo [Pacheco] foi no Rio Grande do Sul, Piauí, Sergipe, Amazonas, o candidato tem que visitar os seus eleitores, não tenho condição material, avião etc.

BNews - Existe hoje uma nuvem pairando de impeachment de Bolsonaro, a gente ouve isso, mas ainda uma coisa muito embrionária. O sr. passou pelo processo de Dilma em 2016, na época o sr. dizia que não tinha condição legal para aquilo, mas que ela tinha perdido força política. Qual avaliação ou prognóstico que faz de Bolsonaro?

Otto Alencar - Enquanto durar a crise sanitária, sou contra a instalação de impeachment, não é a minha prioridade. A minha prioridade é conter a crise sanitária, conter o avanço da doença e os óbitos que já somam 224 mil. Se alguém me provasse que fazendo impeachment de bolsonaro resolveria a doença, o desemprego, faria o PIB crescer, e olhe nunca tive audiência com Bolsonaro, eu nunca fui lá no Palácio, não tenho cargo, nunca tive emenda, eu sou independente, mas tenho juízo, equilíbrio emocional, bom senso [...] não tenho duvida, já tem crime de responsabilidade cometido pelo presidente e pelo ministro Pazuello [Saúde], fato já tem, mas abrir agora e esquecer a pandemia? Não tem porquê.

BNews- O ex-presidente Michel Temer disse que só existe impeachment com gente na rua, e com a pandemia não tem mobilização.

Otto Alencar - Ele não foi honesto, eu complemento: só existe impeachment com povo na rua e vice-presidente que conspira para derrubar o presidente.

BNews - Mourão tem esse perfil?


Otto Alencar - Uma coisa é o que ele diz, outra é o que ele pratica, não sei o que ele pratica, mas Dilma foi tirada do poder por conspiração de Michel Temer.

BNews - Adolfo Menezes a AL-BA após semanas de discussão se iria ser cumprido o acordo. Os ânimos no contorno político do governador foram acalmados, ficou alguma rusga?

Otto Alencar -Da minha parte nunca esteve tenso, não dependo da Assembleia para nada, nunca pisei meu pé la, na posse do governador eu não fui. E fui presidente e não quis me reeleger, recebi um ofício de 59 deputados estaduais signatários  para continuar, Luís Eduardo [Magalhães] me ligou, eu disse 'não quero'. E, se fizesse, podia pegar e rasgar a constituição.

BNews - O sr. declarou apoio à presidência da UPB para o candidato Zé Cocá, do PP, prefeito de Jequié. Existe alguma espécie de compensação?

Otto Alencar - Eu dsse aos prefeitos do PSD que não podíamos continuar por lá, tínhamos quatro anos não tinha mais q continuar [...] um dos candidato que imaginei era do PT, di prefeito de Miguel Calmon, mas o governador apoiou Cocá e eu apoiei também. Não tem nenhuma sequela, no meu espaço espiritual não tem vaga para ressentimento [...] surge um compromisso do governador, os aliados pressionam para ele não cumprir? Fica muito chato.

BNews - Fizeram, inclusive, uma manobra para, ao invés de ser Leal, colocarem outro candidato.

Otto Alencar -Queriam mudar a constituição, foi 6 a 6 no Supremo. Eu disse a Davi que não apoiava ele.

BNews - Acha que o desejo de Rodrigo atrapalhou Davi?

Otto Alencar - Não, foi a decisão de Fux, que foi uma decisão correta.

BNews - Falando de 2022, o sr. fala que só se pronuncia quando o momento exige. Mas, qual o perfil do próximo candidato, depois de uma sangria, cenário de pandemia e de dificuldades?

Otto Alencar - Tem que ser um candidato com experiência, testado e aprovado, com bons resultados naquilo que tomou conta e deu conta.

BNews - Neste sentido, aparecem os nomes do senhor e do senador Jaques Wagner, quando falamos em experiência...

Otto Alencar - No nosso grupo, sim Jaques Wagner é um grande amigo meu, tenho muito em com ele na política, uma sintonia fina. Os meus pensamentos na área social são idênticos ao dele [...] convivo com um cara chamado ACM, um cara de direita mas com uma sensibilidade social que poucos caras de esquerda tinham, ele criou a Cesta do Povo para combater o monopólio de Pas Mendonça. Fui secretário de Saúde dele e ele me deu condição de construir na Bahia 112 unidades de saúde [...] não e porque o cara é rotulado de esquerda ou de direita, não sou obstáculo na política porque não tenho ambição.

BNews - ACM Neto já deu a largada para a campanha dele ao governo do estado. O senhor está acompanhando a movimentação dele?

Otto Alencar - De jeito nenhum, não me preocupo com movimentos dos meus adversários, não tenho nada contra ele, inclusive o ajudei na primeira eleição como deputado federal, passei todos os municípios bons para ele se eleger, tenho ótima relação, foi um bom prefeito, mas somos divergentes na posição política, isso pode levar a um embate político lá na frente, mas sempre será ético, respeitoso, com linguagem parlamentar.

*O editor de política Eliezer Santos está em Brasília para cobrir a eleição na Câmara e Senado.

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