Artigo
Publicado em 06/05/2021, às 09h36 Túlio Alves
O Brasil e a Índia estão experimentando o momento mais mortal da pandemia (Covid-19). A Índia, com mais de 220 mil óbitos, ultrapassou o México, ficando atrás do Brasil (acima de 400 mil) e Estados Unidos (EUA), com mais de 570 mil vítimas.
Assolada por taxas recordes de infecção, a Índia tem despertado uma incrível cooperação mundial. Os EUA anunciaram uma doação de US$ 100 milhões para compra de equipamentos e material hospitalar. Na mesma direção, Cingapura e Tailândia enviaram oxigênio. Em outra trincheira, Ursula von der Leyen, presidente do Parlamento Europeu, tem utilizado a sua representação para sensibilizar e amplificar a ajuda ao país asiático.
Por outro lado, o mundo parece ter esquecido do Brasil. A mobilização internacional para ajudar a Índia é visivelmente maior e mais ampla, quando comparada com o Brasil. Tal contraste pode estar relacionado com o enfrentamento da pandemia nos dois países, na perspectiva da suas atuações diplomáticas e compromissos com a ciência. Nesse sentido, verificamos uma crescente destruição da imagem internacional do Brasil, protagonizada por um presidente de extrema direita que chegou ao poder zombando do globalismo e, agora, zomba da Covid-19 e das suas vítimas desafortunadas. Para piorar a relação com o mundo civilizado, seu filho Eduardo, que pregava o fechamento do STF, elogiou a destituição da Suprema Corte de El Salvador. Em outra esfera, Paulo Guedes, ministro da economia, afirmou que o SARS-Cov-2 foi inventado na China e, adicionalmente, fez comentários jocosos sobre vacina Coronavac.
Tal comportamento do governo brasileiro e seus apoiadores tem contribuído para o isolamento do Brasil. Desde o início da pandemia, Bolsonaro e seus auxiliares, inclusive embaixadores, menosprezaram a gravidade da Covid-19, batizando-a de "gripizinha". Na mesma direção, apoiadores do governo, como o Osmar Terra (médico e ex-ministro da Cidadania) fez uma previsão que será lembrada por gerações. Terra afirmou que o SARS-Cov-2 não era letal e que provocaria a morte de mil pessoas, no máximo. Lamentavelmente, muitos brasileiros têm seguido as recomendações negacionistas do Bolsonaro e, hoje, já contabilizamos mais de 400 mil mortes, pior desastre humanitário do Brasil, e o segundo maior do mundo, depois dos EUA.
Dessa forma, o governo brasileiro tem acumulado um crescente sentimento de rejeição, no mundo inteiro. Além do flagrante despreparo diplomático, com insultos a países e seus líderes, tem-se verificado, nesse governo, uma injusta depreciação das vacinas, inclusive gerando temor na sociedade, promoção de tratamentos sem eficácia, estímulo à aglomerações e uma ampla falta de empatia com o seu povo. Há poucos dias, numa decisão polêmica, a ANVISA decidiu barrar a vacina Sputnik V, da Rússia, alegando falta de transparência e segurança, piorando ainda mais o nosso calendário vacinal anti-covid19.
Sem dúvidas, o mundo inteiro está ajudando a Índia. Por outro lado, lamentavelmente, o mundo inteiro está indignado com o governo brasileiro de extrema direita, que cada vez mais desloca o país, outrora cultuado, para uma condição de isolamento e perplexidade.
Túlio Alves é médico anestesiologista e professor da UNEB
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