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Dono do Cheiro de Amor afirma que trios sem cordas promovidos pela prefeitura prejudicam o Carnaval de Salvador

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Windson Silva ainda destacou que o grande número de camarotes nos circuitos atrapalha o andamento da festa   |   Bnews - Divulgação Reprodução / Instagram

Publicado em 05/02/2020, às 09h51   Tiago Di Araujo


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Diante do redirecionamento do público no Carnaval de Salvador, onde grande parte deixou de curtir a festa nas ruas para aproveitar o conforto oferecido pelos camarotes, uma das alternativas adotadas pelo poder público nos últimos anos foi promover trios sem cordas para o folião pipoca. A cada ano, se tornou comum grandes atrações se apresentarem desta forma, a exemplo de Ivete Sangalo, Bell Marques, Saulo, Claudia Leitte, entre outros.

No entanto, a medida que para o folião acabou sendo benéfica, parece ter atrapalhado a vida dos donos de blocos da folia. É o que afirmou Windson Silva, empresário do Cheiro de Amor, uma das agremiações mais tradicionais do Carnaval de Salvador. Em entrevista ao apresentador José Eduardo, na rádio Metrópole FM, nesta quarta-feira (5), ele declarou que a política pública adotada (de promover trios sem cordas) atrapalhou a tradição da maior festa de rua do mundo.

"Tem uma série de fatores, a questão de uma política pública, de escolher um determinado, a exemplo de baixar as cordas dos blocos. Eu falo o que todo mundo fala. Eu quero dizer aqui que nossa posição não é em momento nenhum contra o prefeito, é um grande gestor, tem feito um trabalho maravilhoso pela cidade de Salvador, como o governador, mas foi uma política pública que atrapalhou muito o Carnaval".

Segundo ele, blocos em geral estão sofrendo com a medida. "Na medida que você manda baixar as cordas dos blocos, não foram apenas dos blocos pequenos, foram de todos os blocos, os afros, afoxés, todos os blocos estão sentindo muito. Tem bloco que estava vendo essa semana, com campanha de outdoor e nas rádios, que esse bloco encerrava venda três a quatro meses antes do Carnaval. Ou seja, não está bom".

O empresário também associou o mal funcionamento do Carnaval de Salvador ao crescimento no número de camarotes e a investidores sem experiência na festa. "A questão dos camarotes, que aí tem a ver com empresários, e questões outras, de divulgação, de música, de artista, de pessoas que não entendem de Carnaval fazendo bloco de Carnaval e sendo apenas imediatistas. É muita coisa para se discutir do porque que o Carnaval não está funcionando bem. Mas, ele vai sobreviver, na luta, ele vai sobreviver", garante.

No entanto, por outro lado, se os camarotes acumulam investidores, Silva alerta da dificuldade que os blocos têm enfrentado com a falta de patrocínio. "O bloco necessita do patrocinador para viabilizar porque os custos são muito altos. Então, um dos pontos que dificulta o Carnaval de Salvador é a questão do sumiço dos patrocinadores dos blocos. Isso feriu, eu diria assim, quase que mortalmente os blocos do Carnaval de Salvador. Isso é uma coisa que prejudica. Porque sem patrocínio a gente não consegue sobreviver, a gente não consegue colocar os blocos na rua".

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