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Protestos nos EUA fazem Brasil repensar estrutura, mas não devem acontecer com mesmo efeito no país, diz historiador

Pedro Mata/Fotomovimiento
Nos EUA protestos entram no décimo dia  |   Bnews - Divulgação Pedro Mata/Fotomovimiento

Publicado em 06/06/2020, às 18h00   Nilson Marinho


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Desde o dia 25 de maio, protestos tomaram conta das ruas dos Estados Unidos pela morte de George Floyd, durante uma abordagem policial. De lá pra cá, acendeu-se o debate: até quando pessoas negras continuarão morrendo pelas mãos do Estado? 

Para o professor e mestre em História da África, Eryson Moreira, a onda de indignação que surgiu na maior potência do mundo ajuda o Brasil a olhar pra dentro de si e perceber que, por aqui, costuma-se ver cenas parecidas a de Minneapolis, cidade onde George morreu após ser asfixiado pelo policial branco. 

“Nós temos centenas de milhares de Georges aqui no Brasil, tivemos o João Pedro, a pequena Ágatha, aquela família que foi fuzilada com 80 tiros pelo Exército do Rio de Janeiro (...) Os protestos nos darão luz para olhar os nossos Georges, e criarmos uma consciência maior de irmandade negra porque não existe o: ‘ somos todos iguais’. Negros e brancos não sãos iguais. Apesar de um branco não ser rico, em algum momento ele é privilegiado pela sua cor de pele, mas os negros nunca foram privilegiados”, disse Moreira. 

Ainda de acordo com o professor, nada similar ao que acontece nos Estados Unidos já foi visto no Brasil. Por lá, as manifestações já duram 10 dias e se espalham por todo o mundo. Agências internacionais de notícias dão conta de protestos em cidades da Europa, Austrália, Coreia do Sul e Japão. 

“Não deve ter algo similiar no Brasil. Nós temos protestos dispersos, movimentos fragmentados, que, de alguma forma, não sei o motivo, não dialogam tanto com a periferia. Temos exceções, mas, mesmo assim, é algo provinciano. Para ter uma ideia, ainda temos no nosso Censo uma gradação da tonalidade de pele de negros para que isso seja incutido na nossa sociedade uma falsa ideia de democracia racial (...) No Brasil, para negar sua raça basta apenas uma gota de sangue branco, nos EUA, a construção social e da identidade é diferente, apenas uma gota de sangue negro e você se considera um afrodescendente ”, completou o historiador.

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