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2 de Julho: Como surgiu a imagem do caboclo nos festejos da Independência?

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Desde o século XIX a imagem do caboclo representa o 2 de Julho  |   Bnews - Divulgação Divulgação/IPAC
Sanny Santana

por Sanny Santana

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Publicado em 28/06/2023, às 05h30


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Principal símbolo da Independência da Bahia, no 2 de Julho, o caboclo se tornou, há muito tempo, uma das maiores representatividades dos baianos. Armado com seu arco e flecha, atacando uma serpente, essa representação está presente no meio da praça Campo Grande, para relembrar a todos os baianos o seu verdadeiro significado.

Mas, afinal, por que o caboclo é símbolo da independência baiana?

O professor e historiador Murillo Melo explica que, no século XIX, havia uma grande necessidade em se encontrar um símbolo para a Independência da Bahia, e essa imagem escolhida foi a do índio. 

Primeiro, é necessário entender que o caboclo não representa apenas os índios, mas todos os povos brasileiros que lutaram pela independência baiana. No entanto, a figura do índio foi escolhida por um motivo peculiar.

Melo conta que, na época, foram pensadas diversas figuras que poderiam representar aqueles que estiveram na batalha pela Bahia. Pensaram até no europeu, já que muitos deles lutaram ao lado do Brasil contra os portugueses, no entanto, o povo brasileiro, mais especificamente o povo baiano, não se identificou com o "rosto da Europa". 

Pensaram também nos negros. Porém, na visão da população do início do século XIX, eles não deviam representar a independência."A gente ainda tem o racismo em altíssimo nível na época. Então a figura de um afrodescendente, de um ex-escravizados que participaram, não são escolhidos devido ao racismo que imperava", explica o professor.

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A figura do índio na época, no entanto, representava algo totalmente diferente. Os índios eram vistos como uma figura de "pureza", de alguém "desvirtuado pela sociedade". As pessoas, no começo do século XIX, viam o índio como "o mais puro". 

"E aí no Brasil chegam esses ideais, procuram valorizar o povo originário, o homem da terra, o brasileiro que, naquela visão daquele momento, era a figura indígena. Não se podia ser escolhido, de maneira alguma, naquela época, um europeu, já que ele era associado a Portugal, o inimigo que estava sendo derrotado", conta o historiador.

Portugal, inclusive, é representado, na estátua que hoje ocupa a praça do Campo Grande, pela cobra, que é atacada pelo caboclo, armado de arco e flecha.

Catarina Paraguaçu

Não demorou para que uma figura feminina aparecesse ao lado do caboclo nos festejos de 2 de Julho. Ela surgiu depois de pedidos por parte de portugueses e comerciantes que viviam na Bahia, que se sentiam, conforme diz o professor, "ultrajados" com a figura "má" do caboclo para com Portugal.

Diante disso, foi feita a escultura de uma cabocla. "Eles pediram uma figura mais doce, na visão deles, que vai ser a cabocla, representada por Catarina Paraguaçu, que é inserida ao lado do caboclo, e eles saem juntos desde a primeira metade do século XIX", explica Melo.

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