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‘Esmagada por pedra, pau, veículo, tudo que estava vindo para baixo’, relata sobrevivente da tragédia de Brumadinho

Reprodução/ Arquivo pessoal
Thalyta é a moça que foi resgatada por bombeiros em um helicóptero e tem sua imagem rodando o mundo após sair coberta de lama e sem forças para controlar as pernas  |   Bnews - Divulgação Reprodução/ Arquivo pessoal

Publicado em 30/01/2019, às 05h37   Redação BNews


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O relato de uma sobrevivente da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, tem causado agonia. Thalyta Cristina de Oliveira Souza, de 15 anos, estava submersa na lama de rejeitos, prendendo a respiração para tentar subir e já se preparava para morrer quando, depois de muita luta, conseguiu alcançar a superfície. 

"Ela levantou o braço e pediu socorro, mas já estava no último momento de suspiro, não aguentava mais", afirmou o seu cunhado, José Antônio Soares Pereira, de 46 anos, à BBC News Brasil. Ele foi o único da família que não estava em casa quando a barragem rompeu. Pereira tem repassado o que ouviu dos familiares hospitalizados. 

Thalyta é a moça que foi resgatada por bombeiros em um helicóptero e tem sua imagem rodando o mundo após sair coberta de lama e sem forças para controlar as pernas. Ela quebrou a bacia e o fêmur ao ser atingida pela lama após a ruptura da Barragem I da mina Córrego do Feijão.

"Ela relatou para mim depois que estava sentindo dor, muita dor, que não sentia mais a parte de baixo do corpo", afirmou o porta-voz da família. Thalyta está na UTI do hospital João XXIII, junto com sua irmã mais velha, Alessandra de Souza, de 43 anos, esposa de Pereira.

Elas conseguiram se salvar após serem puxadas da lama por vizinhos logo depois do acidente. Eles procuravam sobreviventes e as mantiveram com parte do corpo fora dos dejetos. Em seguida, elas foram resgatadas pelos bombeiros.

A filha de Alessandra e de Pereira, Lays Gabrielle, de 14 anos, não teve a mesma sorte e está desaparecida desde sexta-feira. "A minha esposa está toda inchada, toda roxa, e só faz perguntar por ela", contou. "A Lays era tudo para nós. Era a única filha que a gente tinha", resumiu.

Quando a lama chegou, as três estavam em casa, se preparando para almoçar. Segundo Pereira, Alessandra ouviu um grande barulho e gritou para todas correrem. Cada uma fugiu para um lado. Thalyta ouviu um grito de dor de Lays e depois a jovem sumiu.

"A onda era tão grande, tão imensa, mandava você para um lado, para o outro. Esses são os relatos delas, você achava que estava embaixo, estava em cima", contou. "A única imagem que a gente tem é como se você estivesse dentro de um liquidificador gigante, sendo girada de um lado e para o outro, e sendo esmagada por pedra, pau, ônibus, veículo, porta, tudo que estava vindo para baixo, esmagando as pessoas, quebrando tudo", comparou.

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