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Fanatismo como arma

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É mais fácil um fanático mudar o foco do seu fanatismo do que passar a adotar um comportamento tolerante  |   Bnews - Divulgação Arquivo pessoal

Publicado em 08/08/2022, às 10h59   José Medrado


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Pessoa alguma haverá de negar que uma onda fanática permeia a nossa sociedade, o mundo, mas a vemos aqui, gerando conflitos familiares, profissionais... É preciso, por antecipação, afirmar que por mais diferente que seja o objeto do fanatismo: por futebol, por ideologia de extrema direita ou esquerda, religião... haverá sempre algo em comum a estas personalidades – uma adesão incondicional à causa escolhida. É uma adesão sem limites, sem meios termos. É completa. Assim sendo, é totalmente inócuo chamar à razão, a uma defesa de ideias e ou pontos de vista. Não adianta. O norte do fanático será sempre a necessidade de um viés de confirmação, ou seja, a rendição do que contradita ou mesmo o reforço do grupo que intrinsecamente seus membros se apoiam e trocam “argumentos” e “provas” de suas narrativas, afirmações. Dessa forma, torna-se um grande dispêndio de energia com possibilidade de questões além da divergência, podendo desembocar em tragédias. Não esqueçamos o assassinato de Foz do Iguaçu ( é possível que neste momento, algum fanático leitor, já estará sacando algum caso, assassinato "do outro lado” para atenuar o citado. É disso que se trata o fanatismo, não há isenção racional do fato). Um assassinato será, por exemplo, sempre um assassinato, salvo os de legítima defesa. Matar alguém é um assassinato, porém ao fanático caberá sempre a busca da explicação e o desvio do foco.

As reações mais comuns aos fanáticos são: agressividade, de logo, de forma velada ou escancarada o rebater a questão e acima do tom esperado, em uma ética civilizatória; dificuldade de escuta – não importa o que o outro tem a dizer, e sim a preponderância do que o fanático quer que se estabeleça; expressões de ódio e preconceito – o levar adiante os pontos divergentes só potencializarão a animosidade; estreiteza mental – o fanático perde a capacidade de visão de conjunto ou dos fatos em si, tipo a questão do assassinato, se matou, repito, é assassinato, vamos ver as implicações, as circunstâncias...; a outras pessoas sempre serão as inimigas a serem superadas, custe o que custar, é esta a lógica do fanático.

Os especialistas em comportamentos violentos afirmam que é mais fácil um fanático mudar o foco do seu fanatismo do que passar a adotar um comportamento tolerante, de debates de ideias. Assim, não perca seu tempo em discussões fanáticas, de qualquer natureza, além de poderem causar rupturas afetivas, poderão gerar tragédias. Converse com quem debate ideias, saudavelmente, não com quem se nutre da raiva, do ódio como combustíveis para o seu fanatismo.

Classificação Indicativa: Livre

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