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O viagra de Bolsonaro e a imbrochável urna eletrônica

Imagem O viagra de Bolsonaro e a imbrochável urna eletrônica
Bnews - Divulgação

Publicado em 17/05/2021, às 05h58   Victor Pinto


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O “imbrochável” presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), caso continue pelo percurso que tem caminhado na gestão, não terá viagra eleitoral que resolva sua vida futura. O termo foi utilizado por ele mesmo, duas vezes esse ano, em discursos para mostrar seu tesão pelo poder e por vencer o próximo pleito. Essa visão falocêntrica realça o descumprimento do entendimento de 2018 do próprio: não tentaria reeleição. Quando se conhece o sabor do poder, logo se lambuza.

Esse falocentrismo eleitoral que meter no povo uma teoria da conspiração de descrédito do ordenamento jurídico, especificamente da Justiça Eleitoral brasileira.

O presidente chegou a acusar, sem provas, que a eleição de 2018 fora fraudada, pois teria ele vencido no primeiro turno o professor Fernando Haddad. Sabedor do fator Lula, ainda forte, começa espalhar o discurso: se o petista vencer foi porque a eleição foi fraudada.

“Se não tivermos o voto auditável, esse canalha [Lula] ganha as eleições do ano que vem”. Bolsonaro já sabe que vai perder a eleição? É isso? Se depender do resultado da recente Datafolha, sim. Mas pesquisa agora não tem substância suficiente para mensurar o vale tudo da campanha pesada com olhos no Planalto do ano que vem.

Ao defender o voto impresso coloca em xeque todo um sistema de escrutínio instituído desde os idos de 2000. Engraçado de que lá pra cá, até então, o próprio Bolsonaro venceu todas as suas eleições pela urna eletrônica e não a questionou de maneira tão incisiva como faz nos últimos anos. O objetivo é tumulto.

Iríamos retroceder em um favorecimento da compra de votos e na geração de tumulto nas seções de votação. Datafolha de janeiro de 2021 nos mostrou: para 73% dos brasileiros, o sistema de voto eletrônico deve ser mantido no país. A confiança nas urnas alcançou 69% depois do pleito do ano passado. É, no mínimo, estranha a escalada contrária.

O percurso é o mesmo e sabemos onde isso vai parar. Os Estados Unidos nos mostram que por lá o percurso trumpista foi o mesmo e, no fim das contas, resultou em não reconhecimento do resultado eleitoral e invasão do Congresso. Caso não vença, vejo Bolsonaro no mesmo percurso do seu símbolo (quase sexual) norte americano: Trump. Lá não tem urna eletrônico e depois, do mesmo jeito, foi apontado golpe. Em 2000, apuração demorou mais de um mês por confusão com cédulas; em 2020, mais de 300 mil votos foram 'perdidos' nos correios.

O medo recai na queda da “libido” do povo pela democracia com pontos de tensões e estresse. “Imbrochável" é a urna eletrônica, até então segura, até que se prove o contrário. Queira Deus que o brasileiro seja tão civilizado quanto o norte-americano que não engoliu esse tipo de discurso quando o momento certo chegar.

* Victor Pinto é editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia. 

Twitter: @victordojornal

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