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Publicado em 09/11/2024, às 07h42 - Atualizado às 07h43 Marcelo Cerqueira (@marcelocerqueira.oficial)
A notícia que vem incendiando a mídia como o “super-herói Tocha das 72h” é, na verdade, uma besteira em termos de relevância, mas se configura como um crime de pornografia de vingança, tema que já abordei em postagem anterior aqui no BNews.
Matheus, produtor da banda Os Africanos, passou a viver um verdadeiro inferno astral após o vazamento de um vídeo íntimo no qual ele supostamente aparece em cenas de sexo com outro homem. Ele afirmou que não é gay, e quem o conhece sabe disso.
E não é mesmo! Não que ser gay seja uma classe superior, mas é diferente, senhores inquisidores. Isso foi um momento incauto!
Vou explicar com parágrafos curtos para ser compreendido pela plebe rude. É importante que as pessoas entendam que a orientação sexual é definida pela atração afetiva, romântica e/ou sexual que uma pessoa sente. E não somente por práticas sexuais em si, que em casos como este, são secundárias.
Fazer sexo com outro homem, independentemente do papel desempenhado na relação (ativo ou passivo), não define a orientação sexual de ninguém. Vivemos em uma época em que a sexualidade é marcada por enorme fluidez. É essencial ter empatia e respeito, e não supor a orientação sexual de ninguém. O que realmente importa é como a pessoa se identifica em termos de atração e afeto.
Um homem pode se envolver em relações sexuais com outros homens por diversos motivos que não refletem, necessariamente, uma orientação homossexual ou bissexual. A curiosidade sexual é uma característica comum entre os homens. Diferente das mulheres, eles parecem revestidos de teflon, e nada “pega” — exceto quando casos de vingança, como este, vêm à tona.
Nos dias de hoje, especialmente nas metrópoles, isso pode ser entendido como curiosidade masculina em circunstâncias específicas, como sob efeito de álcool, ou até mesmo uma busca por prazer sem vínculo afetivo. Ninguém, além do próprio indivíduo, pode definir sua orientação.
Ademais, considerando o ritmo de música extremamente sensual ao qual o tema está relacionado, toda essa repercussão e a tempestade de ideias conservadoras e preconceituosas são descabidas.
Um amigo meu, há alguns anos, tinha um namorado muito bonito e, por isso, extremamente assediado por homens e mulheres. Ele já tinha filhos de relacionamentos anteriores com mulheres. Diferente de Matheus, cuja situação foi pontual, esse homem vivia com meu amigo e tinha também uma namorada.
Certo dia, confrontado pelo casal, ele revelou: “Gosto dos dois. Não vou abrir mão de ninguém. Vocês que se entendam.” Moral da história: a namorada e o namorado chegaram a um acordo. Nos finais de semana, a moça ficava com ele. Segundo meu amigo, no final do ano, decidiram no par ou ímpar quem passaria o réveillon com Dom Ruam. A namorada dele chegou a comentar que também se relacionava com mulheres quando buscava algo mais delicado. Nenhum dos dois se sentia preso a definições.
Agora Matheus será pai, e sua esposa está grávida. Espero que essa situação não afete o relacionamento deles. Quando duas pessoas decidem formar uma família, é fundamental que ambos aceitem a história e os antecedentes um do outro.
*Marcelo Cerqueira é articulador e ativista pelos Direitos Humanos. Também é presidente do Grupo Gay da Bahia.
Classificação Indicativa: Livre
Cinema em casa
Bom e Barato
melhor câmera
Super descontos
linda caixa de som