Sobre a vice de ACM Neto, Dona Milu responde: “mistéééério”

Alguns aspectos me fazem crer que ACM Neto (União) não deve divulgar o nome do seu ou da sua vice por agora. Corroboro com a tese de alguns cabeças do seu grupo convencidos da medida do prolongamento do assunto pelas próximas semanas. Apesar de, creio eu, achar mais viável colocar de vez o nome na mesa para poder percorrer as festas juninas do interior com a chapa completa, o ex-prefeito de Salvador ama um suspense e sua trajetória na organização de eleições majoritárias mostra isso.

Bruno Reis e João Roma, no idos de 2016, por exemplo, sofreram contra o tempo e a ansiedade até o primeiro ter sido o escolhido na vice da corrida pelo Palácio Thomé de Souza praticamente nos 45 minutos do segundo tempo para não ter tempo de choro e ranger de dentes. Na base do dá ou desce.

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Tudo bem que o cenário agora é outro. Creio que o tempo não será o mesmo, pois não está posta uma disputa de Executivo municipal possuidora de características próprias, mas a busca estratégica e crucial do netismo pelo Palácio de Ondina é requerente de um planejamento diferenciado. Por outro aspecto, alimenta no noticiário político a evidência do “mistéééério”, como diria Dona Milu, personagem célebre da novela Tieta.

Vejamos: em 2014, quando o ex-deputado federal Joaci Góes foi anunciado vice de Paulo Souto, o mês era abril daquele ano e as convenções aconteceram em junho. Quase três meses antes da oficialização já sabíamos os nomes da chapa opositora. Em 2018, numa conjuntura totalmente diversa da atual, a médica Mônica Bahia foi conhecida como vice de Zé Ronaldo em agosto, em plena convenção do Democratas no Hotel Fiesta.

Agora em 2022, vários nomes se alvoroçaram,com características, qualidades e superstições. Recentemente o nome da vereadora de Serrinha, Edylene Ferreira, ganhou os holofotes dividindo a bolsa das apostas, inclusive pela atuação no legislativo, cujo possível embate direto com Geraldo Júnior (MDB) não deixaria passar despercebido. Mas também sendo escolhida, Neto assinará recibo que a tática de GJ na vice do rival incomodou ao ponto de ter uma vereadora ao seu lado no palanque principal.

Outros nomes estiveram em evidência, a exemplo de Márcio Marinho (Republicanos), também de Marcelo Nilo (Republicanos) ou até mesmo Adolfo Viana (PSDB). A vereadora Cris Correia (PSDB) segue com o nome na lista pelas bençãos de João Gualberto (PSDB), outro ex-cotado.

Já passaram pela relação Félix Mendonça Júnior (PDT), Ana Paula Matos (PDT) e Zé Ronaldo (União), que apesar de manter a esperança, acho o desenho da conjuntura muito difícil para o político ocupar o posto. Outro quadro, inimaginável, pode surgir.

Além da tática midiática de manter acesa a discussão evidenciando a chapa, ACM Neto pode colocar em curso uma estratégia de cansar alguns nomes pela demora e pela ansiedade, logo cairiam fora da busca pela vaga por conta própria sem serem preteridos pelo próprio cabeça da majoritária. Apesar de apontar para os partidos da aliança como avaliadores da escolha, todos sabem que a decisão final será sua.

O prazo das convenções é 5 de agosto e até lá tem muito chão para o galope. Um adendo: a fotografia ACM Neto, Edylene Ferreira e Cacá Leão agradou e muito os correligionários neste fim de semana, e Marcelo Nilo, se não tomar cuidado, vai pedir música no Fantástico.

* Victor Pintoé editor do BNews e âncora do programa BNews Agora na rádio Piatã FM. É jornalista formado pela Ufba, especialista em gestão de empresas em radiodifusão e estudante de Direito da Ucsal. É colunista do jornal Tribuna da Bahia, da rádio Câmara e apresentador na rádio Excelsior da Bahia. Twitter: @victordojornal