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Veta, Neto

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Bnews - Divulgação

Publicado em 29/06/2020, às 10h55   José Medrado


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Li aqui no BNews, no último dia 23, que a Câmara Municipal de Salvador aprovou, em plenário, naquele dia, o Projeto de Lei 125/2020, de autoria do vereador Luiz Carlos (Republicanos), que garante  a abertura de templos religiosos mesmo durante períodos de calamidade pública ou de restrição de circulação pelos motivos que estamos passando na cidade.

Curioso é que o edil defendeu que essas instituições realizam relevante trabalho social e, por vezes, colaboram com o estado em períodos de crise. "Isso fica evidente nas diversas campanhas de arrecadação e distribuição de alimentos, roupas, material de higiene pessoal e doação de sangue que as instituições religiosas realizam, mesmo em períodos de calamidade pública", alegou na fatura verbal.

Antes, no entanto, de contrapor os argumentos do senhor vereador, não entendi: como aprovado se o prefeito tem maioria na Câmara, e tem orientado de forma tão segura, firme esta travessia? Inclusive o secretário Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo de Salvador, Sérgio Guanabara, em boa inspiração democrática, fez reunião via mídia social, com líderes religiosos, onde queria nos ouvir.

Fui categórico em afirmar que seguiria as orientações da Prefeitura, por perceber que estavam sendo baseadas na Ciência. Não entendi, então, para que a reunião? De qualquer forma vamos ver se o prefeito sancionará. 

Ao senhor vereador Luiz Carlos, permissa vênia, mas os argumentos são de uma inconsistência fragorosa. A Cidade da Luz, complexo que fundei e dirijo há 42 anos, com mais de 800 valorosos voluntários, que o ano passado fizemos cerca de 100 mil atendimentos sociais, está fechada para as atividades doutrinárias. Nas terças-feiras, por exemplo, em minhas pregações, recebia cerca de 2000 pessoas.

No entanto, o nosso trabalho social prossegue: faço palestras on-line, nossas aulas-oficinas para as crianças em risco social, como ballet, hip-hop, capoeira...estão acontecendo também virtualmente; continuamos atendendo com toneladas mensais de alimentos aos que cadastramos para recepção de cestas básicas, sem qualquer aglomeração...enfim, o que pode ser feito on-line estamos fazendo social e doutrinariamente, inclusive com as reuniões dos adictos, dos enlutados...Realmente, não entendi.

Ademais de tudo, dizer que os templos estarão preparados para receber os fieis com material de higiene é imaginar que vivemos, onde? Na Lua, talvez, pois achar que serão as normas seguidas...por favor. Haja vista que o prefeito precisou bloquear os passeios entre a Barra e Ondina. Doutra parte, ainda, a questão não fica restrita apenas aos fieis, mas a todos das comunidades em que eles residem, caso aja alguns contaminados nesses cultos, em última analise à própria cidade. 

É muito triste ver representantes do povo não pensarem...no povo.

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