Política

Ministro da Defesa faz ameaça e diz que eleições de 2022 só acontece com voto impresso

Isac Nóbrega/PR
O recado foi dado ao despachante de Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara  |   Bnews - Divulgação Isac Nóbrega/PR

Publicado em 22/07/2021, às 08h39   Redação Bnews


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O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, avisou ao despachante de Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara, deputado Arthur Lira (Progressistas-AL), por meio de uma terceira pessoa, que não haverá as próximas eleições em 2022 caso o voto eletrônico não seja substituído pelo voto impresso e auditável.

O recado, que teria sido dado no dia 8 de julho, veio à tona após o Estadão publicar a informação nesta quinta-feira (22).

O ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica quando deu o aviso. No mesmo dia, o presidente reforçou publicamente a ameaça. “Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, afirmou a apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada.

Ainda de acordo com o Estadão, Lira ficou preocupado e classificou, durante conversa com um grupo mais próximo, que a situação era mais que grave, era “gravíssima”. Isso diante da possibilidade de o Congresso rejeitar a proposta de emenda à Constituição que prevê a mudança no processo eleitoral.

O presidente da Câmara considerou o recado dado por Braga Netto como uma ameaça de golpe e procurou Bolsonaro, com quem teve uma longa conversa. Nesse encontro, o jornal afirma que Lira disse ao chefe do Executivo que não contasse com ele para qualquer ato de ruptura institucional. 

Bolsonaro, no entanto, tentou tranquilizá-lo e respondeu que nunca havia defendido um golpe, pelo contrário, respeitava “as quatro linhas da Constituição”.

O recado dos militares e a reação de Lira foram confidenciados ao Estadão por um restrito grupo da política e do Judiciário. "O ministro da Defesa disse a um dirigente de partido: 'A quem interessar, diga que, se não tiver eleição auditável, não terá eleição'. Teve um momento de muita tensão. Não foi brincadeira", disse um dos envolvidos no assunto, sob a condição de anonimato.

Diante das informações, o jornal procurou o Ministério da Defesa, mas não obteve respostas para os questionamentos.

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