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Brasil neonazista

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O neonazismo tem se concentrado nas regiões Sudeste e Sul  |   Bnews - Divulgação Arquivo pessoal

Publicado em 24/01/2022, às 13h46   José Medrado


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O Brasil está vendo, mais de seis décadas depois, pessoas instruídas a aderirem a uma ideologia de ódio e preconceito. O neonazismo tem se concentrado nas regiões Sudeste e Sul, com crescimento nos últimos anos de mais de 270%, especialmente nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, mas há células se espalhando para as cinco regiões do país. Elas se destacam nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, com destaque para Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os grupos neonazistas do Brasil incorporam os elementos básicos do neonazismo, como o ódio contra negros, homossexuais, judeus, comunistas... Além disso, os neonazistas também concentram seu ódio contra migrantes de outras regiões do país, sobretudo contra os nordestinos.

"A sociedade perfeita. O nazismo se compõe de pensamentos radicais para atingir um objetivo de algo idealizado, ou seja perfeito e que dê explicações perfeitas para a sociedade, onde sejam nomeados os inimigos", afirma o doutor em Psicologia Social e professor do curso de mestrado em Psicologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Jamil Zugueib. Nesse contexto, esses segmentos "corrompem" este imaginário de "sociedade perfeita", e por isso passam a ser odiados. "Ter um inimigo é um grande agente socializador. O ódio é socializador. Quem odeia junto, compartilha junto alguma coisa. Odiar é ação socializadora, muito mais que amar.", afirma o estudioso. A tudo isso se associa o militarismo, violência como forma de controle social, ódio a estrangeiros e a tudo o que é diferente, censura a produtos culturais não aprovados pelo regime, ordem e moralismo exacerbados.

Especialistas e estudiosos que se dedicam a investigar o discurso de ódio no Brasil afirmam que a falta de leis claras contra práticas abomináveis, como a apologia ao nazismo e outras intolerâncias, é o principal obstáculo para que estes crimes deixem de acontecer no país. Não só isso, as células de grupos neonazistas aumentaram e se expandiram para as 5 regiões no Brasil nos últimos 3 anos. O mapa elaborado pela antropóloga Adriana Dias, que se dedica a pesquisar o neonazismo no Brasil desde 2002, mostra que existem pelo menos 530 núcleos extremistas, um universo que pode chegar a 10 mil pessoas. Isso representa um crescimento de 270,6% de janeiro de 2019 a maio de 2021.

O Brasil não pode ignorar que esses extremistas estão crescendo. É preciso entender que não se trata de questões de opinião, mas sim de crime, que se espalha no subsolo da sociedade, emergindo de quando em vez em ações violentas, mas que se não tiver paradeiro, um dia pode emergir de vez e ficar na superfície da sociedade sem qualquer limite.

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